Entrega pela manhã: um problema de saúde do trabalhador

 

A entrega pela manhã é uma antiga reivindicação dos trabalhadores dos Correios. Na maioria das regiões do País, o calor é muito alto na maior parte do ano. É justamente no horário do dia em que o sol está mais quente que o carteiro tem que sair à rua para fazer a entrega.

Há centenas de doenças graves na categoria por conta do excesso de sol, como por exemplo, o câncer de pele e desidratação. Isso tudo, agravado pelo fato de que um carteiro leva em sua bolsa 10 quilos, no caso dos homens e 8 quilos no caso das mulheres. Claro que esses limites não são respeitados dentro dos setores, onde os trabalhadores são submetidos à pressão dos chefes para dar conta de toda a carga do dia, mesmo faltando funcionários.

O que acontece nos Centros de Distribuição é que os carteiros fazem a separação das cartas pela manhã e saem para entregar após o almoço. Ou seja, o carteiro sai para a rua por volta do meio-dia e retorna perto das 17h. Na maior parte do tempo em que está realizando a entrega, o sol está a pino, justamente o horário em que os médicos recomendam a não exposição ao sol.

A ECT quer dar o golpe nos trabalhadores

Depois de anos de luta da categoria para a mudança no horário de entrega, a empresa foi obrigada a ceder um pouco na campanha salarial do ano passado.

O Acórdão do TST prevê que a empresa faça um teste com a mudança de horário. O que ficou dito na audiência é que o teste seria feito em três regiões ou estados. No entanto, a ECT aproveitou uma brecha no Acórdão para estabelecer a entrega pela manhã apenas em cinco setores.

O projeto-piloto da entrega pela manhã começou a ser implantado pelos Correios no dia 10 de março nas cidades de Palmas, Araguaína e Gurupi (TO), Imperatriz (MA) e Rondonópolis (MT). Nesse municípios, a entrega terá início às 8 horas da manhã.

A Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) entrou com uma ação pedindo que o projeto-piloto fosse realizado em três regiões. Assim, mais trabalhadores já seriam comtemplados com a mudança.

Os testes são uma vitória da luta dos trabalhadores, mas é necessário ampliar a mobilização para arrancar de vez da empresa a mudança no horário de entrega.