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sábado, 28 de abril de 2012

Por que “romper” com os sindicatos é uma política contra o movimento operário


A saída do PCdoB da federação dos Correios, aplicando a política defendida pelo PSTU de romper com as organizações sindicais existentes e criar novas organizações sindicais minoritárias a pretexto de que tais sindicatos são “governistas,” trouxe à tona o debate sobre a atuação que os revolucionários devem nos sindicatos e sua relação com a luta dos trabalhadores e, sobretudo, qual deve ser a política para combater e derrotar a burocracia sindical na luta pela independência do movimento operário 

José Pedro Martins
da redação

Em diversas situações, em diferentes países, alas pequeno-burguesas que atuam no interior do movimento e das organizações operárias procuram impigir aos trabalhadores seus próprio métodos pequeno-burgueses e substituir a luta revolucionária dos trabalhadores por ideias completamente estranhas aos interesses da classe oprimida da sociedade capitalista. Essas ideias, como não poderiam deixar de ser, procuram carregar o movimento operário do individualismo e do subjetivismo tipicamente pequeno-burguês, de consequências contrarrevolucionárias, exatamente como condiz ao próprio lugar que a pequena-burguesia ocupa na economia da sociedade.
Uma dessas ideias tipicamente pequeno-burguesas é a de que se deveria virar as costas às organizações dos trabalhadores, por esse ou aquele motivo, sempre muito nobre, em geral a condenação correta da política das suas direções, mas nobre apenas na cabeça infantil do pequeno-burguês, abandonando a classe à sua própria sorte, e criando novas organizações que seriam mais puras, angelicais e sem nenhum pecado.
Abandonar a classe operária estaria justificado pelo “caráter burocrático” dos sindicatos, pelo domínio dos pelegos e reacionários etc. etc. etc. É precisamente isso o que faz o PSTU e seus satélites na chamada Conlutas e que querem repetir agora na Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios. A Conlutas-PSTU introduz uma novidade, que analisaremos adiante, que é a ideia do governismo. Os sindicatos ligados ao governo da esquerda é que teriam que ser abandonados. Além de ser profundamente estranha ao marxismo, esta idéia é absolutamente incoerente. Se o “governismo” fosse o motor da política nos sindicatos, porque não foi aplicada aos sindicatos governistas da direita no período anterior?
Não poderia haver maior individualismo do que esse: abandonar a luta dos trabalhadores, confundir os elementos mais avançados do movimento, dividir categorias inteiras, ou seja, prestar um grande serviço aos inimigos da classe tudo em nome de uma posição moral cuidadosamente justificada por argumentos muito nobres.
Em nome do santo nome da “revolução”, o pequeno-burguês é capaz de se jogar e tentar jogar todo o movimento operário organizado na lata do lixo.

Em que consiste a doença infantil do “esquerdismo”

O revolucionário russo Vladimir Lênin explicou, com muito mais propriedade do que poderíamos fazer nesse breve artigo, as principais questões da política criminosa de abandonar os sindicatos e formar uma nova organização sindical “novinha em folha e completamente pura, inventada por comunistas muito simpáticos” (“Esquerdismo”, doença infantil do comunismo, “Os revolucionários devem ler V. Lênin). Vale a pena levantar algumas questões, já que o esquerdista pequeno-burguês tem muita dificuldade de largar o oportunismo e compreender os problemas reais que a experiência histórica já demonstrou e provou.
A atuação dos revolucionários nos sindicatos tem como objetivo fundamental atuar ali onde estão os operários, assim como são, com as suas ilusões, para ganhá-los para a revolução para fazer evoluir a sua consciência de classe sobre a base da sua própria experiência.
Segundo os esquerdistas (o PSTU prefere a expressão “ultra-esquerda”) do PSTU e dos seus aliados na Conlutas, esta ideia elementar do marxismo não se aplica.
A luta contra as direções oportunistas dentro dos sindicatos é inútil, é preciso logo romper com estas direções e criar novos sindicatos. No entanto, não se trata de que as massas devem romper, mas os “revolucionários” (consideremos por um minuto que sejam realmente revolucionários). As massas são abandonadas às direções traidoras e os revolucionários separam-se delas em um confortável gueto político. Esta é uma política, como se pode ver, de aplicação para um grupo de indivíduos, não para as massas, ou seja, tipicamente pequeno-burguesa.
Para o revolucionário proletário não é importante o caráter da direção do sindicato em questão, uma vez que toda a sua luta, em todos os lugares, em todos os terrenos é a lutar para libertar as massas operárias da influência ideológica e política da burguesia que, de fato, está em todas as organizações sociais. O revolucionário proletário, quer dizer, comunista, sabe que não é possível isolar as massas ou isolar a si mesmo da influência da burguesia, que a única coisa possível é combatê-la. Nesse sentido, a política de criar organizações separadas é uma política que se aplica a indivíduos ou pequenos grupos, mas não às massas, que somente se separarão de fato da burguesia através de uma longa experiência política e de uma luta tenaz. É uma política de efeito apenas moral, uma vez que não serve absolutamente para a organização das massas, mas apenas para aliviar a consciência do pequeno-burguês de que não está misturado com os “maus elementos”. Em resumo, é uma política tipicamente pequeno-burguesa.
Para o revolucionário comunista, a importância do sindicato não reside em que esse seja um aparelho com recursos materiais, mas em que este subordina a si mesmo as massas, que as massas o reconhecam como seu. Se assim não fosse, a discussão sequer teria sentido. É por esse motivo que o grande líder da Revolucão Russa de 1917 (que entendia alguma coisa da classe operária) assinala: “não atuar no seio dos sindicatos reacionários significa abandonar as massas operárias insuficientemente desenvolvidas ou atrasadas (isto é, a esmagadora maioria das massas, n. do r.) à influência dos líderes reacionários, dos agentes da burguesia, dos operários aristocratas, dos operários ‘aburguesados’”(O esquerdismo, doença infantil do comunismo).

