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sexta-feira, 13 de abril de 2012

PCdoB rompe com a federação e expõe crise do sindicalismo patronal




Após anos de traição e peleguismo, desesperados pela completa desmoralização em suas bases, o anúncio oficial da saída do sindicato dos trabalhadores do Rio de Janeiro da Fentect, dirigido pelo PCdoB/CTB, expõe a crise terminal da burocracia nos Correios

O sindicato dos trabalhadores do Correio do Rio de Janeiro anunciou a sua desfiliação à Fentect e a não participação do XI Contect (Congresso dos Trabalhadores do Correio) que vai ocorrer em Junho.
O anuncio da ausência dos sindicatos do Rio de Janeiro e, muito provavelmente, de São Paulo (que já anuncia extraoficialmente nos setores de trabalho que também não comparecerá) para o XI Congresso da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios, revela de maneira contundente o imenso racha no principal bloco da burocracia sindical dos Correios (PT-PCdoB) e, ao mesmo tempo, assinala a própria liquidação da burocracia como tal, completamente repudiada pelos trabalhadores. 
A decisão do PCdoB é uma política de auto exclusão e isolamento que deve significar inclusive a morte do próprio partido dentro do movimento dos Correios. É uma manobra desesperada na tentativa de sobreviver diante da crise que se impôs, principalmente após a greve de 28 dias do ano passado, uma das maiores e mais radicalizadas dos últimos 15 anos, quando houve uma enorme traição do Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol), tendo justamente a diretoria dos sindicatos de São Paulo e do Rio de Janeiro como protagonistas da traição.  
Depois da greve, inclusive, a diretoria do Sintect-SP chegou a ser agredida e expulsa de setores pelos trabalhadores, situação não muito diferente enfrentada pela diretoria do Sintect-RJ. 

O atestado de óbito da burocracia sindical

A operação do PCdoB, puro desespero de causa, é a tentativa de sobreviver diante de sua própria decomposição e do desgaste político diante da categoria. Participar do congresso da Fentect significa expor a diretoria do sindicato e sua frágil e pequeníssima base de apoio às críticas feitas pela corrente Ecetistas em Luta, pela esquerda e da própria Articulação, pela direita, a qual com a subida do PT à direção da empresa, assedia com cargos e privilégios a já susceptível e minúscula base de sustentação do PCdoB, acostumada a prestar serviços a quem domina postos na empresa e, portanto, pode praticar a famosa “troca de favores”, que nada mais é do que a traição da categoria pelos dirigentes sindicais.
Importante lembrar que o PCdoB, por tradição política no Brasil, sempre foi um partido sustentado pelo PMDB, não por acaso o enfraquecimento do PMDB na política nacional e, particularmente no Correio, significa um enorme enfraquecimento na burocracia do PCdoB, a qual não possui mais as enormes conexões com a direção da empresa, conexões estas que garantem o apoio sistemático de diretorias regionais nas disputas sindicais e no controle da categoria.
Para dimensionarmos o tamanho da crise, o PCdoB, dentro do bloco com o PT, representava cerca de 50% desse bloco, nessas circunstâncias já não se trata simplesmente de um racha, mas da própria liquidação desse bloco, implicando diretamente no desaparecimento definitivo da principal força que sustenta a burocracia sindical nos Correios; significa o fim da aliança (PT-PCdoB) que permitiu nas últimas décadas estrangular o movimento de luta da categoria em diversas oportunidades com uma ajuda pela esquerda de setores como o PSTU.

