O Sintect-RJ,
dirigido pelo PCdoB/CTB, anunciou sua desfiliação da Fentect, em uma tentativa
desesperada de recuperar a completa desmoralização depois da greve
Em
seu portal na internet, o Sintect-RJ (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios
do Rio de Janeiro) anunciou sua desfiliação da Federação Nacional dos
Trabalhadores dos Correios (Fentect). Conforme diz a notícia, uma reunião de
diretoria teria decidido por “ampla maioria” a desfiliação. Este sindicato, o segundo
maior da categoria, é formado pelo PCdoB/CTB, assim como o Sintect-SP, que
segundo informações seguras, porém ainda extra-oficiais, deve tomar a mesma
decisão de se retirar da Fentect.
Essa
política, levada a cabo pelo PCdoB/CTB nessas diretorias, é mais uma tentativa
de golpe contra os trabalhadores, assim como muitos outros e tantas traições
que esses sindicalistas vêm cometendo há anos. Por toda essa história, qualquer
trabalhador minimamente informado sabe que o maior dos argumentos dados pela diretoria
do Sintect-RJ não passa de manipulação e oportunismo do mais chulo. O que está
por trás da decisão do PCdoB/CTB é uma crise terminal de toda a burocracia
sindical, que se expressa com mais força nas diretorias desses dois sindicatos,
que justamente por serem os maiores da categoria, foram os primeiros a serem
completamente atropelados pela mobilização dos trabalhadores dos Correios e
perderam completamente a pouca base que ainda mantinham – não podemos esquecer
que em São Paulo, depois da traição na greve, membros da diretoria foram
expulsos e agredidos por trabalhadores nos setores e no Rio a situação é muito
parecida.
A desfiliação
é uma tentativa desesperada das diretorias pelegas desses sindicatos de tentar
ganhar certo fôlego, melhor dizendo, uma sobrevida, não se sabe bem direito de
onde, já que sequer uma nova federação existe para que pudessem se apoiar.
O tal “fôlego”
do PCdoB/CTB nos Correios poderia ainda vir de uma possível confusão que fosse
gerada entre os trabalhadores, tentando jogar no colo da Articulação do PT todo
o ônus das traições à categoria. Essa tarefa, no entanto, é quase impossível de
ser realizada, já que todo mundo sabe que o PCdoB e o PT sempre estiveram de mãos
dadas nas principais traições que aconteceram no movimento sindical da
categoria. Mas vejamos os argumentos apresentados na matéria do Sintect-RJ.
Sindicalistas
patronais
Segundo
o PCdoB/CTB um dos motivos para sair da Fentect seria que a federação
estabelece como sua “relação preferencial” a direção da empresa. Ora, nada mais
verdadeiro e mais correto. A pergunta que deve ser feita logo depois desse
argumento, no entanto, é convenientemente escondida: quem é a Fentect senão sua
direção majoritária composta pelo PT e o PCdoB?
As “relações
preferenciais” com a empresa sempre
teve como principal timoneiro o próprio PCdoB. Em primeiro lugar e mais
importante, o PCdoB é parte do governo federal, ou seja, o patrão direto do
trabalhador dos Correios, empresa estatal.
Mas lembremos
apenas um fato recente: a PLR, que também é usada como justificativa pela
matéria do Sintect-RJ para provar a “falta de firmeza” da Fentect.
Na comissão
da ECT, ou seja, na comissão patronal que negocia a PLR com os trabalhadores
está na liderança nada menos do que o senhor Luís Eduardo do Ceará. Esse
elemento patronal pertence justamente ao PCdoB/CTB e é o mais árduo defensor da
escravidão nos Correios. Foi ele quem defendeu o desconto dos dias de greve e
que na PLR não quer nem discutir a reivindicação dos trabalhadores de PLR
linear.
