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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Novamente, as mentiras da ECT

Direção da empresa publicou em seu blog uma nota de “esclarecimentos” afirmando que a “representação dos trabalhadores tem informado erroneamente os empregados” sobre alguns pontos em discussão nessa campanha salarial. Vejamos quem está mentindo.




1 - “Disposição negocial”
A empresa afirma: “São os Correios que desde o dia 3 de julho, em respeito à data-base da categoria (1º de agosto) têm tentado negociar com a representação dos trabalhadores. No entanto, somente no dia 26 do mês passado a Fentect iniciou as tratativas. Até o momento já foram realizadas sete reuniões com a Fentect”.

O que a ECT quer dizer: que é a Fentect que não quer negociar e que a federação tentou, deliberadamente, retardar o início das negociações.

Por que é mentira: Em nenhuma das sete reuniões realizadas entre a ECT e a Fentect, os representantes da empresa apresentaram qualquer resposta às reivindicações apresentadas. Os membros da comissão de negociação da categoria apresentaram 15 dos mais de 80 pontos de sua pauta de reivindicações, explicando detalhadamente seus motivos. A empresa ignorou completamente o pleito dos trabalhadores apresentando como “contraproposta” o famigerado reajuste de 3% sobre salários e benefícios, um índice irrisório e inferior até mesmo às avaliações mais otimistas sobre a inflação dos últimos 12 meses. A empresa tenta, na nota publicada no blog nesta quarta-feira, retomar a intriga criada por ela mesma de que a Fentect não quer negociar, quando é evidente a sua má-fé na mesa de negociações. A “proposta” de 3% não é mais do que uma provocação da empresa contra os trabalhadores.

2 - “Transparência”

A empresa afirma: “Foi a ECT que criou o blog do acordo coletivo na internet, podendo ser acessado em qualquer lugar a qualquer hora, com possibilidade de comentários. Só este ano já foram 150 mil acessos e mais de 3 mil comentários”

O que a ECT quer dizer: Que o blog criado por ela, onde a direção da empresa se manifesta unilateralmente sobre as negociações do acordo coletivo, é tudo o que os trabalhadores tem direito.

Por que é mentira: A categoria acompanhou via internet a transmissão ao vivo, em áudio e vídeo, das sessões do 11º Congresso Nacional dos Trabalhadores dos Correios (XI Contect), realizado em junho passado. É perfeitamente possível, e o novo sindicalismo que está à frente da Fentect agora o provou ao transmitir para todos os trabalhadores do país as discussões e votações no seu XI Contect, que as reuniões de negociação sejam igualmente transmitidas em vídeo, ao vivo, via internet. É essa transparência que os trabalhadores exigem. A ECT tem medo da opinião dos seus próprios trabalhadores, por isso insistem em controlar as informações (o blog criado por ela serve justamente para isso: oferecer a versão oficial da empresa sobre as negociações). Além disso, a transmissão ao vivo das sessões da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, do Supremo Tribunal Federal e de outras entidades públicas já se tornou fato corriqueiro no país. Era de se esperar que a ECT, uma das maiores estatais do Brasil e uma das maiores empresas de comunicação da América Latina, estivesse na linha de frente do oferecimento do acesso à informação, isenta de manipulação e controle sob interesses escusos, particularmente para os maiores interessados no assunto em pauta (a campanha salarial), seus próprios trabalhadores. É viável, é relativamente barato e perfeitamente factível. A empresa não quer a transmissão ao vivo das negociações porque sabe que uma vez que os trabalhadores puderem ver com seus próprios olhos o que acontece nessas reuniões (que decidem o futuro de mais quase 100 mil famílias ligadas aos Correios) os representantes patronais, acostumados com a compra e venda de sindicalistas pelegos e com acordos escusos feitos a portas fechadas, perderiam completamente sua autoridade. A empresa não quer que a categoria saiba como funcionam as reuniões da campanha salarial sem que ela possa controlar, manipular e distorcer o que está acontecendo e, por isso, quando dizem que defendem a “transparência”, não estão fazendo mais do que mentindo descaradamente para os trabalhadores.

