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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Demissões na GM: A política burocrática da Conlutas sem a máscara esquerdista

Os recentes acontecimentos na GM mostram a verdadeira face do PSTU, da Conlutas e seus satélites como apêndice da burocracia sindical, dos patrões e da direita do regime político
 
A General Motors de São José dos Campos anunciou a demissão de quase 600 trabalhadores na última semana. As demissões são produto do fechamento da planta de Montagem de Veículos Automotores (MVA), que a montadora já havia anunciado em julho do ano passado.

Desde então, os trabalhadores estavam em layoff e foram lançados alguns PDVs (Plano de Demissões Voluntárias) pela montadora. A GM tem dado uma série de sinais de que as demissões ocorreriam e vão continuar ocorrendo.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, aprovou em janeiro, um acordo com a fábrica que rebaixou o piso salarial da categoria e estabeleceu o banco de horas entre outros ataques aos trabalhadores. Para a assinatura desse acordo, um verdadeiro golpe contra a categoria, foi usado o pretexto de que a GM não demitiria. O que era uma mentira, pois não havia nenhuma garantia de estabilidade no emprego, nem mesmo por tempo limitado, como ficou provado. O resultado foi o previsto. A facada nas costas dos trabalhadores foi fatal e as demissões vieram no último dia 27 de março.

Ficou absolutamente claro que a direção do sindicato simplesmente bloqueou a luta dos trabalhadores para que a empresa pudesse demiti-los sem resistência.

A capitulação do PSTU/Conlutas

A traição do PSTU/Conlutas no Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos não é de hoje. Com o agravamento da crise capitalista, a partir de 2008, a atuação pelega da diretoria desse sindicato começou a ser exposta.

Em fevereiro de 2009, 4.270 trabalhadores foram demitidos da Embraer, a maioria deles, cerca de 3.200, da unidade de São José dos Campos. Pouco antes, cerca de mil trabalhadores haviam sido demitidos da GM. É possível dizer que as demissões na Embraer praticamente inauguraram o atual período de crise capitalista no Brasil.

As demissões não foram revertidas. Nada foi feito pelos “combativos” do PSTU/Conlutas para reverter a situação além de tímidas medidas institucionais e pequenas passeatas. Não houve greve, não houve ocupação, não houve denúncia. Pelo contrário, o PSTU/Conlutas ficou marcado na época como uma direção sindical patronal. Zé Maria, principal nome da Conlutas, apareceu em uma foto na impensa capitalista com Paulinho da Força, pedindo para que o TRT e o governo revertessem as demissões, chegando a declarar que “Nós não estamos pedindo para sacrificar o lucro. É possível manter a lucratividade da empresa e resolver um problema social [o do desemprego]”, “A Embraer é uma empresa estratégica e está sendo administrada de forma irresponsável, apesar de ter financiamento público. Pedimos a intervenção do governo Lula”, completou (DCI, 05/03/2009).

A história se repete agora na GM. Toda a ação do PSTU tem sido típica da burocracia sindical. Fizeram os trabalhadores acreditarem que um acordo rebaixado garantiria os empregos. Agora, diante das demissões, se limitaram a publicar uma notinha no site da Conlutas criticando Dilma Rousseff.

Não é segredo para ninguém que o PT e Dilma Rousseff distribuem dinheiro para os capitalistas e fecham os olhos aos ataques contra o trabalhadores e isso na melhor das hipóteses. Mas para quem dirige o sindicato e contribuiu diretamente para que a coisa chegasse a tal situação, criticar Dilma é uma política de puro cinismo. Aliás, durante todos os meses em que a GM esteve ameaçando com as demissões, a principal ação, senão a única, do PSTU/Conlutas foi pedir a intervenção de Dilma Rousseff.

Mais uma vez, enquanto as montadoras demitem em massa, nada de denúncia, nada de greve, nada de ocupação. É uma capitulação que não ficando devendo em nada para a Força Sindical.