Um exemplo muito claro: os sindicatos de Zubatov

Os gênios estrategistas da Conlutas convenceram-se e convenceram um número de militantes inexperientes e sem formação marxista desta política tipicamente de “ultra-esquerda” ou, como os estrategistas gostam de dizer, da “ultra” e que nós marxistas chamamos de “esquerdismo”. Um dos seus principais argumentos para convencer (ou intimidar) estes jovens sem experiência é o de que permanecer na mesma organização com o PT (o seu alvo, é importante lembrar e voltaremos sobre isso não é todo o peleguismo, mas o governismo) é estar ao lado do governo, é ser aliado dele etc.
Vejamos um exemplo da maior importância histórica que prova exatamente o contrário.  Na Rússia, os primeiros sindicatos foram organizados, ainda no final do século XIX, por nada mais nada menos do que um agente da polícia secreta do Czar, o policial Segei Vassilievitch Zubatov, chefe da Okhrana, a polícia secreta do Czar em Moscou. Alguém duvidará que estes sindicatos russos eram mais direitistas e reacionários do que qualquer sindicato brasileiro?
Pois é, foram nesses sindicatos formados pela polícia secreta mais violenta do mundo, a Okhrana, que os sociais-democratas russos e depois os bolcheviques iniciaram sua atuação no meio da classe operária. De acordo com o PSTU e seus satélites, Lênin e os bolcheviques, eles mesmos, que anos depois fariam a maior revolução operária que o mundo já viu, estariam completamente errados, mais do que isso, seriam reacionários como a okhrana. Dá para acreditar em tamanho disparate?
Os sindicatos zubatovistas foram o foco central da famosa greve geral de 1903 e que levou à demissão do próprio Zubatov. Em 1905, foi um agente zubatovista, o Padre Gapon que organizou a marcha operária reprimida pelo Czar no famoso “Domingo Sangrento” que disparou a Revolução Russa de 1905.
Não, Lênin e qualquer revolucionário que mereça ser identificado como tal defendiam que os militantes deveriam se infiltrar de todas as maneiras necessárias nesses sindicatos para fazerem o trabalho junto aos operários, pois eram em torno desses sindicatos “reacionários, monarquistas e policialescos” que se encontravam os trabalhadores.
O mais impressionante de tudo é que o acerto dessa política ficou comprovada pela revolução de 1905. Um dos principais acontecimentos e estopim para a revolução foi a manifestação organizada pelo sindicalista zubatovista Padre Gapon. Milhares de operários saíram às ruas com a foto do Czar, com imagens da Igreja Ortodoxa para pedir por favor ao santo Czar que melhorasse as condições dos trabalhadores. Manifestação pelega, não acha? Pois foi aí que, temendo perder o controle da situação política, tendo os bolcheviques e outros grupos comunistas participado da manifestação, o Czar mandou atirar nos trabalhadores e promoveu um massacre que marcou a história do movimento operário mundial. Foi esse ato, conhecido na história como Domingo Sangrento o estopim da revolução de 1905.
Segundo Lênin: “é preciso saber enfrentar tudo isso, estar disposto a todos os sacrifícios, empregar inclusive – em caso de necessidade – todos os estratagems, ardis e processo ilegais, silenciar, e ocultar a verdade com o objetivo de penetrar nos sindicatos, neles permanecer e ali realizar, custe o que custar, um trabalho comunista. Sob o regime czarista, não tivemos nenhuma possibilidade legal; mas quando o policial Zubatov organizou suas assembleias e associações operárias ultra-reacionárias com o objetivo de perseguir os revolucionários e lutar contra eles, enviamos para ali membros de nosso partido (lembro entre eles o camarada Babuchkin, destacado operário de S. Peterburgo, fuzilado em 1906 pelos generais czaristas), que etabeleceram contato com a massa, conseguiram agitá-la e arrancar os operários da influência dos agentes de Zubatov (Esquerdismo, a doença infantil...).

PSTU e Conlutas: doença infantil ou senilidade?

