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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

2012 inaugurou uma nova etapa da luta dos trabalhadores

Retrospectiva: movimento operário: A nova etapa está marcada por uma maior tendência de luta, pela crise aguda de toda a burocracia sindical e pela tendência à unificação das lutas nacionalmente

7 de janeiro de 2013

O fato mais significativo na luta do movimento operário em 2012 foi a vitória da oposição na Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios). A vitória do bloco de oposição no XI Contect (Congresso Nacional da Fentect) é a expressão mais avançada do ascenso do movimento operário brasileiro que deve se generalizar na próxima etapa.

Esse acontecimento político inaugurou uma nova situação política no movimento sindical, que vinha sendo prenunciada por uma série de fatos dentre eles a própria greve dos Correios de 28 dias em 2011, as revoltas nas obras da hidrelétrica do jirau, entre outros.

Essa nova etapa, como fica cada vez mais claro à medida em que se desenvolve o movimento dos trabalhadores, é caracterizada por uma maior generalização das lutas, por um lado e por outro, por uma crise cada vez mais aguda da burocracia sindical em todas as suas alas.

O ano de 2012 ficou marcado por centenas de greves, que devido à organização ainda imatura dos trabalhadores – consequência de mais uma década de refluxo do movimento operário – tiveram um caráter isolado em sua maioria, ainda que em vários casos foi notável uma tendência à unificação das lutas.

Aumento da intervenção do poder judiciário

Ao mesmo tempo em que o volume das greves aumentou e a burguesia sentiu maiores dificuldades de controlar os movimentos, o ano acabou marcado pelo aumento da presença do judiciário nas greves.

Um estudo publicado em novembro pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostrava que já em 2011, a intervenção do judiciário nas greves das categorias do setor estatal chegou próximo dos 70%. É provável que em 2012 esse número aumente, tanto nas estatais como no setor privado.

Tudo leva a crer que na próxima etapa a luta contra a ditadura do judiciário será fundamental e central para o desenvolvimento do movimento operário.

O massacre do Pinheirinho

Um dos acontecimentos mais decisivos do ponto de vista da política nacional aconteceu no movimento popular por moradia, logo em janeiro, em São José dos Campos, na região do Vale do Paraíba, em São Paulo.

O bairro do Pinheirinho, uma ocupação de quase 10 anos, onde moravam cerca de 9 mil pessoas, foi brutalmente atacado pela Polícia Militar do PSDB, de Geraldo Alckmin. Para satisfazer a vontade do especulador e corrupto Naji Naras, considerado “dono” do terreno.

A PM tucana invadiu o bairro, no dia 22 de janeiro, em pleno domingo, por volta das 6 horas da manhã. Os moradores que organizavam a resist6encia foram pegos de surpresa.

A operação reuniu cerca de 2 mil homens da PM, entre eles a ROTA (Rondas ostensivas Tobias Aguiar) e da Tropa de Choque. A polícia sitiou o bairro e usou inclusive armas de fogo, além das armas tradicionais de repressão às manifestações populares: balas de borracha, bombas, gás de pimenta etc. Crianças e mulheres foram atacadas e todos do bairro tiveram as casas e pertences destruídos.

A ditadura do PSDB era mais uma vez escancarada. Dezenas de feridos e relatos de agressões e torturas. Até hoje, o números de mortos não foi confirmado, mas estima-se que pelo menos sete pessoas foram assassinadas pela polícia na operação. Os moradores relataram que a polícia e a prefeitura da cidade esconderam os corpos.

O episódio do Pinheirinho foi a pá de cal do PSDB em São Paulo e em todo o País, juntamente com a repressão aos estudantes da USP e à política de limpeza social promovida na região da chamada “cracolândia” no centro de São Paulo. A falência do PSDB ficou clara na enorme rejeição e na derrota nas eleições municipais de São Paulo e nas principais cidades do estado, incluindo São José dos Campos, onde depois de 15 anos de prefeitura do PSDB, o candidato tucano foi derrota pelo PT no primeiro turno.

Greve dos caminhoneiros em São Paulo

No dia 5 de março, caminhoneiros do transporte de combustíveis da grande São Paulo iniciaram uma greve que colocou a prefeitura de Gilberto Kassab (PSD) na parede.

Os trabalhadores protestavam contra a proibição da prefeitura de caminhões circularem nas principais vias da cidade.

A paralisação por pouco não causou uma falta generalizada de combustíveis na cidade e em toda a região metropolitana. Algumas regiões chegaram a ficar sem abastecimento.