A formação do bloco burocrático

O movimento sindical dos trabalhadores dos Correios coincide com o ascenso geral da classe operária brasileira em 1985-1986. Naquele momento, uma camada de trabalhadores acompanha o movimento geral contra a ditadura militar, derrubando os militares que comandavam diretamente a empresa, estabelecendo, através de greves e grandes mobilizações, as primeiras associações e, posteriormente, os sindicatos da categoria.
À medida que o movimento começou a refluir, já no final dos anos 80, sua ala centrista, aproveitando-se do refluxo, representada pelo que hoje é o PSTU, tomou conta desse movimento que começava a assumir um caráter claramente burocrático. A partir desse momento, após o ascenso revolucionário da categoria, forma-se uma aliança entre PSTU-PCdoB. É importante destacar que essa aliança não era uma exclusividade dos Correios, mas coincide com a entrada do PCdoB na CUT, apoiado pelo PSTU, na época Convergência Socialista. O PCdoB era, no momento de ascenso operário dos anos de 1980, a tropa de choque do peleguismo para tentar deter, inclusive pela violência física e policial o movimento ascendente dos trabalhadores. Sua entrada na CUT marca também o estrangulamento do caráter combativo da entidade e fortalece a burocracia no seu interior.
A entrada do PT no movimento dos correios, precisamente sua ala mais direitista representada pela Articulação, vai se dando lentamente, acompanhando o aprofundamento do refluxo do movimento. O PT será sobretudo uma criação de militantes dissidentes do PSTU, o qual como um todo evolui à direita, mas tem dificuldade de fazer a política abertamente oportunista do PT.
O predomínio da ala centrista da burocracia sindical nos Correios, ou seja, do PSTU, em aliança com o PCdoB, vai prevalecer até pouco antes da subida do PT ao governo federal.
Em 2002, então, é formado o bloco PT-PCdoB, excluindo o PSTU que ingressa em uma etapa de declínio definitivo perdendo os seus principais sindicatos (São Paulo Capital, Campinas, Rio Grande do Sul etc.) a partir da importante greve de 2003. Ao mesmo tempo, nesse período, começa a ocorrer um novo ascenso da categoria, com a greve de 2003, e será justamente o PSTU a primeira vítima dessa nova situação. Apesar de dominar a maioria dos sindicatos, o PSTU, ala mais fraca da burocracia justamente pelo seu caráter centrista, foi sendo esmagado pelo novo bloco PT-PCdoB, até perder completamente a expressiva participação na diretoria do sindicato de São Paulo e em vários sindicatos nacionalmente.  

A burocracia em queda livre

A partir de 2002-2003, quem dominará o bloco da burocracia seria o PT, sustentando sua política através da utilização de uma clientela nos setores. No entanto, já em 2003, toda a burocracia sofre um golpe decisivo. Uma forte greve, que supera a limitação das greves burocráticas realizadas até então, que termina com os trabalhadores atacando os dirigentes sindicais de todo o Bando dos Quatro no carro de som da assembleia de São Paulo, retoma com força o ascenso da categoria e consequentemente abre plenamente a crise da burocracia.
A crise é tão intensa que nas eleições sindicais de 2004, foi necessária uma operação fraudulenta desesperada para impedir que a oposição classista, a Corrente Ecetistas em Luta, ganhasse a diretoria do sindicato de S. Paulo, realizada através da tomada pela força da sede do sindicato e das urnas, o maior do País.
A evolução da crise é implacável e o PT em pouco tempo perde completamente seu domínio. São necessárias mais duas eleições fraudulentas (2007 e 2010), sendo que em uma delas (2007) o Bando dos Quatro foi obrigado a contar com o apoio de uma intervenção da Justiça patronal para manter o sindicato de São Paulo.
É a partir daí que o sindicato é entregue nas mãos do PCdoB. A crise já é tão aguda que é necessário manter no maior sindicato da categoria, assim como no Rio e em Brasília, a ala mais direitista da burocracia e também com menor apoio nas bases. A única forma de segurar os trabalhadores, ainda que com debilidade, é o controle ditatorial do sindicato por uma máfia sindical típica: o PCdoB. A inversão da aliança PT-PCdoB para se apoiar sobre este último partido já era um sinal claro da enorme crise da burocracia, uma vez que o único setor sólido da burocracia seria o próprio PT. A formação do Bloco dos 17 sindicatos, com quase metade dos sindicatos da categoria, em 2009, foi a prova do enfraquecimento da burocracia e somente pode ser contornado temporariamente através da corrupção de uma parte dos dirigentes sindicais e com a ajuda da atividade divisionista do PSTU que se pôs a formar uma caricatura de federação, a federação anã, com seis sindicatos e menos de 10% da categoria.
Com a recente decisão do PCdoB de sair da Fentect, chega à total falência a última cartada da burocracia para controlar o movimento dos trabalhadores. A burocracia sindical, tal como se estruturou nos últimos 15 anos está morta e seu corpo está sendo velado na sede do Sintect-RJ. 

Só restou o PT-patrão... será?

