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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Correios: O ano em que a burocracia desmoronou

A vitória da oposição na Fentect abre caminho para um reagrupamento das organizações independentes dos trabalhadores, contra a burocracia sindical

7 de janeiro de 2013

A luta nos Correios ganhou novas proporções com a vitória da oposição no congresso da Fentect. Essa vitória é um desenvolvimento direto da greve de 28 dias de 2011 e de todas as lutas feitas entre os trabalhadores, de um lado, e a burocracia sindical e a empresa de outro, que levaram a uma crise definitiva dessa burocracia sindical.

PCdoB tenta dividir a categoria


A saída do PCdoB/CTB da Fentect, mais precisamente das diretorias do Sintect-SP e do Sintect-RJ (Sindicatos dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo e do Rio de Janeiro) que levaram consigo o Sintect-TO e o Sindicato de Bauru, foi um sinal muito evidente do completo esfacelamento e crise terminal da burocracia sindical. O próprio PCdoB se dividiu, tendo uma parte se mantido na Fentect.

Como ficou cabalmente provado posteriormente na campanha salarial, a saída de Rio de Janeiro e São Paulo foi uma política orquestrada pela própria direção da ECT. A experiência na greve de 2011, na qual os trabalhadores passaram por cima de toda a burocracia pelega, apontava para um fortalecimento da oposição e de uma política de base, como de fato ocorreu.

Justamente essas duas diretorias haviam sido as que mais sofreram com o ascenso dos trabalhadores na greve de 2011. No entanto, pela ditadura que mantêm dentro dos sindicatos, eram as únicas capazes de uma manobra na tentativa de dar uma sobrevida à burocracia, ou seja, à política patronal dentro do movimento sindical.

Em resumo, o divisionismo do PCdoB foi uma cartada da direção da empresa e da burocracia para, por meio de uma confusão gerada na categoria, dificultar o controle definitivo da política classista da oposição no movimento.



A luta contra o divisionismo



A luta contra a política divisionista começou muito antes da ação do PCdoB. O PSTU/Conlutas, que havia destruído o Bloco dos 17 (primeira tentativa de formação de uma oposição nacional) para formar uma frente que ficou conhecida como “Federação Anã”, vinha há muito defendendo o rompimento com a Fentect.

Os argumentos falaciosos e cínicos para “justificar” a divisão da categoria acabaram sendo usados pelo próprio PCdoB, o que serviu para desmascarar completamente a política pelega que o PSTU e seus satélites procuravam apresentar como combativa.

O PSTU/Conlutas procurava provar que a Fentect não poderia ser retomada para os trabalhadores e que o Contect (Congresso Nacional da Fentect) não poderia ser ganho pela oposição. Dessa maneira, apoiava o divisionismo do PCdoB e defendia a saída do congresso.

Uma enorme luta política, feita principalmente através da imprensa da corrente Ecetistas em Luta e a articulação do bloco de oposição derrotou a política do PSTU. A pá de cal foi jogada justamente com a vitória da oposição, que provaram erradas todas as teses divisionistas. Esse exemplo coloca em xeque a política divisionista em outras organizações, como na própria CUT, como uma política de colaboração com a burocracia.



A formação do bloco de oposição



A campanha em torno do congresso foi deixando cada vez mais clara a crise da burocracia (Articulação/PT-PCdoB) e a possibilidade de vitória da oposição. Momentos antes do Contect, por iniciativa dos companheiros da corrente Ecetistas em Luta, da Intersindical e companheiros do MRL do Rio de Janeiro, foi formado, em São Paulo, o bloco, com uma política comum: derrotar a burocracia traidora e retomar a Fentect para os trabalhadores.

Após a vitória no congresso, o bloco de oposição passou a se chamar MOPe (Movimento de Oposição ao Peleguismo).



O Contect: uma vitória espetacular



O congresso mostrou-se dividido ao meio desde a primeira votação. A luta no congresso foi o golpe final da política do PSTU/Conlutas que ainda formava uma espécie de terceiro bloco.

A política divisionista da Federação Anã foi completamente derrotada e a maior parte de seus delegados se juntaram ao bloco de oposição. Faltava derrotar os traidores da Articulação/PT e PCdoB.

A vitória da oposição se deu por dois votos de diferença. Começou ali o processo de retomada da Fentect para a luta dos trabalhadores.