3 - “Proposta”

A empresa afirma: “A  proposta apresentada pela empresa foi feita após avaliação de todos os itens das pautas de reivindicações. A proposta contempla resposta a todas as cláusulas da pauta”

O que a ECT quer dizer: Que os trabalhadores devem mesmo levar a sério que o índice de reajuste de 3% apresentado pelos representantes patronais na mesa de negociação.

Por que é mentira: Além de dizer aqui o óbvio (que os 3% apresentados pela ECT não são suficientes sequer para repor a inflação do último ano), é preciso acrescentar o seguinte: não houve qualquer avaliação séria das reivindicações apresentadas pelos trabalhadores. Quem, por acaso, acreditaria que o índice de 3% apresentado pela ECT é uma resposta a reivindicações como o fim do SAP, o fim das horas-extras, a contratação imediata de mais 30 mil trabalhadores, o fim da superexploração dos trabalhadores ecetistas etc. etc. etc.? É evidente que a empresa está tentando impor a sua vontade e calar a boca dos trabalhadores.

4 - “Acórdão do TST”

A empresa afirma: “Mesmo com o aval do antigo comando da Fentect,  a atitude radical de alguns setores que não aceitaram a proposta da empresa no ano passado  —  melhor para o trabalhador do que aquela resultante do dissídio — é que levou à negociação para julgamento no TST. O acórdão é válido por quatro anos segundo cláusula 63”.

O que a ECT quer dizer: Um absurdo: a culpa por levar a campanha salarial de 2011 para o TST, e pelo acórdão do ministro Dalazen, é da atual diretoria da Fentect, que sequer estava à frente do Comando de Negociação da campanha salarial do ano passado!

Por que é mentira: Não é a suposta “intransigência” dos sindicalistas a culpada pelas decisões tomadas pela cúpula da ECT e pelo governo do PT. A empresa age, no que diz respeito a isso, aberta e ilegalmente no sentido de empurrar a atual campanha salarial para o dissídio coletivo. Não querem negociar de verdade e esperam conseguir colocar os representantes dos trabalhadores contra a parede com truques de ocasião. Querem que os juízes do TST decidam qual deve ser o reajuste da categoria porque o governo do PT assim o decidiu. É a maneira canalha de impor um reajuste rebaixado aos trabalhadores ecetistas: a própria direção da ECT quer ajuizar o dissídio, mas não pode fazer isso sem o consentimento da Fentect. Tudo isso para fugir da negociação porque o que acontece na realidade é que a empresa não está minimamente interessada em negociar de verdade e apresentar uma solução para as reivindicações dos trabalhadores. Querem forçar os trabalhadores dos Correios a aceitar o “acordo quadrianual” com base no acórdão do TST e, assim, impedir que haja reajuste e aumento real de salários nos próximos três anos.

5 - “Contratações”

A empresa afirma: “Em 2011 e 2012 os Correios foram a empresa que mais contratou no País. Já  foram contratados 9.190 trabalhadores e estão sendo contratados mais 9.904 empregados. Nenhum outro órgão ou empresa pública brasileira tem contratado tanto como os Correios”.

O que a ECT quer dizer: Que as horas-extras, a convocação aos finais de semana, as dobras e todos os mecanismos para fazer os ecetistas trabalharem por dois ou três, no que depende da vontade da direção da empresa, vão continuar.

Por que é mentira: A empresa faz chacota da realidade dos trabalhadores e diz que os nove mil trabalhadores que diz ter sido contratado são mais que suficientes para cobrir a falta nos setores de trabalho.
Há um nível altíssimo de trabalhadores recém-contratados que desistiram da empresa antes mesmo de completarem o período de três meses da experiência. A ECT também anunciou a convocação de 3 mil novos trabalhadores, o que não é suficiente nem para começar a resolver o problema de falta de funcionários.
Eles não querem discutir o fim das convocações e das horas extras. Essa é a reivindicação dos trabalhadores. Se a empresa quer convocar no Sábado que contrate mais pessoal e estabeleça jornada de trabalho específica.

