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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Trabalhadores ganham ação contra a terceirização na ECT

Os Correios estão proibidos de terceirizar as atividades-fim. É uma vitória importante contra o processo de privatização da empresa


A Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect) ganhou liminar que obriga os Correios a pôr fim às terceirizações na empresa. A ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) tem um ano para substituir o quadro de terceirizados por servidores concursados. Está previsto multa de R$ 500 mil para cada licitação sem concurso público.

A decisão da juíza Laura Morais, da 13a Vara do Trabalho de Brasília, proíbe a ECT de contratar mão-de-obra terceirizada para atividades-fim como recebimento, triagem, encaminhamento e transporte de objetos postais. A direção dos Correios se defendeu dizendo que não terceiriza atividade-fim. Qualquer trabalhador dos Correios sabe que isso é mais pura mentira.


Terceirização tomou conta da ECT

Atualmente nos Correios há setores com maioria de mão-de-obra terceirizada. Apenas para citar alguns exemplos recentes.

Em São Paulo, no Centro de Tratamento de Encomendas (CTE Saúde), na Zona Sul, há cerca de três anos foi criado um novo turno de trabalho, já que os dois turnos existentes (tarde e noite) não estavam dando conta da quantidade de serviço. O novo turno da manhã foi criado com mais de 90% de terceirizados. No CTE Valinhos, na região de Campinas, ocorreu a mesma coisa.

Na região de Ribeirão Preto, recentemente foi rompido um contrato entre a ECT e uma empresa que fornecia mão-de-obra terceirizada. A quantidade de terceirizados já é tão grande que alguns setores perderam quase metade do efetivo com a saída dos MOTs (Mão-de-obra Terceirizada). Na UD (Unidade de Distribuição) São Joaquim da Barra, os trabalhadores denunciaram que saíram seis MOTs e o efetivo do setor, apenas com os concursados, passou para sete carteiros. Essa mudança brusca na quantidade de funcionários resultou em excesso de serviço para todos.

Esse quadro se repete em todas as regiões do País.

Um quadro do número de terceirizados, obtido extraoficialmente pela Fentect, revela uma situação grave. Seriam 13.297 terceirizados cumprindo funções de carteiros e OTTs (Operador de Triagem e Transbordo), ou seja, realizando as chamadas atividades-fim. Os Correios possuem cerca de 117 mil trabalhadores.

O Diretoria Regional com maior número de terceirizados é a de São Paulo Interior (DR-SPI), com 3.079. Pelo que tudo indica, os números são ainda maiores do que mostra a tabela, mas já é possível ter uma noção da gravidade do problema.

Terceirizar para privatizar

A direção dos Correios (PT) tenta esconder a terceirização, mas afirmou que vai recorrer da decisão da Juíza, ou seja, quer o caminho aberto para terceirizar a empresa.

A terceirização é parte de um plano maior da direção da empresa e do governo que tem como pano de fundo a privatização dos Correios. A terceirização vem junto com outras medidas como o aumento da exploração nos setores, como o SAP (Sistema de Avaliação de Produtividade), o ataque ao plano de saúde, o ataque ao direito de greve e a mudança do estatuto da ECT no ano passado, que transformou a empresa sobre a base de um modelo de Sociedade Anônima.

Com a crise econômica, os capitalistas internacionais voltaram ferozmente os olhos para os setores da economia ainda não completamente privatizados, na expectativa de lucro fácil por meio da destruição da economia dos países. As empresas de correios de vários países sofrem a mesma ação, em maior ou menor grau, de entrega da empresa para o capital privado.

Em Portugal, por exemplo, os correios serão privatizados e será a própria ECT uma provável compradora. Essa entrada dos Correios brasileiros na privatização portuguesa está longe de significar um fortalecimento da empresa. Pelo contrário, deve servir de alerta para a população e os trabalhadores brasileiros do quão avançada está a privatização da própria ECT. A participação dos Correios na compra da empresa portuguesa revela que a participação dos grande capitalistas e banqueiros internacionais nos rumos da empresa já atingiu alto nível.

Tudo isso ainda se alia ao Banco Postal, um esquema de favorecimento dos banqueiros e as franquias, um esquema de distribuição de dinheiro a empresários. Vale lembrar que as ACFs (Agências de Correios Franqueadas) são a terceirização na prática da atividade de atendimento.

A terceirização é um ingrediente importante no quadro geral de privatização dos Correios. Ela é necessária para diminuir os custos da mão-de-obra, por meio do rebaixamento salarial e do profundo corte de direitos, e preparar a ECT para os capitalistas, que só veem interesse em uma empresa que obtenha o máximo de lucro.

Um ataque contra todos os trabalhadores

Nesse sentido, a terceirização é um ataque a todos os trabalhadores. Por um lado, os terceirizados são tratados como mão-de-obra descartável. Os contratos temporários permitem que as empresas façam o que bem entender. Os trabalhadores não tem garantidos os mesmos direitos que os concursados, nem os mesmos salários, apesar de realizarem funções idênticas. Isso sem contar os inúmeros casos de empresas que dão o calote nos trabalhadores.

Para os concursados, a terceirização serve para empurrar o valor da mão-de-obra cada vez mais para baixo. A presença de um terceirizado, trabalhando nas mesmas funções e recebendo salários menores e sem direitos, pressiona o trabalhador a se “contentar” com os baixos salários que recebe, afinal, é usado um parâmetro salarial rebaixado.

Esse é o sentido imediato da terceirização. Forçar o valor da mão-de-obra para baixo.

 
Acabar com a terceirização, incorporando os terceirizados

A terceirização é um ataque a todos os trabalhadores. A vitória da Fentect contra a terceirização é um primeiro passo. No entanto, o movimento dos trabalhadores deve estender sua luta e ampliar suas reivindicações.

Em primeiro lugar, é necessário exigir que a direção da ECT contrate 30 mil novos funcionários, por meio da abertura imediata de um concurso público e da contratação de trabalhadores remanescentes do concurso anterior.

Em segundo lugar, é preciso realizar uma ampla campanha pelos direitos dos trabalhadores terceirizados que significa defender que tenham os mesmos direitos dos concursados e assim a incorporação de todos os que já estão trabalhando na empresa nos quadros da ECT.

A luta dos trabalhadores dos Correios é a luta de todos os trabalhadores. Somente a unidade entre concursados e terceirizados vai garantir a vitória dos trabalhadores.

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