Os gritos histéricos do PSTU e de seus satélites contra os “pelegos” e “governistas” da CUT não são suficientes, como explica Lênin, para justificar o abandono dos sindicatos, ou ainda de uma federação ou uma Central Sindical, que como o próprio nome já diz, é uma união de sindicatos.
Depois de 11 anos apoiando a política do PT dentro da CUT com uma linguagem de esquerda, o PSTU decidiu em 2004, abandonar a única organização no País que mereceria o nome de central sindical para criar a Conlutas, uma organização supostamente pura de “esquerdistas” igualmente puros e santos, que supostamente absolutamente nada teriam a ver com o PT e seu governo anti-operário, a não ser pelo fato de que sempre apoiaram sua política, até meio segundo antes de tomarem a decisão de sair da CUT.
É difícil, no entanto, no que diz respeito ao experiente PSTU dizer que se trata apenas de uma “doença infantil”, coisa que se poderia aplicar a diversos grupos arrastados pelo PSTU para esta política “ultra”.
O PSTU é como” um homem muito velho e doente que tivesse uma mentalidade de criança.
O motivo do PSTU para sair da CUT não está ligado simplesmente a estas noções infantis sobre o caráter “governista” da CUT, mas esconde um cálculo político preciso. Não é mera coincidência que, no exato momento, em que o PSTU lançava a sua grande batalha contra o “governismo”, as “centrais sindicais” surgiam em todo o país como cogumelos depois da chuva, por iniciativas de setores da oposição de direita ao governo e de setores do próprio governo, como o PCdoB, que formou a CTB. Não é por acaso, também, que quem colocou em prática nos correios a política revolucionária do PSTU foi a contrarevolucionária CTB. Está claro que este movimento geral de modo algum está determinado pela “luta dos trabalhadores” e sim pelos interesses da burocracia sindical não cutista (veja bem, incluindo setores “governistas” não cutistas como o PCdoB). É uma política comum ao PSTU “revolucionário e antigovernista” e aos governistas e contrarrevolucionários declarados. Um pouco de coerência lógica já demonstra que as alegações do PSTU não passam de fachada.
O problema real, que unifica todo este mosaico de sindicalistas governistas, antigovernistas, socialistas e capitalistas é que todos se sentem esmagados pela burocracia das grandes centrais na luta pelos seus interesses burocráticos e, mais ainda, nos seus interesses eleitorais. A burocracia petista que dirige a CUT transformou a maior e mais importante organização sindical do país em um cabo eleitoral de tamanho extra-grande. Os sindicalistas que são cabos eleitorais de partidos burgueses têm eles mesmo pretensões eleitorais e os partidos burgueses que gostariam de destruir o monopólio do PT lançaram-se a criar as suas próprias “centrais”, que não passam de uma fachada para o seu proselitismo e recrutamento eleitoral, delimitando-se com um discurso oportunista dos sindicalistas da CUT e explorando em seu favor a sua vinculação com o governo. Daí também o fato de que o PSTU tenha escolhido esta palavra – que é central em toda a sua operação – de “governismo”, a qual, como veremos em seguida, nada tem de marxista ou, seja, não tem qualquer conteúdo de classe. A central patrocinada pelo PSDB e pelo DEM, a justo título também pode se chamar antigovernista.
Neste sentido, o problema do PSTU – diferentemente de vários grupos da Conlutas – não é da área da pediatria, mas faz parte de outro ramo da medicina, a geriatria. É um doença senil, como muito bem disse Trótski dos stalinistas quando estes começaram a macaquear estas teses “ultra”, como a de criar os sindicatos vermelhos. É o caráter burocrático e em retrocesso do sindicalismo do PSTU, completamente dependente dos aparelhos sindicais, da legalidade governamental etc. que os leva a exibir esta política infantil “ultra”, mas o seu problema é a decadência e não a inexperiência.

O que é o “governismo”?