A morte desse bloco, dominante até a crise atual, representa o fim da burocracia sindical dos Correios e coloca na ordem do dia o aparecimento de oposições classistas e independentes em todos os lugares, pois, a burocracia sindical, o obstáculo que se interpõe entre os trabalhadores e os patrões, desmoronou.
Os capitalistas e a direção da empresa, no entanto, necessitam conter esse movimento, mas não podem mais contar com os sindicalistas traidores, odiados pela categoria, sem autoridade para levar a política da ataques da empresa contra os trabalhadores.
A solução dos patrões para esta crise catastrófica ficou clara no exemplo da assembleia para a eleição de delegados para o congresso, ocorrida em Campinas. Este exemplo revela que o plano do PT é que todos os sindicatos sejam dirigidos por chefes da empresa. O PT reuniu uma quantidade de chefes para participar da assembleia que levaram como cavalos no cabresto um grupo de operários para votar neles. Essa mesma articulação de chefes é visível em quase todos os sindicatos, como por exemplo em Minas Gerais, onde um velho capacho do PT, Irton Santana, de Goiás, foi reintegrado, “milagrosamente” na empresa e transferido para Minas Gerais na esperança de organizar uma oposição de chefes e colocado – imaginem só – no maior setor da categoria. Furou a última greve da categoria, fazendo campanha contra o sindicato de dentro de umas das gerências, junto com o odiado chefe, o famoso traidor da campanha salarial de 2003, o “Teixeirinha “, com o qual faz dupla para defender a direção corrupta da empresa e atacar a diretoria do sindicato.
O esquema do PT, no entanto, é extremamente frágil. Em Campinas, por exemplo, os trabalhadores presentes impediram a entrada dos chefes na assembleia e demoliaram a chapa patronal que não elegeu nenhum delegado. É um esquema patronal sem base nenhuma na categoria não tem a menor possibilidade de se desenvolver no meio da crise de enormes proporções que se desenrola. Basta ver a radicalização dos 28 dias de mobilização na última greve. Para funcionar, este esquema teria que ser uma ditadura sobre os trabalhadores e sindicatos maior que a ditadura militar conseguiu impor. Ocorre que estamos em um momento de crise e de franco crescimento da luta dos trabalhadores.
É necessário chamar os trabalhadores a passarem por cima dos chefes em todos os lugares.

PSTU/Conlutas: boi de piranha do PCdoB

O anúncio do PCdoB revelou completamente a farsa da política que vem sendo levada pelo PSTU/Conlutas, os primeiros a falarem em romper com a Fentect e formar outra federação.
Apesar da política divisionista do PSTU/Conlutas de formar uma federação anã ter sido completamente repudiada até mesmo dentre vários de seus aliados, os principais elementos do PSTU/Conlutas nunca esconderam seu desejo de sair da Fentect.
A decisão do PCdoB/CTB revela que a propaganda divisionista do PSTU serviu para preparar o terreno para rompimento do PCdoB com a Fentect. Conforme foi denunciado em várias oportunidades, pela Corrente Ecetistas em Luta, o PSTU/Conlutas estava a serviço da própria burocracia sindical e sua política, de aparência esquerdista para os trabalhadores mais mal informados e menos conscientes, era, na realidade, uma política direitista e patronal. A prova está em que foi usada pelo setor mais direitista da burocracia, que organizou a derrota de todas as campanhas salarial desde 2003!
Entretanto o tiro acabou saindo pela culatra. O PSTU será uma vítima indireta da crise já que com a decisão do PCdoB fica muito difícil conseguir colocar em prática a política divisionista levada até agora com a federação anã. Todos os argumentos pseudo-esquerdistas utilizados pelo PSTU/Conlutas para romper com a Fentect foram totalmente desmascarados pelo rompimento do PCdoB/CTB, que utiliza praticamente as mesmas justificativas que já foram levantadas pelo PSTU, mostrando o cinismo de tais colocações, por ambos os grupos.

Uma crise profundamente revolucionária

Muitos desavisados poderiam imaginar que a crise no seio da burocracia sindical não passa de uma manobra “por cima” cujo resultado seria apenas um reagrupamento burocrático. Nada poderia ser mais falso.
A compreensão correta da crise exige que ela seja analisada como uma via de mão dupla. A divisão na burocracia vai levar a uma enorme crise revolucionária entre os trabalhadores e em contrapartida e ao mesmo tempo, a mobilização revolucionária dos trabalhadores levou ao desmoronamento da burocracia.
Mas isso não basta, é importante ter claro que o trabalhador dos Correios vai se fortalecer na medida em que percebe a fraqueza da burocracia. A situação política ganha velocidade e é preciso criar urgentemente uma organização independente, de base e classista para ocupar o vazio deixado pelo fim da burocracia sindical.
As bases para essa nova organização podem aparecer no Congresso da categoria, mas ela deve ser encarada como um movimento amplo que está surgindo rapidamente em todos os setores de trabalho e cuja atuação central deverá se dar, acima de tudo, a partir da ação das bases sindicais.

Organizar a oposição classista

Está na ordem do dia a organização e o fortalecimento de uma oposição nacional na categoria. É preciso organizar um movimento classista de luta em torno de um programa definido e derrubar de vez a burocracia que está podre. Esse programa deve colocar claramente o problema da independência política em relação aos patrões, da unidade dos trabalhadores através de um sindicato nacional e da luta revolucionária contra os ataques que o governo e a direção da empresa, ambos do PT, vêm cometendo contra os trabalhadores com o objetivo de privatizar a ECT.
Está em marcha uma verdadeira revolução na categoria que deverá servir de base e exemplo para a crise revolucionária que se aproxima no País e deve atingir em cheio as principais categorias operárias.

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