Enquanto defendem o racha com as organizações sindicais em que perdem espaços e vantagens e a criação de “novas” entidades que lhes assegurem mais cargos e recursos, sob a alegação de que não podem conviver com direções “governistas” do PT, sindicalistas do PSTU completam uma década de convivência harmoniosa com a ultra “governista” direção do maior sindicato do País, que apóia os governos do PSDB e do PT contra os professores
A micro central sindical criada pelo PSTU, a Conlutas, está neste momento realizando uma desesperada campanha para dividir a organização sindical nacional dos trabalhadores dos correios (a Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios – Fentect) e fundar naquela combativa categoria - que nos últimos anos realizou as maiores greves do País e, por conta disso, arrancou reajustes bem superiores aos dos professores que tiveram suas lutas bloqueadas pelas direções sindicais – uma federação anã com alguns poucos sindicatos ligados à Conlutas/PSTU que representam menos de 8% dos trabalhadores da categoria.
Tal e qual o PCdoB
Esta campanha nada tem de original, uma vez que acompanha na categoria o posicionamento do setor mais corrupto e direitista do burocrático movimento sindical da categoria, o PCdoB/CTB que, na direção dos sindicatos dos correios do Rio de Janeiro e São Paulo, anunciaram sua decisão de rachar a federação da categoria.
Isso depois de comandarem – junto com o PT - uma série de traições que fizeram deles os sindicalistas mais odiados pelos trabalhadores, como a assinatura de um acordo bianual (em 2009) quando abriram mão de realizar campanha salarial em 2010 e o encerramento da maior greve das últimas décadas da categoria, no ano passado, sem consultar os trabalhadores e aceitando um acordo que foi rejeitado em todas as 35 assembléias da categoria realizadas em todo o País.
O PCdoB sempre foi contra a unidade dos trabalhadores em qualquer organização que servisse para realizar qualquer luta, não só dos Correios, mas também de um ponto de vista geral, por isso mesmo, foram contra a fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na década de 80, quando esta Central agrupou os setores mais combativos da classe trabalhadora do País e canalizou um movimento contra a burocracia sindical ligada à ditadura militar e aos patrões. Os “comunistas” de araque do PCdoB ficaram do lado dos piores inimigos dos trabalhadores e só entraram na CUT (no final da década de 80) quando esta estava dominada por uma burocracia que bloqueou seu desenvolvimento classista e se colocou a serviço de uma política de colaboração com os patrões e seus governos (câmaras setoriais, unidade com a FIESP, burocratização da Central etc. etc.).
Patrocinados pelos patrões e pelo governo do PT a serviço destes, que estimularam a divisão dos trabalhadores oferecendo recursos milionários para os que criassem novas centrais, o PCdoB tratou de criar a “sua” própria “central”, garantindo milhões e muitos cargos para seus sindicalistas “comunistas”, se aproximando cada vez mais dos patrões e dos velhos pelegos (antigos aliados) que comandam a Força Sindical e outras máfias sindicais (com quem acabam de realizar mais uma vez um Primeiro de Maio Unificado); tudo para contribuir com o objetivo patronal de dividir e desorganizar os trabalhadores.
Dando uma cobertura, uma aparência de “esquerda” a esta política antioperária de dividir os trabalhadores, o PSTU antes mesmo do PCdoB sair da CUT, lançou a campanha de ruptura com a CUT e, inclusive, chegou a chamar o PCdoB para construírem juntos uma “nova central”.
Tal qual o PCdoB, não se cansaram de se aliar à setores ainda mais reacionários do que a burocracia da CUT (da qual fizeram parte por vários anos).
Como no caso da unidade com a Força Sindical para desviar a luta dos metalúrgicos para a Justiça do Trabalho, promovendo a derrota de milhares de demitidos da Embraer e da General Motors.
O caso exemplar da APEOESP
A situação no maior sindicato do País, o dos professores paulistas, não deixa dúvida que o posicionamento do PSTU/Conlutas nada tem a ver com os interesses dos trabalhadores a quem diz defender, mas com os próprios interesses dos seus sindicalistas.