Para justificar esta política antimarxista, o PSTU sacou do arsenal pequeno-burguês de chavões e palavras sem significado a palavra “governista”. A função psicológica deste termo é evidente. Basta que qualquer um dos elementos semi-anarquistas e pequeno-burgueses da Conlutas seja acusado de estar relacionado com o governo Lula, em particular diante da campanha incansável da imprensa burguesa direitista contra o governo, para que este se assuste na hora e procure se safar da acusação. É por este motivo que o PSTU e seus aliados infantis procuram intimidar o Partido da Causa Operária com a pecha infamante de “governista” e, na realidade, não tem qualquer outro argumento.
Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que ser antigovernista não significa nada ou pior, pode significar que se é parte da oposição de direita ao governo oportunista e burguês de esquerda de Lula ou Dilma Rousseff. Afinal de contas, não será o sr. José Serra o maior de todos os antigovernistas deste país? Não será a revista Veja o maior porta-voz do antigovernismo? Isso quer dizer que, sem ter consciência, os “antigovernistas” nada mais são que um apêndice, em termos políticos do antigovernismo oficial, do qual, aliás não fazem esforço algum para se diferenciar.
Para um revolucionário proletário, quer dizer marxista, comunista, o fato de um partido ou uma direção estar ligada ou não a um governo de turno não tem absolutamente a menor importância, exceto em questões concretas da luta cotidiana. Nós, os marxistas, baseamos a nossa atividade na luta de classes e nos conceitos de classe social. A nossa é uma luta da classe operária contra a burguesia e, deste ponto de vista geral, não há diferenças senão secundárias entre um burocrata sindical do PT ou do PSDB, quem quer que esteja no governo. É por este motivo que sempre denunciamos a subordinação da burocracia cutista ao Estado capitalista e, inclusive, aos governos de plantão, como Sarney ou Collor.
Outra coisa que a noção burguesa de governismo serve apenas para ocultar. A essência da burocracia sindical é a de ser vinculada à burguesia de conjunto por meio do Estado capitalista. Não é o fato do partido ao qual a burocracia está ligada estar no governo que altera esta situação.
Esta falta de concepção de classe e de uma política baseada na luta de classes é uma característica essencial do PSTU, organização pequeno-burguesa. Quando estava na CUT também não combativa a burocracia sindical com base na luta de classes, mas fazia uma oposição puramente verbal, baseada em discordâncias secundárias. Este tipo de oposição é tomado pelas pessoas inexperientes como sendo um antagonismo fundamental com a burocracia, quando, na realidade, colocava sempre o PSTU no terreno de classe da burocracia sindical.
Isso fica demonstrado pelo fato de o PSTU e seus aliados não conseguirem compreender que a CUT já era “governista” antes de Lula chegar ao governo. O que dizer então das câmaras setoriais no governo Itamar, onde sentavam junto com os patrões da Fiesp e o governo para chegar a uma política comum? A própria conciliação de classes, pelega e traidora, que essencialmente servia para sustentar o frágil e instável governo federal. Antes ainda, três anos depois de sua criação, a direção da CUT apoiou o Plano Cruzado, outra medida que serviu para sustentar o frágil governo Sarney.
Durante todo esse tempo ainda, o PSTU esteve apoiando, ora explicitamente – na maioria dos casos -, ora disfarçadamente, a política traidora levada pela Articulação do PT dentro da CUT. Decidiram romper depois, e quando exatamente a subida do governo Lula colocaria em xeque explicitamente a sua aliança com aparência oposicionista com o PT na CUT, deixando exposta sua política de colaboração e exigindo uma maior subordinação formal à burocracia do PT. Nós do PCO nunca nos preocupamos com isso porque a nossa posição dentro da CUT sempre havia sido a de uma oposição perseguida pela burocracia e não de um corrente que atuava sobre a base de um acordo geral com a burocracia como era o PSTU. Este último fato ficou absolutamente claro quando da eleição de Vicente de Paula, o “vicentinho” que assumiu a direção da CUT apoiado por uma extensa campanha dos empresários e da imprensa capitalista para levar adiante uma política abertamente capitalista na CUT. Apesar de tudo isso, o PSTU integrou a chapa da situação, ou seja, a chapa de “Vicentinho”, da FIESP, de O Estado de S. Paulo, da Folha de S. Paulo, da Rede Globo e da Veja! Como estava longe, neste momento, o PSTU do “antigovernismo”! Finalmente, esta escandalosa política “governista” valeu ao PSTU dois cargos na direção da CUT e selou a sua aliança com a burocracia sindical que continuou inclusive debaixo da chapa neoliberal de “Vicentinho”.
De um certo ponto de vista, o PSTU e seus aliados na Conlutas têm razão de acusar o PCO de governista por estar na Central Única dos Trabalhadores. Têm razão do ponto de vista da sua própria política, porque a experiência de uma década na CUT e a experiência ainda maior no PT significa, para organizações pequeno-burguesa, que militar na CUT e no PT não era apenas um meio para levar adiante a luta de classes junto aos trabalhadores contra a direção destas organizações, mas um acordo com estas direções. Como, quando estavam juntos, estabeleciam um acordo político com a burocracia, não conseguem compreender que um partido, como o nosso, tenha passado anos em uma situação de isolamento e perseguição política, marginalizado dos privilégios concedidos pelo aparelho burocrático a todos os que lhes prestavam algum tipo de serviço contra a classe trabalhadora.
Esses exemplos deixam claro que há um agravante na política do PSTU em relação ao que Lênin nos ensinou no início do século XX. Há aqui um oportunismo claro, não se trata de simples equívoco ou erro infantil, mas de uma política decadente, de um grupo dependente dos aparelhos sindicais que na defesa da sua sobrevivência oportunista os leva a confundir e dividir os trabalhadores e sua luta sem qualquer consideração.
Essa é a principal explicação, além é claro da própria ignorância, do fato de que é tão difícil para o PSTU compreender o bê-á-bá da política revolucionária explicada por Lênin e Trótski.
A política infantil é usada pelo PSTU para contaminar determinados setores bem intencionados, mas inexperientes do movimento operário com uma política que, no fundo, não é outra coisa que oportunista travestida de combativa e revolucionária.
Como explica Lênin, a introdução de tais ideias no seio do movimento são absurdos ridículos “como uma discussão acerca da maior ou menor utilidade que tem para o homem a perna esquerda ou o braço direito.” (idem). Ou conforme diria o ditado popular brasileiro, é uma ideia “sem pé nem cabeça”: “Também não podemos deixar de achar um absurdo ridículo e pueril as argumentações ultra-sábias, empoladas e terrivelmente revolucionárias (...) a respeito de ideias como: os comunistas não podem nem devem atuar nos sindicatos reacionários; é lícito renunciar a semelhante atividade; é preciso abandonar os sindicatos e organizar obrigatoriamente uma ‘união operária’ novinha em folha” (ibidem).
Para explicar melhor, a discussão de romper com os sindicatos e organizações sindicais não só é uma política errada e criminosa, como também não tem nenhum sentido prático e político real a não ser do ponto de vista de grupos que vivem parasitariamente do aparelho sindical. Não deve, portanto, sequer ser levada a sério, não importam os pretensos argumentos ultra-esquerdistas gritados pelos pequeno-burgueses.
Por fim, para aqueles que ainda têm dúvida de onde estariam os trabalhadores brasileiros, basta uma constatação. A CUT, que ainda é uma central em formação, justamente porque teve sua formação truncada pelo peleguismo e traição do Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol) à luta dos trabalhadores, representa mais de 3 mil sindicatos no País, das maiores e mais importantes categorias, quase 40% dos sindicatos operários. A tão “limpa e pura” Conlutas aglomera..... bem menos de 0,5% desses sindicatos, um resíduo. Se a luta dos trabalhadores têm que passar por alguma organização já formada pela própria experiência politica, certamente ela será 
a CUT. Ignorar esse fato é ser um ignorante ou um mal intencionado.

O folclore do “sindicato patronal”