A greve se alastrou pela cidade e mostrou a força da categoria. Foi preciso que a Justiça patronal interviesse mais uma vez revelado a ditadura do judiciário. A greve foi determinada ilegal, os trabalhadores foram obrigados a retornarem ao trabalho e os sindicatos ameaçados de multa absurda de R$ 1 milhão por dia, caso a greve continuasse.

A crise não se fechou e em julho uma nova greve de caminhoneiros, dessa vez nacional, se espalhou pelo País. Foram realizados bloqueios de estradas e portos.

Construção civil: greves por todo o País

Em março, estouraram uma nova onda de greves nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal na hidrelétrica de Jirau, em Rondônia. Em 2011, uma enorme revolta explodiu na região por melhores condições de trabalho, alojamento e salários. Em 2012, os trabalhadores se levantaram pelos mesmos problemas.

Os trabalhadores da construtora Enesa entraram em greve que logo se espalhou para as demais empreiteiras. Novamente, o governo federal foi obrigado a lançar mão da Força Nacional de segurança para reprimir a greve.

O governo do PT esteve à frente de uma verdadeira caçada aos líderes da greve. Após o fim do movimento, pelo menos 11 trabalhadores foram presos.

O governo petista acusou os grevistas de “vândalos e bandidos”. Há inúmeras denúncias de que os grevistas presos foram torturados nos presídios de Rondônia.

Também em março, a morte de um operário foi o estopim para uma enorme greve dos trabalhadores da Usina de Belo Monte, no Pará. O governo federal também lançou mão da Força Nacional para esmagar a mobilização.

Dezenas de greves da construção civil se espalharam pelo País durante o ano. Em Pernambuco, 44 mil operários da refinaria Abreu e Lima, no complexo industrial e portuário de Suape, entraram em greve em agosto. Os trabalhadores passaram por cima do sindicato, que não queria a greve. Os trabalhadores passaram por cima da ditadura do judiciário que havia decretado a greve abusiva.

Professores: enormes greves

No início do ano, começaram a ser deflagradas greves de professores em vários estados do País. Os trabalhadores lutavam pela implementação da lei nacional do piso, por melhores condições de trabalho, redução da jornada, reajuste salarial etc.

Algumas greves chegaram a durar meses e os trabalhadores resistiram a todos os tipos de ataque. Apenas para citar algumas delas: ocorreu greve dos professores estaduais da Bahia por três meses, houve ocupação da assembleia legislativa; ocorreu greve em Alagoas; os professores do Distrito Federal fizeram uma greve de cerca de 50 dias; no Piauí, a mobilização durou 90 dias; em São Paulo, os professores municipais protagonizaram uma mobilização depois de anos de refluxo.

Esse dois últimos casos se destacam pela nitidez com que foi possível assistir à crise da burocracia sindical.

No Piauí, os professores estaduais e municipais entraram em greve e resistiram aos ataques dos governos e da burocracia. A greve passou por cima da burocracia do PSTU que tentava frear o movimento. Em São Paulo, a diretoria pelega do Sinpeen teve que sair escoltada da assembleia depois da traição à greve.

A luta dos professores vêm se generalizando desde 2011 e mostra uma enorme tendência à unificação em um movimento nacional da categoria. O obstáculo a ser derrubado é justamente a burocracia sindical que domina a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) tendo como principal ponto de apoio a diretoria da APEOESP (Sindicato dos professores do estado de São Paulo), maior sindicato do País e dominado pelo Bando dos Quatro (PT-PCdoB-Psol-PSTU) liderado pelo PT. No maior e principal estado do País, a sabotagem da direção sindical da APEOESP chegou a tal ponto que esta se recusou até mesmo a convocar uma assembleia para que os professores decidissem e organizassem uma paralisação nacional.



1o de Maio de luta, independente e classista

Pelo sexto ano consecutivo o PCO, a corrente sindical Causa Operária e as organizações ligadas a eles organizaram um ato nacional de 1o de Maio de luta, classista e socialista.

Em 2012, o ato reuniu cerca de mil pessoas no auditório do Centro Trasmontano, em São Paulo, que depois saíram em passeata pelo centro da cidade.

Trabalhadores de várias categoria e estudantes estiveram representados no ato: Correios, professores, metalúrgicos, frios, processamento de dados, servidores, bancários e outros, além de representantes de movimentos populares.