Isso é a Conlutas

Os acontecimentos em São José dos Campos são significativos. O Sindicatos dos Metalúrgicos da região é o principal sindicato da Conlutas. O que a Conlutas faz em um sindicato de mil trabalhadores, por maior que sejam os ataques contra a categoria, não terá o mesmo peso e importância como o que é feito nos metalúrgicos de São José dos Campos. Essa é a medida exata para analisar e compreender a traição na GM.

A principal bandeira levantada pelo PSTU para a criação da Conlutas foi a política. Quer dizer, segundo o PSTU, os trabalhadores deveriam sair da CUT, que leva uma política pelega e entrar na Conlutas, que seria o expoente de uma política combativa no movimento sindical.

É claro que essa conversa enganou apenas os mais ingênuos ou os mais oportunistas. Em primeiro lugar porque a única política combativa possível no caso era, e é mais ainda hoje, lutar com todas as armas contra a burocracia que domina a CUT (Articulação Sindical/PT). Em segundo lugar porque todo mundo que conhece um pouco da história do movimento sindical brasileiro sabe que o PSTU nunca foi uma verdadeira oposição à burocracia da CUT, a não ser em discursos para conseguir votos nos congressos da entidade. Na realidade, o PSTU sempre agiu como o braço esquerdo dessa burocracia, como age até hoje. A própria saída do PSTU da CUT foi um acordo com a burocracia petista para desarticular os setores oposicionistas que ganhavam força na medida em que a política do PT se revelava no governo federal.
Com o tempo, a política do PSTU como braço esquerdo da burocracia sindical foi se revelando também dentro da Conlutas.

O exemplo da GM e todos os exemplos de traições do PSTU/Conlutas não são mero acaso ou erros políticos de um grupo combativo, mas equivocado e confuso politicamente. Fazem parte de uma política anti-operária bem definida, que atua contra o movimento dos trabalhadores e a favor da burocracia e dos patrões. A única diferença é o discurso de aparência “radical”, mas discurso, mesmo que fosse realmente radical, como todo brasileiro sabe, não enche a barriga de ninguém.
Burocracia da Conlutas e burocracia da CUT

Um erro cometido pelas correntes políticas minoritárias dentro da Conlutas é atribuir ao PSTU, não uma política burocrática, mas uma política equivocada (sem qualquer limite para o erro, diga-se de passagem). O PSTU é parte necessária da burocracia sindical e da própria frente popular contra a mobilização operária. Com “necessária” queremos dizer que a burguesia tem o PSTU na manga, sempre que a política da ala mais direitista da burocracia não estiver dando conta de controlar o movimento. Essa incompreensão do real conteúdo da política do PSTU impede os grupos minoritários na Conlutas de perceberem o que está em jogo no movimento sindical. Este erro em parte decorre do fato de que estes grupos têm, eles mesmos, pouca inserção em um movimento operário real.

Outro erro cometido pelas correntes minoritárias dentro da Conlutas é analisar a organização como se fosse algo diferente do PSTU e não uma organização do PSTU. Para compreender corretamente esse problema é necessário distinguir algumas coisas.

Grosso Modo, a política de uma organização sindical, seja um sindicato de base, uma federação ou uma central sindical, é a política do grupo que tem maioria em sua direção. Portanto, a política da Conlutas é a política do PSTU e a política da CUT é a política da Articulação Sindical/PT. Não existe política em abstrato, o que existe é a política de um determinado grupo, assim, uma organização sindical só pode ter a política de determinado grupo ou partido.  
 Portanto é um erro infantil querer que as organizações sindicais sejam “independentes” dos partidos. O correto é chamar os trabalhadores e defenderem uma política de classe e cada partido deve expor abertamente qual é a sua política.

Se a Conlutas é o PSTU e a CUT é o PT, qual deveria ser o argumento para estar na Conlutas se essa organização tem uma política tão pelega quanto a outra? Não há explicação. Mas há algumas diferenças essenciais.
Nos dois casos, tanto PSTU como PT servem como um freio para o movimento operário. O argumento de que a Conlutas tem uma política melhor do que a CUT cai por terra.