Outro argumento levantado pelos “ultras” do PSTU e seus satélites para romper com a Fentect é o de que essa seria “patronal”. É preciso, antes de mais nada esclarecer o óbvio: os patrões têm os seus sindicatos e associações patronais – como a Fiesp ou a Fenaban – e os trabalhadores têm os seus sindicatos. Se não houvesse diferença, para que então existirem dois sindicatos? Os patrões poderiam constituir apenas os deles, desmanchar os sindicatos das categorias.
E por que a burguesia não acaba então com os sindicatos dos trabalhadores e deixa apenas os seus próprios? É simples. Porque o desenvolvimento e a experiência do movimento operário obrigaram, pela força, a burguesia a reconhecer os sindicatos das diversas categorias que são vistos pelos próprios operários como resultados do seu desenvolvimento histórico como organizações de classe. E como toda a necessidade histórica, é um fenômeno que não pode ser revertido da cabeça de ninguém, nem mesmo de uma classe como a burguesia.
Já que é impossível “voltar atrás”, os patrões precisaram lançar mão de um artifício: colocar elementos seus dentro dos sindicatos dos trabalhadores ou corromper os chefes que se destacaram nas diversas categorias. Isso significa que a burocracia não determina o caráter de classe do sindicato, assim como a burocracia stalinista não determinava o caráter de classe da URSS, que Trótski considerava como “Estado Operário”, apesar de ser dirigido por uma imensa burocracia contra-revolucionária.
A realidade é implacável e não respeita a compreensão limitada do pequeno-burguês.
O agente da burguesia dentro dos sindicatos dos trabalhadores é a burocracia sindical – seja de direita ou de esquerda, governista ou antigovernista – que leva adiante dentro dos sindicatos uma política que serve aos interesses patronais na medida em que deixam os interesses dos trabalhadores a reboque dos interesses da burguesia, o que em última instância significa o predomínio absoluto da burguesia e a anulação temporária do sindicato como instrumento da luta de classes. Mas esse fato não transforma o sindicato em “patronal” como quer o PSTU e os ultra-esquerdistas infantis que os seguem sem pensar. Vamos insistir no óbvio: sindicato patronal é dos patrões, sindicato dos trabalhadores é dos trabalhadores.
Por esse motivo, romper com os sindicatos é dar as costas aos trabalhadores, é abandoná-los nos braços da burguesia. Para quem se reivindica marxista, a primeira preocupação deveria ser exatamente oposta: em primeiro plano está a luta, seja ela diretamente contra os patrões seja contra os elementos patronais que foram infiltrados nas organizações operárias para frear a luta dos trabalhadores.
Repetindo novamente as sábias palavras de Lênin: “é preciso saber enfrentar tudo isso, estar disposto a todos os sacrifícios e, inclusive, empregar - em caso de necessidade - todos os estratagemas, ardis e processos ilegais, silenciar e ocultar a verdade, com o objetivo de penetrar nos sindicatos, permanecer neles e ai realizar, custe o que custar, um trabalho comunista.” (idem)
Conforme podemos ver, a história de que os sindicatos são “patronais” e que por isso deveríamos romper com eles é história para boi dormir, é um folclore inventado pelas cabeças ocas da esquerda pequeno-burguesa.
A importância das organizações sindicais – centrais, federações e sindicatos – é precisamente o fato de que a classe operária se encontra ali. É assim.
A pior versão possível desta asneira ultra-esquerdista e infantil é a versão da Conlutas, que quer abandonar os sindicatos porque são “governistas”, não porque são burgueses. É a versão piorada, mais abertamente pequeno-burguesa da mesma asneira esquerdista. Se é um crime romper com uma organização sindical porque é dirigida por agentes da burguesia, ou seja, com uma explicação esquemática e equivocada, mas que tenta ser de classe, muito pior é romper com uma explicação pequeno-burguesa que sequer considera o caráter de classe do problema.