O bloco de oposição conseguiu mudanças importantes para isso: aumento do número de diretores, transformação do comando de negociação em comando de mobilização e negociação, não mais formada por sete membros, mas por 41, com um representante por sindicato. Foi aprovada uma pauta de reivindicações ampla com o índice de 43,7%. Além disso, ficou estabelecido o rodízio na secretaria-geral entre as forças políticas que compunham o bloco de oposição.



A campanha salarial


A campanha salarial de 2012 começou logo após o término do Contect. A direção da empresa, esperando fortalecimento da oposição, levou adiante uma campanha unilateral, passando por cima das deliberações dos trabalhadores.

Foi assim durante toda a campanha. Liderada pelo ex-sindicalista do PCdoB, Luís Eduardo do Ceará, a comissão de negociação da ECT procurou evitar a negociação de toas as maneiras. O papel dos divisionistas do PCdoB começou a ficar mais claro aí. Ainda que não tivessem legalmente poder para negociar, a empresa fazia reuniões com os sindicatos divisionista para gerar uma confusão entre os trabalhadores, inclusive elogiando publicamente o PCdoB e criticando a Fentect.

A empresa queria evitar a qualquer custo uma greve como a de 2011.

A Fentect exigia as negociações e não aceitava as provocações da empresa como os 3% de reajuste presentados.

A pressão e a confusão fizeram efeito em parte da direção da Fentect. Uma ala direitista, liderada pelo MRL de Goiás e por parte da diretoria do sindicato de Pernambuco (ex-federação anã), começaram a defender o rebaixamento da pauta. Essa política mostrou-se totalmente falida e com utilidade apenas para o patrão ter uma arma para pagar cada vez menos ao trabalhador.

Essa mesma ala direitista defendeu ainda o adiamento da data da greve. Sem nenhuma discussão, os sindicatos seguiram a política dos traidores do PCdoB e adiaram a greve, enfraquecendo a luta nacional.

No final, a empresa entregou a campanha mais uma vez para o TST e os trabalhadores saíram derrotados, mas conseguiram preservar plano de saúde (alvo da ECT) e um reajuste de 6,5%.



A greve em Minas Gerais e Pará


Apenas o sindicato de Minas Gerais, dirigido pela corrente Ecetistas em Luta iniciou a greve na data que há meses havia sido estabelecida. No Pará, trabalhadores da base passaram por cima da direção do sindicato e também iniciaram a greve na data estabelecida pelo calendário da Fentect, dia 12 de setembro, enquanto que o PCdoB e os sindicatos vacilantes começaram a greve apenas no dia 18.

A iniciativa dos trabalhadores de Minas Gerais e do Pará foi fundamental para que a greve acontecesse. O adiamento da greve por parte do PCdoB e da Articulação/PT na realidade era uma tentativa de evitar a greve. Porém, isso não foi possível. A tendência de luta dos trabalhadores obrigou os pelegos a decretarem a greve, mas a manobra serviu para enfraquecer o movimento.



A luta contra a máfia sindical do PCdoB


Uma das iniciativas da Fentect desde o congresso foi a realização de uma ampla campanha contra os divisionistas. Foram criadas secretarias em São Paulo e no Rio de Janeiro e realizadas assembleias da Fentect.

As assembleias da federação foram um fator de pressão que obrigou o PCdoB a dar uma resposta aos trabalhadores. No Rio de Janeiro, as assembleias da Fentect chegaram a ser maiores do que a do sindicato.

Em São Paulo, para não ser completamente derrotada, a diretoria do Sintect-SP contratou capangas armadas com bombas para agredir trabalhadores na primeira assembleia da campanha salarial ocorrida na Praça da Sé. Essa ação mafiosa contra os trabalhadores serviu para desmobilizar e confundir a categoria. As assembleias da Fentect em São Paulo continuaram ocorrendo e foram importantes para agrupar os setores combativos da categoria.

Durante a campanha salarial, primeiro foi o PSTU, depois a ala direita dentro da Fentect que colocaram e prática um boicote às assembleias da federação, se integrando totalmente aos divisionistas no final da campanha.



Aprofundar a luta contra a burocracia



Após a campanha salarial, a corrente Ecetistas em Luta realizou sua 2a Conferência Nacional, com a participação de trabalhadores dos Correios de vários estados.

A luta contra a burocracia continua agora nos sindicatos e o que está em jogo é o fortalecimento de uma organização classista e independente formada na base da categoria. Uma organização nacional, que lute contra os divisionistas e leve adiante uma política revolucionária na categoria.

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