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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O problema da “segurança” nos Correios

O aumento da vigilância, das escoltas armadas etc só serve para aumentar o controle da empresa contra os trabalhadores
No último dia 16 de janeiro, veio à tona na imprensa um tema que tem sido corriqueiro nos Correios. A Folha de S. Paulo publicou uma matéria na qual afirma que parte dos presentes da campanha “Papai Noel dos Correios” ainda não foi entregue para as crianças no extremo sul da cidade de São Paulo, assim como demais encomendas destinadas à região.

O principal problema seria no CEE (Centro de Entregas de Encomendas) Santo Amaro, responsável pela entrega nos bairros de Parelheiros, Grajaú, Interlagos e Santo Amaro. A reportagem afirma ainda que o principal motivo do atraso é a falta de segurança na região: a ameaça constante dos carteiros de sofrerem sequestro-relâmpago ou serem assaltados.

A questão da segurança tem sido recorrente nos Correios. Não só em São Paulo e não só contra carteiros. Em estados do Nordeste, como Alagoas, por exemplo, a Justiça obrigou que a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) a instalar portas giratórias nas agências devido à enorme frequência de assaltos.

Segurança para quem?

Muitos sindicalistas dos Correios, bem intencionados ou não, têm entrado “de cabeça” na campanha produzida pela imprensa e pela própria empresa da “violência” e da “falta de segurança”.

Que é o trabalhador quem mais sofre com os assaltos e roubos isso é mais do que óbvio. Mas será que as constantes denúncias da imprensa capitalista estão preocupadas com o bem-estar do trabalhador? Difícil de acreditar.

Na realidade, o objetivo da empresa e da imprensa é procurar pretextos para aumentar a repressão e a vigilância contra os próprios trabalhadores. A própria matéria da Folha de S. Paulo procurar dar a entender que caso houvesse um maior número de escoltas armadas acompanhando os carteiros, tudo estaria resolvido.

Em seu blog, a ECT responde a matéria da Folha no mesmo sentido. Afirma que um dos motivos para o atraso das encomendas é a “falta de segurança pública na região, o que exige escolta terceirizada” (Blog dos Correios, 16/1/13). A empresa procura fazer demagogia com os trabalhadores, como se a preocupação primeira fosse com os funcionários.

Na realidade, esse não é nem de longe o problema para a ECT. O que está em jogo é a preservação do patrimônio material da empresa. A ECT pode colocar o quanto de escolta quiser, o problema vai continuar para os trabalhadores, o objetivo da empresa é apenas preservar seu patrimônio.



O correio não é banco nem caixa-forte

O problema central é a utilização dos Correios para serviços que já não dizem respeito ao trabalho da ECT.

Em primeiro lugar, o Banco Postal, que transformou as agências em bancos e os atendentes em bancários. O problema é que o correio não é banco, e os atendentes não são bancários. Assim, além de aumentar a exposição dos funcionários, devido ao aumento muito grande de circulação de dinheiro na agência, ainda obriga os atendentes a cumprirem uma dupla função, sem ganhar nada a mais por isso.

No caso dos carteiros, como o levantado pela matéria da Folha, o problema é parecido. A ECT, por meio de contratos milionários, cada vez mais está prestando serviços de entrega que fogem de sua função. Encomendas de alto valor, como joias, por exemplo, cartões de crédito e outros objetos que deveriam ser entregues por uma empresa com um estrutura de carro forte. Mas é o carteiro que é obrigado a se expor, manipulando esses objetos.



Não ao aumento da repressão aos trabalhadores


A luta dos trabalhadores deve ser justamente o fim do serviço que não diz respeito ao correio.

O que a direção da ECT está fazendo é utilizar a “segurança” como pretexto para aumentar a vigilância nos setores, justamente contra o trabalhador. A escolta armada, por exemplo, defendida por alguns sindicalistas, não vai resolver o problema do carteiro. No máximo vai ajudar a empresa a preservar seu patrimônio e de sobra vai servir também para que o próprio carteiro seja vigiado e controlado. E o que é pior, na hora do assalto, o carteiro não usa colete à prova de balas nem carro blindado como os terceirizados da segurança. Moral da história, o risco do carteiro continua.

A direção da ECT também está usando a campanha da “violência” para justificar a instalação de câmeras nos setores. Essa medida não só não serve para resolver nenhum problema, como é um ataque direto aos trabalhadores. Qualquer pessoa que entende um pouco do funcionamento de uma fábrica ou setor de trabalho sabe que a maior arma dos patrões contra uma categoria é o aumento da vigilância.

A instalação de câmaras nos setores vem no mesmo sentido de medidas como o SAP, para aumentar o controle das chefias sobre o trabalhador. Aumentar o controle significa, necessariamente, aumentar a exploração e aumentar o assédio e a opressão. Um sindicalista que defende a instalação de câmeras no setor está prestando um grande serviço ao patrão.

A mesma coisa ocorre com as portas giratórias, que além de servir como controle dos trabalhadores, serve também para reprimir e constranger a própria população pobre que utiliza o serviço dos Correios.

A empresa não está preocupada com a segurança dos funcionários, pelo contrário. A solução para esse problema deve vir dos próprios trabalhadores, por meio de uma organização setorial, como comitês independentes da empresa e das empresas terceirizadas.

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