O que é a CUT: uma completa incompreensão da luta de classes e do sindicalismo

Entre as coisas absolutamente sem sentido que o PSTU e os integrantes da Conlutas falam dos sindicatos está a sua “análise” da Central Única dos Trabalhadores. Vamos examinar aqui alguns argumentos.
Vamos somente assinalar, en passant, como no xadrez, que os integrantes destas organizações se desinformam e desinformam outras pessoas como uma versão falsificada da história da CUT, dizendo que esta foi o resultado de uma ruptura com uma imaginária “CGT varguista”.
A CUT não foi o resultado da ruptura de nenhuma organização sindical. No Brasil, historicamente não existiu nunca uma verdadeira central sindical. A mais importante tentativa foi a confederação Operária Brasileira no início do século XX. O varguismo, cuja ideologia nacionalista tem origem fascista, nunca foi a favor da criação de uma central sindical, o que tornava mais fácil para eles dominar a classe operária e arrastá-la detrás de uma política burguesa, uma vez que a central sindical é sobretudo uma arma política da classe operária. Os stalinistas, completamente subservientes à burguesia, também nunca criaram ou procuraram de fato criar uma central operária, o que implicava em romper com os sindicalistas pelegos do PTB varguista. Daí que antes de 64, os stalinistas buscassem responder às necessidades de centralização da classe operária com “pactos”com o PUA, Pacto de Unidade e Ação, entre sindicatos ou com “comandos”. A CGT varguista dos “ultras” ignorantes da história do movimento operário era, na realidade, o Comando Geral dos Trabalhadores stalinista, uma caricatura de central sindical.
Os pelegos sustentados nos sindicatos pela ditadura e seus aliados do PCB e do PCdoB na década de 70 eram completamente contrários à construção de uma central sindical, o que significava além de tudo desafiar frontalmente o regime militar. Lula e setores oposicionistas insistiam em conseguir o apoio dos sindicalistas pelegos para a construção de uma central única de trabalhadores, apesar da evidente oposição destes setores ao projeto. Finalmente, conseguiram o acordo com o sindicalismo pelego de realizar, de acordo com a legislação trabalhista da própria ditadura, o Conclat, Congresso das Classes Trabalhadores, tudo absolutamente legal. A CLT previa também o Conclap, congresso das classes patronais.
Este foi realizado em 1981 na Praia Grande em S. Paulo com mais de cinco mil sindicatos, a maioria de burocratas ligados ao regime militar. Neste congresso, foi aprovada a proposta de criar uma central sindical e estabelecida a Comissão Pró-CUT, de comum acordo entre o sindicalismo lulista, dissidência do peleguismo do regime militar, os pelegos e as oposições. Esta proposta foi aprovada pela pressão das greves de 1978, 1979 e 1980 no ABC, que abalaram o sindicalismo pelego.
Ao Congresso, no entanto, seguiram-se três anos de recessão e de refluxo do movimento grevista, o que permitu aos pelegos tentar engavetar a proposta de central sindical. No entanto, em 1983, quando começam a ser retomadas as greves, a ala lulista juntamente com a oposição decide acabar com a enrolação e chamar o congresso da CUT, ao qual os pelegos decidem não comparecer. De fato, embora Lula e as oposições tenham rompido com os pelegos na sua política de não construir a CUT, quem rompeu com a CUT foram os pelegos e não o sindicalismo de oposição.
A CUT não foi o resultado desse congresso, mas das greves gerais de 1983 e 1984 que convocaram e da maior onda de greves, de caráter revolucionário, que o país já teve em 1985, quando as oposições sindicais dirigidas pela CUT derrubaram as diretorias pelegas em mais de mil sindicatos. Não fosse essa enorme luta operária e a CUT e nem nenhuma das atuais centrais sindicais teria existido, isso porque uma central sindical não é criação de um congresso, mas da luta de massas da classe operária. Os pelegos, encurralados pela situação criaram a CGT que faleceu logo em seguida, sendo substituída pela Força Sindical, criada diretamente pelos patrões para agrupar o que restava do sindicalismo pelego em crise terminal.
Os “ultras” do PSTU apressam-se, em sua concepção pequeno-burguesa, em jogar na lata de lixo a CUT como sendo uma mera criação de cartório e que pudesse ser substituída pela Conlutas em um cartório, esquecendo-se que esta é o resultado de um movimento histórico. Pior, equiparam a CUT às demais “centrais”, que nada mais são que invenções burocráticas. Assim, criar uma central sindical tornou-se mais fácil do que comprar um cachorro-quente em uma barraquinha na calçada, o que mostra o superficialismo dos pequeno-burgueses. Para eles, se a central não está 100% boa, vamos construir outra, é tão fácil! Basta colocar 100 estudantes em um congresso e pronto! Isso mostra apenas que os pequenos-burgueses são espertos e têm soluções inteligentes para tudo, mas são uma nulidade social e nada têm a ver com as necessidades da classe operária. O resultado é que a Conlutas, ao invés de agrupar milhões de operários e milhares de sindicatos, só anda para trás.
Os “ultras” do PSTU e da Conlutas argumentam que a CUT não organiza a luta e, portanto, não tem função. Esquecem-se que, na realidade, ninguém organiza a luta geral e que, de fato, não há luta alguma. Esquecem-se, também, de perguntar por que não há luta alguma.
A importância da CUT se mostra justamente pela negativa. A burocracia usa a CUT como um poderoso instrumento de contenção das lutas, apoiada na situação de refluxo. Esse simples fato mostra o poder e a importância da CUT, embora pela negativa. O impressionismo político e o empirismo são também característica dos pequeno-burgueses que somente conseguem ver o que indica o senso comum e as aparências imediatas, sem compreender concreta e essencialmente o fenômeno político.
Outro argumento muito impressionante é o de que a CUT não é um sindicato e, pior ainda, se possível for, que os trabalhadores estão organizados nos sindicatos de base e aí travam a sua luta e, portanto, a CUT simplesmente não tem importância. Fica claro por estes argumentos porque Lênin designava estas concepções como infantilismo. Em primeiro lugar, é um verdadeiro achado dizer que a CUT não é um sindicato. Seria preciso explicar qual seria a natureza destas organizações. Seriam clubes de boliche?
Por outro lado, se o importante é o sindicato de base e não a central sindical (eu disse “sindical”, perdão, esqueci que não é um sindicato!) porque, então criar a Conlutas? Fica prejudicada mais uma vez a coerência.
O mais importante, no entanto, é que o argumento revela a natureza sindicalista e oportunista do PSTU e da Conlutas. Cada organização sindical se diferencia sobretudo pelo âmbito da sua atividade. Uma comissão de fábrica organiza a luta dos trabalhadores de uma fábrica, restrita em geral a questões locais. O sindicato de base organiza a luta dos trabalhadores das várias fábrias de uma determinada base territorial para lutar contra um patrão ou grupo de patrões. Uma federação nacional, como, por exemplo, a dos bancários, organiza os sindicatos estaduais ou regionais para lutar contra o mesmo patrão em escala nacional. A central sindical organiza ou deveria organizar o conjunto dos trabalhadores e sindicatos para lutar contra o governo em âmbito nacional.
No que diz respeito à central sindical, a luta dos trabalhadores sofre uma mudança de qualidade, tendendo a se transformar de luta econômica (nas comissões de fábrica, sindicatos de base e federações) em luta política contra toda a classe capitalista organizada pelo Estado capitalista. Toda luta contra o Estado ou no âmbito das instituições do Estado é, por definição, uma luta política.
Ao dizer que basta a luta na base dos sindicatos, a Conlutas e o PSTU abdicam da parte mais importante da luta da classe operária que é a luta política, muitas vezes expressa nas greves gerais. Ninguém se preocupou com isso porque toda a política do PSTU e de seus seguidores na Conlutas é baseada no senso comum adquirido no período de refluxo, quando não se vêem greves gerais, e não no marxismo. Criar a Conlutas como alternativa à CUT seria dizer que estão construindo uma alternativa para a luta política dos sindicatos e da classe operária, coisa que ninguém é capaz de levar a sério, particularmente os que não vivem do senso comum pequeno-burguês e sabem o que significa organizar uma greve geral.
As “análises” da CUT que examinamos acima foram feitas apenas para justificar a ruptura com a CUT. É sabido que a política pequeno-burguesa não é baseada em uma análise e uma teoria, mas que a pseudo teoria e a pseudo análise são usadas pelas correntes pequeno-burguesas para justificar e encobrir os seus interesses, cuja base é completamente distinta da justificativa apresentada. No entanto, cada um justifica de acordo com as suas próprias ideias, no marco da sua compreensão da realidade, e a justificativa do PSTU e dos conlutistas expressa uma completa despolitização e um abandono também completo da luta política de massas da classe operária ou, dito de outra forma, o programa de transformar a luta econômica da classe operária, de caráter reformista, em luta política revolucionária da classe, mostrando que estamos diante de uma organização reformista e oportunista com muita gritaria revolucionária.