O PCO organiza um ato independente para retomar a data como um dia de luta internacional dos trabalhadores e colocar em evidência o programa de luta que esteja de acordo com as reivindicações mais sentidas dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre: defesa do salário e do emprego: que os patrões paguem pela crise; redução da semana de trabalho para 35 horas semanais, sem redução dos salaries, salário mínimo de R$ 2.500; luta contra a privatização dos Correios; defesa incondicional dos sem-terra; defesa das reivindicações das mulheres, dos negros e da juventude; por um governo das organizações operárias e camponesas; pela Revolução Proletária; pelo Socialismo.

A traição à luta dos metroviários de São Paulo

No dia 23 de maio, depois de muitas manobras por parte da diretoria do Sindicato liderada pelo PSTU/Conlutas, os metroviários de São Paulo iniciaram sua greve.

A importância da greve pode ser vista logo no início. Primeiro pela enorme adesão da categoria – quase 100% paralisada – devido a anos tendo que engolir os ataques do governo tucano sem greves. Segundo pela enorme mobilização popular que a greve gerou logo nos primeiros momentos.

A paralisação total do metrô, principal meio de transporte para a maioria dos paulistanos, praticamente parou a grande São Paulo. Nas maiores estações, como em Itaquera, na zona Leste, a população iniciou protestos espontâneos cujo alvo era o governo do estado e a prefeitura. Ou seja, tinha o potencial de ser um estopim para uma enorme mobilização popular, aumentando a crise do governo do PSDB.

Antes mesmo da deflagração da greve, a Justiça decretou que nos horários de pico 100% da categoria deveria continuar ativa e nos demais períodos, 85%. O governo, sabendo do potencial da mobilização, utilizou mais uma vez a ditadura do judiciário para atacar o direito de greve da categoria.

Diante da força da greve, entrou em cena a diretoria do sindicato, composta majoritariamente por uma aliança entre Psol e PSTU/Conlutas. Desde o começo, utilizou um esquema fura-greves orientando os diretores do sindicato a não impedir a entrada de supervisores e dos agentes de segurança.

Em segundo lugar, em uma jogada casada com a direção do Metrô, a assembleia que deveria ocorrer no final da tarde, foi antecipada para o horário do almoço, para que ficasse esvaziada. A diretoria, então, sem maiores explicações, defendeu o fim da greve, apenas dizendo que não havia como “melhorar a proposta do TRT. Em 12 horas, uma das mais importantes greves do ano foi enterrada pela ação do PSTU/Conlutas. O episódio deixou às claras a política de conciliação com o governo do PSDB e os tribunais.

Na mesma época, em todo o País, greves no setor de transporte eclodiram em várias cidades, também apontando uma tendência à unificação das lutas. Enquanto a diretoria do sindicato dos metroviários de São Paulo fazia acordo com Geraldo Alckmin, a greve dos metroviários durou cerca de 30 dias em cinco capitais: Belo Horizonte, Recife, Maceió, João Pessoa e Natal.

Eletricitários: a maior greve em 20 anos

Em julho, trabalhadores da Eletrobrás iniciaram uma greve por tempo indeterminado. A greve da categoria foi uma mostra da tendência crescente de luta dos trabalhadores.

Em primeiro lugar, há 20 anos não havia uma greve nacional dos eletricitários. Em segundo lugar, adesão da greve chegou a 90%, segundo admitiu a própria Eletrobrás.

Os trabalhadores pediam reajuste salarial de 10,73%, além da extensão do plano de saúde aos funcionários aposentados e a luta contra a terceirização.

A greve mobilizou cerca de 22 mil eletricitários em todo o País.

Cerca de 44 categoria de servidores em greve

A greve dos servidores públicos federais se espalhou pelo País. Os sindicatos estimaram que cerca de 400 mil trabalhadores estiveram e greve.

Órgãos como o INCRA, a Anvisa, a Receita Federal, funcionários de ministérios e outros paralisaram suas atividades. O governo do PT foi colocado na parede. Boa parte das categoria estiveram por mais de três meses em greve. Dilma autorizou o corte de ponto dos funcionários, o que gerou uma crise ainda maior.

Nas Universidades Federais, dezenas de instituições entraram em greve de funcionários, docentes e estudantes. A greve das federais chegou a durar 50 dias.

A mobilização generalizada dos servidores mostrou mais uma vez a tendência dos trabalhadores de se unificarem em um movimento de luta nacional.

As greves dos Correios e dos bancários que ocorreram quase concomitantemente também ajudaram a expor a política anti-trabalhador do governo do PT.

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