6 - “Melhores Condições de trabalho”

A empresa afirma: “Nos últimos 18 meses, a empresa investiu mais de R$ 100 milhões em 700 obras de construção, reforma e ampliação de unidades operacionais, administrativas e de atendimento. Também adquiriu mais de 6 mil veículos, entre motocicletas, furgões e caminhões, e quase 2 mil equipamentos (empilhadeiras, paleteiras)”.

O que a ECT quer dizer: Que as reivindicações dos trabalhadores, que pedem melhores condições de trabalho, não têm sentido e não merecem ser levadas em consideração

Por que é mentira: A direção da ECT, evidentemente, não dá ouvidos ao que dizem os trabalhadores na base.

7 - “Mesas temáticas”

A empresa afirma: “A empresa defende que alguns assuntos devam ser discutidos com mais profundidade e com especialistas. Por exemplo, saúde do trabalhador. Este tema deve contar com um médico do trabalho durante as discussões, senão o debate seria no mínimo superficial”.

O que a ECT quer dizer: Que não adianta reivindicar, pois a direção empresa vai procurar impor a sua vontade de qualquer maneira

Por que é mentira: A própria ECT afirmou que resposta da empresa às reivindicações dos trabalhadores (os miseráveis 3% de “reajuste” oferecidos por ela) são a solução para “todos os pontos” da pauta de reivindicações apresentadas pelos trabalhadores. Para dar resposta à inquietação da categoria e sair pela tangente, os negociadores patronais apresentaram a proposta de realização de “mesas temáticas” em que se discutiriam as reivindicações dos trabalhadores após o fechamento do acordo coletivo. Trata-se de um engodo: uma vez fechado o acordo, é muito mais difícil – para não dizer impossível – que a empresa se comprometa a mudar a maneira como vem gerindo as questões trabalhistas e sociais. Reivindicações dos trabalhadores sobre o plano de saúde oferecido pela empresa, o fornecimento de equipamentos de proteção individual e uniformes, o fim das “dobras” e horas extras, ficariam sujeitas à boa vontade da direção da empresa, sem qualquer garantia de que seriam atendidas ou sequer levadas em consideração uma vez que não farão parte do rol de obrigações da empresa estabelecido no acordo coletivo. A única resposta efetiva que a empresa pode dar às reivindicações da categoria se dará pela inclusão de uma solução para suas reivindicações no Acordo Coletivo deste ano. Os trabalhadores ecetistas não devem aceitar as manobras da direção da empresa para empurrar a campanha salarial para o dissídio de maneira completamente ilegal e absurda e jogar a pauta de reivindicações da categoria na lata do lixo.

8 - “Representatividade sindical”

A empresa afirma: “Os Correios convidaram para as negociações, além da Fentect, os sindicatos de São Paulo, Rio de Janeiro, Bauru e Tocantins, que se declaram desfiliados da Federação, para contemplar a representação dos empregados destas localidades no processo de negociação — cerca de 40 mil trabalhadores”.

O que a ECT quer dizer: que, embora tenha reconhecido oficialmente que só negociará um acordo coletivo com a Fentect, a direção da empresa quer usar o racha da máfia sindical do PCdoB em São Paulo e no Rio para pressionar o resto da categoria no país (cerca de 80% dos trabalhadores da ECT) a aceitar um acordo rebaixado.

Por que é mentira: os dirigentes dos sindicatos de São Paulo, Rio de Janeiro, Bauru e Tocantins não estão participando das negociações com a Fentect. Foram convidados na qualidade de ouvintes, já que a ECT não pode - e não quer ter que enfrentar uma montanha de processos judiciais - firmar dois ou mais acordos coletivos. O convite aos sindicatos dirigidos pelo PCdoB serve apenas como instrumento para pressionar politicamente os trabalhadores de todo o país e, inclusive, o das bases sindicais cujos sindicatos traíram o movimento nacional e romperam a unidade da categoria.

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