O exemplo dos petroleiros

A teoria totalmente artificial de que se pode romper com a CUT porque não é sindicato de base esbarra, além da teoria e da lógica, na realidade.
Isso fica claro quando vemos que o PSTU e a Conlutas têm como meta romper com duas das mais importante federações sindicais do País, a dos trabalhadores petroleiros e a dos trabalhadores dos correios.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP), hoje, abarca 12 dos 17 sindicatos de petroleiros do Brasil, com 270 mil trabalhadores na base. A maioria dos seus sindicatos e da base de trabalhadores é filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT). O PSTU seguiu a mesma política do PCdoB nos petroleiros e rachou, junto com este, da FUP/CUT e levou a uma política de dividir a categoria com quatro sindicatos e pouco mais de 20 mil trabalhadores ou seja, 7% do total.
Com isso foi criada a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros).
Segundo a “teoria” dos ultras”, o “racha” estaria justificado porque não se trata do sindicato de base, mas da federação nacional que, na teoria pós-moderna e pós-marxista do PSTU, não é sindicato.
Ocorre que esta avaliação é puramente cartorial e formalista e não corresponde aos fatos. Os sindicatos petroleiros agrupam os trabalhadores de uma mesma empresa, a Petrobrás e, na realidade, é um contra-senso que haja mais de um sindicato para estes trabalhadores. A federação, neste sentido, é na realidade, o verdadeiro sindicato da categoria, uma vez que a função essencial que caracteriza o sindicato é a sua faculdade de contratação coletiva. Ora, quem faz a contratação coletiva é a Federação, que encabeça a campanha salarial dos petroleiros que tem que obrigatoriamente ser nacional, pelo menos do ponto de vista dos trabalhadores. Romper esta federação, assim como no correio, significa romper o sindicato da categoria.
E qual seria o ganho dos petroleiros com duas federações? Se fossem duas federações reais, teriam apenas e tão somente o prejuízo de ficar divididos diante do patrão unificado. Na realidade, porém, acontece outra coisa que demonstra a farsa da política “ultra” do PSTU e dos seus amigos sem bússola da Conlutas.
Essa federação anã, de tão “revolucionária e combativa” atua sempre a reboque dos pelegos, traidores e “governistas” da FUP, seja nos acordos salariais ou nas greves e mobilizações.
O gratuidade da divisão dos trabalhadores ficou evidente, pois a FNP atua como um anexo da FUP, sempre em favor da política da burocracia sindical do PT. Nas campanhas salariais chamam a unidade com a FUP, na tentativa de esconder a farsa da divisão. A FNP controla a minoria da minoria da minoria dos sindicatos da categoria e não possui poder de intervir de maneira efetiva nas negociações da empresa, a federaçãozinha do PSTU só serve mesmo para causar grande confusão entre os trabalhadores. Essa é sua única utilidade. Os patrões agradecem. Finalmente, o resultado é que o PSTU tem a sua federaçãozinha, recolhe uma parte das rendas sindicais, pagas apenas à federação de fachada que criou, cria cargos com liberação do trabalho e ostenta para os pequeno-burgueses superficiais, a sua enorme “força” ao filiar à Conlutas, uma central sindical de mentirinha, uma federação de mentirinha.
Só para lembrar que a divisão da FUP facilitou enormemente a vida da burocracia da FUP. Isso porque a política traiçoeira de saída da FUP e criação da FNP retirou parte da oposição a essa burocracia, que se encontra na base desses sindicatos, e deixou livre o caminho para que essa burocracia atuasse livremente.