O que dizer
ainda do Vale Drogaria, que segundo o Sintect-RJ teria sido mais um exemplo de
adaptação da Fentect à direção da empresa? Bem, a resposta está no próprio site
da Fentect onde aparecem José Rivaldo Talibã ao lado do presidente e do
vice-presidente da empresa e, com os três a Ana Zélia, nacionalmente conhecida
como Zélia Ginsp que é diretora do Sintect-RJ e membro do PCdoB/CTB. Zélia
Ginsp também assinou o contrato do Vale Drogaria.
A diretora do
Sintect-RJ está diretamente envolvida em mais um caso de acusação feita à
Fentect. Se o sindicato fosse participar do próximo congresso da federação em
Fortaleza, teria que gastar R$ 300 mil. Mas Zélia Ginsp, diretora do Sintect-RJ,
foi a principal defensora dessa farra com o dinheiro do trabalhador.
E antes que
nos esqueçamos, Zélia Ginsp é nada menos do que a secretária de finanças da
Fentect.
A conclusão é
simples: se a Fentect estabelece relações preferenciais com a ECT, então o
PCdoB (leia-se as direções dos sindicatos do Rio e de São Paulo) é a terceira
pessoa nessa relação.
Uma nova federação
do PCdoB não será mais que uma federação ainda mais patronal que a atual, agora
sob o controle da panelinha, sem participação dos trabalhadores.
A
greve de 2011
Para
terminar, a matéria do Sintect-RJ afirma que a “Gota d`água” teria sido a greve
de 2011. Eles fazem a pergunta: por que os trabalhadores dos Correios tiveram
que ter sete dias descontados e os bancários não tiveram nenhum? A resposta é
simples e óbvia. O comando de negociação da Fentect, composto pelo Bando dos
Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol) sendo dois elementos do PCdoB/CTB, um deles um
diretor do próprio Sintect-RJ, Cláudio Roberto de Oliveira, aceitou, junto com
Talibã (PT), todas as imposições da empresa e do TST, rebaixaram a pauta de
reivindicações e cometeram todas as traições possíveis que culminaram no
desconto dos dias, na compensação aos sábados, retaliações e na derrota da
maior greve da categoria dos últimos anos.
Conforme está
dito no site do Sintect-RJ, o secretário-geral da Fentect foi o “protagonista”
da “sabotagem e traições” na greve. Está correto, mas esqueceram de dizer que
ao seu lado estava o comando de negociação, com os dois elementos do PCdoB e do
próprio sindicato do Rio de Janeiro.
Crise
da burocracia, mobilização dos trabalhadores
O
desespero do PCdoB revela a crise terminal de toda a burocracia sindical e
coloca na ordem do dia a necessidade de organizar uma oposição nacional que
substitua os velhos sindicalistas pelegos e traidores por trabalhadores de
base. A categoria necessita romper e derrubar de vez toda a burocracia para
poder enfrentar com todas as forças os ataques da direção da ECT e a
privatização.
A divisão da
burocracia, nesse momento, vai abrir a possibilidade de crescimento dessa
oposição e posteriormente de uma enorme mobilização dos trabalhadores. Por
isso, é necessário que os trabalhadores do rio de Janeiro organizem a oposição
para a realização de assembleia para a eleição de delegados para o XI Contect
(Congresso Nacional dos Trabalhadores dos Correios), passando por cima da
decisão da diretoria do sindicato. A mesma coisa deve ser feita em São Paulo,
onde a diretoria do sindicato quer aprovar a desfiliação à Fentect em uma
assembleia no dia 23 de abril; os trabalhadores devem ignorar a decisão do
sindicato e organizar a eleição de delegados para o congresso.
É preciso constituir subsedes de um amplo movimento nacional
de unidade no lugar desses sindicatos. O mesmo deve ser feito em qualquer outro
sindicato que venha a seguir o mesmo caminho do PCdoB. É necessário chamar
todos os trabalhadores a formar e organizar esse movimento nacional de unidade.
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