Quando convém a tais dirigentes, quando estes conseguem cargos e vantagens, a unidade com a burocracia é total e não defendem nenhum tipo de ruptura; colocam em primeiro plano a “unidade”, a começar pela unidade da burocracia sindical contra os trabalhadores, quando as melhores oportunidades para conseguir mais cargos e vantagens pode ser conquistada por meio da ruptura e dos rachas, então a divisão é a “saída” por eles apresentada.
Na APEOESP, que tem R$ 60 milhões de orçamento anuais e um dos maiores aparatos sindicais da América Latina a unidade dos sindicalistas do PT e do PCdoB chegou a níveis profundos e indissolúveis.
Travestidos de “oposição”, de “alternativa”, os sindicalistas do PSTU entraram na diretoria “proporcional” da APEOESP há uma década, ocupando cargos importantes (como vice-presidente, secretário de comunicações e outros) e chegando a ocupar (em uma frente com o PSOL e pequenos satélites destes dois partidos) cerca de 40% da diretoria de 120 membros da entidade.
Em todos esses anos, nenhum racha entre esses “combativos” (agrupados na Chapa 2) e a burocracia reacionária do PT e PCdoB (Chapa 1) que conseguiu ajudar o governo do PSDB a promover o maior retrocesso nas condições de vida dos professores paulistas de todos os tempos, como a perda de mais de 50% do poder de compra dos salários.
Pelo contrário, em todas as greves derrotadas e sabotadas pela burocracia, os professores viram a diretoria “unida” contra a mobilização.
Em todos os acordos com o governo do Estado, mesmo aqueles que não foram aprovados pelos professores, como na greve de 2008, quando a presidente da APEOESP, do PT, “Bebel” e o vice-presidente, do PSTU, “Geraldinho”, assinaram um acordo que permitiu a criação pelo governo de um sistema de demissão (provinhas-guilhotinas) de milhares de professores, a “unidade” PT-PSTU não se abalou.
Disputas parciais só nas eleições, com o acordo de que cada uma das alas da diretoria controlasse e fraudasse o processo nas subsedes sob “sua área de influência”.
E o “governismo”?
O principal pretexto usado pela direção do PSTU para justificar a ruptura de organizações criadas como parte da luta dos trabalhadores, foi e continua sendo a posição “governista” da burocracia que dirige estas entidades.
No caso da APEOESP, o “governismo” da diretoria chegou ao extremo de estabelecer-se, de fato, uma aliança da burocracia sindical com o governo do PSDB contra os professores. A direção do sindicato não se conteve nem mesmo em elogiar publicamente as medidas do governo (como o “acordo quadrianual”, apontado como um “bom começo”) e os próprios chefes do tucanato (a presidente da APEOESP escreveu na Folha de S. Paulo que “não se pode duvidar da vontade do secretário em melhorar a Educação”.
Como os dirigentes do PSTU não perderam ainda, cargos e vantagens, todo este “governismo”, toda esta adesão ao governo tucano, bem como o apoio irrestrito à política anti-educacional do governo do PT não é problema para o PSTU.
Seguem “grudados” na burocracia “governista” da APEOESP, comprovando que este está longe de ser um problema para eles.
Fica claro que se há “governismo” o PSTU é “contra”, desde que os apetites e interesses de seus sindicalistas não estejam satisfeitos.
A superação da política reacionária de todas as alas da burocracia sindical, da direita ou da “esquerda”, é um dos aspectos chaves para o desenvolvimento das tendências de luta presentes no interior da categoria dos professores e em todo o movimento operário.
Desmascarar a fraude do que apresentam como “alternativa” à falência da burocracia uma política de aparência esquerdista, mas que serve de elemento de confusão e divisão dos trabalhadores é uma tarefa fundamental neste momento.
Nas próximas edições, vamos dar seqüência em analisar os fatos e a política o PSTU em seus 10 anos de “governismo” na diretoria da APEOESP.
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