A diferença consiste na presença dentro do movimento de massas. Enquanto a CUT abrange cerca de 3 mil sindicatos, dos maiores, mais importantes e mais tradicionais do País, a Conlutas abrange uma minoria de sindicatos (menos de 30), a maioria deles sem qualquer importância real. Na realidade, a Conlutas é um aglomerado de militantes esquerdistas, não uma força sindical real. O seu maior sindicato é o próprio sindicato dos metalúrgicos que se mostrou completamente capitulador.

Mas o problema não é apenas de quantidade. O que está em jogo é muito simples. A CUT é uma barreira que segura um oceano inteiro, qualquer fissura, por mínima que seja, é capaz de causar uma devastação. A Conlutas, por sua vez, não passa de uma pequena gaiola com dois ou três passarinhos que, se conseguirem escapar, não serão nada mais do que aves voando. A pressão dos trabalhadores na CUT pode causar fissuras desastrosas para a burguesia. 

Não precisa ser muito esperto para saber que a pressão dos trabalhadores na CUT, por pior que seja a política de contenção do PT, é muito maior do que em qualquer outro lugar. Já a burocracia da Conlutas/PSTU é aquilo que é e pronto, não está sujeita a nenhuma pressão real dos trabalhadores. Esta situação apresenta um outro problema: enquanto que a poderosa burocracia do PT vê-se às voltas com todo o tipo de pressão e inúmeras frações lutam pelo controle da CUT, na Conlutas, o PSTU domina sem qualquer contestação ou pressão.

Por fim, essa pressão depende da própria ação do movimento operário. Não se trata de uma manobra política de alguns dirigentes sindicais, mas do desenvolvimento de massas. Não é assim que pensam os pequenos grupos que fazem parte da Conlutas, para eles, abandonar a CUT e formar uma organização sindical criada de sua própria cabeça, longe do movimento operário real, é suficiente para resolver o problema da burocracia sindical.
Uma ilusão, produto de uma política sectária e pequeno-burguesa.

PSTU/Conlutas: a ala “esquerda” da burocracia sindical

A suposta política combativa dentro da Conlutas e o tão falado “antigovernismo” da Conlutas não impediram o maior sindicato dessa entidade de cometer uma das maiores atrocidades contra os trabalhadores da GM de São José dos Campos. Da mesma maneira, o tão falado “radicalismo, esquerdismo e combatividade” esnobado pelas corrente minoritárias na Conlutas não foi suficiente para que esses grupos fizessem uma crítica contra a política traidora do PSTU na GM.

Se esses pequenos grupos que dizem não concordar com o PSTU, mas defendem a Conlutas como tendo a “melhor política”, não são capazes de denunciar o que está acontecendo em São José dos Campos, eles não são nada mais do que cúmplices da traição do PSTU.

O PCO, por exemplo, que está na CUT, apesar de não ocupar nenhum cargo lá, tem a obrigação de denunciar amplamente todas as traições das correntes majoritárias da CUT. E de fato o PCO faz isso e sempre fez, ainda que o PCO, diferente dos grupos da Conlutas, não defende em nada a política da CUT e do PT.

Os grupos que se dizem de oposição na Conlutas têm uma obrigação ainda maior de denunciar o PSTU. Do contrário, a defesa da “boa política” da Conlutas é mera demagogia e fachada. E de fato, até agora, esses grupos não abriram a boca para denunciar  PSTU, se algum fez isso, não passou de uma tímida nota crítica, um comentário sobre os supostos “erros” da direção inconteste da Conlutas.

Os acontecimentos na GM revelaram mais do que a política burocrática do PSTU, que já está óbvia há muito tempo. O que ocorreu em São José dos Campos mostrou que em muitos casos o PSTU/Conlutas pode ser pior do que a burocracia sindical do PT.

Um bom exemplo disso é o Acordo Coletivo Especial, que é o projeto de reforma trabalhista atual. Quem apresentou o projeto foi o sindicato dos metalúrgicos do ABC, pois não havia consenso para que o projeto fosse apresentado como sendo um projeto oficial da CUT. Já o PSTU/Conlutas fez a reforma trabalhista na prática, assinando o acordo com a GM que rebaixou os salários, instituiu o banco de horas e resultou na demissão em massa.

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