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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A farsa da “participação nos lucros”

Uma manobra patronal: A PLR é um instrumento dos patrões para chantagear e manipular a luta dos trabalhadores



27 de dezembro de 2012


No ano passado, segundo dados oficiais da ECT, os Correios tiveram quase R$ 900 milhões de lucro. Mas o que é repartido com os trabalhadores é apenas uma pequena parte desse valor, que não chega a 10%. Quer dizer, é uma farsa dizer que há uma real repartição dos lucros.

Essa farsa, é bom que se diga, não é uma peculiaridade dos Correios, das empresas brasileiras estatais ou privadas. Em um texto escrito já no início do século XX, chamado “O programa de Ação da Internacional Sindical Vermelha”, o autor russo Alexandre Losovski explica que “habitualmente, a participação nos lucros não é mais do que a concessão aos operários de uma porcentagem insignificante dos lucros.” Ou seja, a participação nos lucros em “engodo”, uma mentira inventada pelos capitalistas.

O autor argumenta ainda que os operários, enganados pela ideia da “participação nos lucros” são mais explorados, ele diz: “as distintas experiências de participação dos operários nos lucros em diversos países demonstram que o único resultado deste sistema é o aumento da exploração dos operários, que trabalham mais intensamente para poderem aumentar sua parte nos lucros”. Nos Correios, essa situação é muito clara. Não é à toa que a direção da empresa quer discutir apenas os chamados critérios. Esses “critérios” funcionam como uma espécie de chantagem, em que os trabalhadores são obrigado a se submeter a uma série de exigências para receber a PLR. Assim, se o trabalhador não faltar nenhuma vez no ano, ele recebe o valor integral da PLR, apenas para citar uma das exigências.

O que ocorre na prática: o trabalhador que, por algum milagre conseguir cumprir todas as exigências vai receber de presente uma miséria de 800 ou 900 reais, tem sido assim nos Correios. Quer dizer, esse valor nem compensa o tanto que o funcionário trabalhou a mais para ganhar a PLR, servindo apenas para a maior exploração dele.

No Brasil, os maiores sindicatos têm negociado a PLR juntamente com a campanha salarial da categoria. Essa manobra é outra arma dos patrões para aumentar a confusão entre os trabalhadores. Para o capitalista, a PLR serve como uma espécie de “cala a boca” para as reivindicações na campanha salarial. Se a categoria precisa e pede 20% de reajuste salarial, é muito mais vantajoso para os patrões darem 7% e pagar uma PLR mais alta, pelo menos na aparência. A PLR funciona como um abono, ou seja, ela não será agregada ao salário do trabalhador.

Nos Correios, a manobra patronal PLR versus reajuste salarial não é muito bem sucedida, já que as negociações da PLR são feitas separadamente às da campanha salarial. Para a categoria, isso é um trunfo, pois há menor margem para manobras patronais.

A ECT tenta de todas as formas pagar uma PLR baixa, pois não é vantagem pagar um valor alto e em outro momento ter que negociar o reajuste salarial. O trabalhador dos Correios pode lutar por um reajuste alto e por uma PLR alta sem que a direção da empresa utilize um para rebaixar o outro.

O fato de a PLR ser um engodo inventado pelos patrões não significa que o trabalhador deva abrir mão desse direito. No entanto, é necessário esclarecer o trabalhador sobre o seu real significado e esclarecer a categoria sobre a importância de lutar por aumento real de salário. Por isso, os trabalhadores dos Correios devem lutar por no mínimo R$ 2.500,00 de PLR para todos e exigir o fim dos critérios escravagistas que a empresa quer impor.

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