Nos Correios, a revelação da farsa

Nesse momento, o problema da atuação nas organizações sindicais pelegas, a ruptura e a criação de outras organizações paralelas têm se colocado de maneira decisiva para toda a categoria dos Correios e dos ativistas do movimento sindical. Aqui, o exemplo da política ultra sectária do PSTU/Conlutas em oposição ao marxismo e à luta política revolucionária, com uma mistura inconfundível de oportunismo e vigarice política, é bastante ilustrativo para todos aqueles que analisam o problema.
No marco de uma crise sem precedentes do principal bloco dominante da burocracia sindical PT-PCdoB, diante do ódio dos trabalhadores em relação à política patronal levada pela burocracia, o PCdoB anunciou a ruptura com a Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios), desfiliando os sindicatos de São Paulo e Rio de Janeiro, os maiores da categoria, defendendo a criação de uma nova federação.
O bloco dominante da burocracia sindical PT-PCdoB, que possibilitou o estrangulamento das greves e mobilização da categoria, pelo menos na duas últimas décadas, rachou ao meio com o anúncio da desfiliação. O golpe do PCdoB, uma tentativa desesperada de se livrar da crise através da divisão dos trabalhadores, acabou derrubando a máscara do PSTU, o principal defensor dessa mesma política, com exatamente os mesmos argumentos.
Restou ao PSTU ou se aliar abertamente ao PCdoB no intento divisionista e se manter em sua campanha de dividir a categoria, ou se manter na Fentect e constituir junto com o restante da oposição um bloco que tem chances concretas de impor uma derrota à burocracia. Nesse sentido, a política criminosa do PSTU/Conlutas foi revelada.
Ela já havia ficado clara em 2010, quando o PSTU destruiu o bloco de oposição, chamado bloco dos 17 sindicatos contra o acordo bianual, criando a FNTC (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios) conhecida na categoria como Federação Anã e estabelecendo uma chapa nas eleições de São Paulo com a Articulação do PT, colocando o secretário-geral da Fentect com o cargo de tesoureiro.  
Nos Correios, o PSTU estava em bloco permanente com os representantes patronais (PT-PCdoB) na categoria, apoiando todas as suas traições. Organizou a fraude eleitoral no Sintect-SP, com eleições feitas à revelia do estatuto, para entregar o sindicato para o PCdoB, agentes diretos dos patrões e defensores da privatização dos Correios.
A política do PSTU e seus satélites nos Correios segue a linha do divisionismo levado adiante com a ruptura com a CUT e a FUP. O agravante é que no caso dos Correios o crime é mais gritante. Se uma parte da oposição for levada pela política de criar a Federação anã, será o maior presente que alguém poderia dar à burocracia sindical do PT e ao governo. A crise da burocracia é tão clara que salta aos olhos até mesmo dos mais desinformados, basta não ser limitado pelos preconceitos pequeno-burgueses que se alastram no cérebro dos esquerdistas como um câncer.
O exemplo da própria categoria revela que está na hora de derrubar a burocracia. A greve dos Correios em 2011, que durou 28 dias e foi a maior dos últimos 15 anos, mostrou que os trabalhadores estão passando por cima dos traidores. Não “por fora” da Fentect e dos sindicatos, como quer confundir o PSTU, mas por dentro deles e contra a corja criminosa que se infiltrou nas organizações operárias para fazer o serviço dos patrões.
Abandonar a Fentect é não só abandonar os trabalhadores dos Correios e a possibilidade de retomar a federação para a luta, é favorecer explicitamente a burocracia sindical do PT e os patrões da categoria.
A ruptura da Fentect é, muito claramente, uma traição direta aos interesses dos trabalhadores de todo o país. 

Quem quer lutar, luta

Diante disso, a política do PSTU e de seus satélites na Conlutas não passa de um distracionismo político e de um obstáculo ao desenvolvimento dos setores mais avançados da classe trabalhadora. A discussão de que se deve ou não romper com as organizações sindicais, se a CUT ou a Fentect são independentes ou não, patronais ou não, reacionárias ou não, é falsa e está sendo imposta pela esquerda pequeno-burguesa que atua no interior do movimento operário. É uma preocupação artificial introduzida por quem não tem qualquer preocupação com os interesses ou qualquer ligação com a massa dos trabalhadores. Pelo contrário, restringe o problema à disputa de caráter parlamentar que se dá na cúpula dos sindicatos por cargos.
Incidentalmente, muitos desavisados no interior da Conlutas parecem pensar o contrário, ou seja, que seria uma despreocupação com os aparelhos.
Esta concepção é completamente falsa porque é evidente que o PSTU e a Conlutas não colocam, na prática, o problema do ponto de vista dos trabalhadores e da sua luta como sendo o fator decisivo na luta sindical, mas o problema do aparelho, da instituição. Não confiam absolutamente na capacidade dos trabalhadores derrotarem o aparelho da burocracia que apresentam como sendo onipotente e impossível de ser derrotado por dentro dos sindicatos. Daí a necessidade de criar organizações paralelas. Trata-se, na realidade, de uma política capituladora e derrotista de pequeno-burgueses que não acreditam na força da classe operária e não querem esperar o desenvolvimento desta luta, apresentando como alternativa (ridícula) a sua própria atividade individual através de aparelhos depurados de pelegos. Na prática, os novos aparelhos somente servem como aposentadoria para uma burocracia de quinta linha do PSTU.
A essa imposição, os revolucionários devem esclarecer e colocar em prática uma luta política intensa contra essas ideias, que devem ser denunciadas para todos os trabalhadores como um crime contra o desenvolvimento da luta.
A tarefa que está colocada pelos trabalhadores brasileiros, em especial dos Correios, é limpar de vez a burocracia sindical que domina os sindicatos, que diferente dos sindicatos zubatovistas na Rússia não foram criados pela polícia secreta, mas pela própria luta revolucionária dos trabalhadores dos Correios no final dos anos 80. Se era um crime romper com os sindicatos zubatovistas, mais criminoso ainda seria romper com a Fentect.
A burocracia, governista ou não, deve ser varrida do mapa, mas pelos próprios trabalhadores, assim como as ideias cujo único objetivo é causar a confusão na classe e servir a essa mesma burocracia, como fica claro na atuação do PSTU, amigo de fé da burocracia sindical do PT-PCdoB e integrante do Bando dos Quatro. Somente essa luta levará os trabalhadores a sua vitória final contra os patrões.

Um comentário:

  1. OS PARTIDOS POLITICOS E AS CORRENTES QUE MILITAM NOS CORREIOS, ESTÃO ACABANDO COM A CREDIBILIDADE QUE A CATEGORIA TINHA NAS ENTIDADES SINDICAIS NOS CORREIOS, CREDIBILIDADE QUE FOI CONQUISTADA COM MUITAS LUTA NO PASSADO, POIS MUITOS DIRIGENTES FORAM PERSEGUIDOS, DEMITIDOS E HUMILHADOS NA EMPRESA. SINVALDO AP. SANTOS EX. CARTEIRO,EX. DIRIGENTE SINDICAL EX. DELEGADO SINDICAL NOS CORREIOS DE SP

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