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quarta-feira, 4 de julho de 2012

A política da Conlutas nos Correios: tentativa de destruição da Fentect fracassa

Uma política contra a luta dos trabalhadores por sua independência.


O que ocorreu na Fentect revelou exatamente o contrário do que prega o PSTU. A organização de uma oposição classista e revolucionária dentro da CUT é uma tarefa mil vezes mais importante para a luta real da classe operária que a criação de organizações artificiais e sectárias como a Conlutas 



O PSTU tem usado como argumento fundamental para defender a destruição das organizações operárias o suposto caráter governista destas organizações. Quando convenceram uma parte ultraminoritária do sindicalismo a romper com a CUT e a formar a Conlutas em 2004, esse era o único argumento. Segundo este argumento, as organizações sindicais, populares e estudantis dirigidas há décadas pela burocracia dos partidos da frente popular haviam se transformado em “escritórios do governo” e deixado de ser organizações de luta ou mesmo organizações dos trabalhadores.
Estes argumentos são falsos de ponta a ponta. As organizações operárias não mudam o seu caráter simplesmente devido à política da sua direção. Se assim fosse, não haveria mais sindicatos no mundo ou quaisquer organizações de luta.
As ascensão do PT ao governo também não representou uma mudança qualitativa na política daquele partido que havia levado adiante uma política de profunda colaboração com todos os governos anteriores de Sarney a FHC.
Na realidade, em grande medida o PSTU e sua organização sindical, a Conlutas criaram um mito que em nada corresponde à realidade. O sindicalismo petista teria sido de luta até Lula assumir o governo, a partir daí transformou-se em departamento do governo. Nem uma coisa, nem outra.
Por outro lado, está claro também que a política, ao menos da direção da Conlutas, está pautada mais pela conveniência dos ganhos organizativos do que por princípios. Carece totalmente de coerência, uma vez que a Fentect, que dirige greves e agrupa importantes setores de luta é um escritório do governo, mas a APEOSP, dirigida por uma burocracia muito mais consolidada não entra na lista de entidades a serem destruídas.
Esta falta de fundamento teórico e de princípios, esta contradição com a realidade e esta incoerência não são percebidos por todo um setor que segue o PSTU na Conlutas e que vive mergulhado na mais completa confusão política e teórica.

O teste da prática

O teste de toda verdade teórica é a prática, segundo explicou Marx, fundador do comunismo moderno. O caso dos correios ofereceu a oportunidade para todos os que seguem a política do PSTU revisarem as suas concepções com base na atividade prática da classe trabalhadora em uma escala de massas.
Os recentes acontecimentos na Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios colocaram por terra todas as concepcões do PSTU/Conlutas sobre a natureza dos sindicatos e acima de qualquer dúvida. A vitória do bloco de oposição no congresso da categoria, marca não apenas a comprovação prática da política marxistas, que condena energicamente a política de destruição dos sindicatos, mas significa também a falência dessa política liderada pelo PSTU/Conlutas.

Da “falida Fentect” à falida FNTC

O PSTU/Conlutas foi ao XI Contect (Congresso Nacional dos Trabalhadores dos Correios) para romper com a Fentect.
Segundo eles, não apenas a Fentect estaria definitivamente entregue ao governo, como também não seria mais possível derrotar a Articulação/PT e o PCdoB da direção majoritária da entidade. A burocratização e o “governismo” da federação teriam se tornado “irreversíveis”, segundo a tese apresentada pela FNTC, conhecida na categoria como federação anã. Mais ainda, a Fentect estaria “falida” e que não teria mais condições de defender os interesses dos trabalhadores.
Porém, como costuma-se dizer popularmente “a realidade é dura”. O Contect provou exatamente o oposto. A burocracia do PT-PCdoB não só estava fraca como foi efetivamente derrotada pela oposição.
Mais ainda, ficou clara a enorme pressão das bases sindicais da Fentect para que a luta se desse no interior do movimento nacional unitário e da organização unitária e a condenação da política de ruptura e destruição da Fentect.
A realidade foi tão dura com o PSTU/Conlutas que, no meio do congresso, foi obrigado a abandonar a política de romper com a federação ali mesmo e a votar com o bloco de oposição, mesmo sem fazer parte oficialmente do bloco.
A realidade mostrou que não era a Fentect que estava falida, mas a própria burocracia sindical (PT-PCdoB), do mesmo modo que a política divisionista do PSTU/Conlutas. E por que?
A resposta é simples. A Fentect, ao contrário do que tentou falsificar o PSTU, não é composta apenas pela burocracia sindical, mas é formada pelos mais de 110 mil trabalhadores dos Correios. São esses trabalhadores, ou parte expressiva deles, que fizeram a greve de 28 dias do ano passado e todas as outras lutas, e fizeram contra a vontade da burocracia sindical.
O PSTU despreza a parte mais importante e decisiva da Fentect e das organizações sindicais em geral, que são os trabalhadores. Se há ainda dúvidas. Quem foi, senão a própria ação da categoria, o responsável pela mudança de política do PSTU/Conlutas no meio do congresso?
A Federação anã, conhecida assim por ter tido apenas seis sindicatos, chegou ao congresso com apenas três. No final, teve que abrir mão de sua política divisionista e agora, o resultado só pode ser um: a saída dos demais sindicatos. O Sintect-SJO (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São José do Rio Preto), que sequer foi ao congresso, está saindo da Federação Anã e o mesmo deve ocorrer com os dois sindicatos que restarem.
A falência da Federação Anã foi decretada antes mesmo do seu nascimento.

Uma crise geral de uma política anti-operária

Mas o movimento sindical e os trabalhadores devem compreender que essa falência não é um acaso ou mesmo algo específico do movimento do correio. A derrota da Federação Anã é a falência da política de destruição dos sindicatos defendida pelo PSTU/Conlutas e da própria Conlutas.
O que ocorreu na Fentect deve ser compreendido como um prenúncio, em escala menor, do que ocorrerá em todo o movimento sindical à medida que os trabalhadores entram em luta. A dizer: uma reorganização de fato da classe operária ali onde ela verdadeiramente se encontra, nos sindicatos e federações e na CUT, através de oposições na base.
A política de destruição dos sindicatos não tem qualquer futuro e isto foi demonstrando pela crise desta política dentro da Fentect. Ela conseguiu, até aqui, uma audiência pequeno-burguesa diante da completa paralisia do movimento operário em geral. Diante desta paralisia, a Conlutas apresentou como a alternativa a ilusão de um caminho fácil, mais curto econômico para a luta, sem passar pela derrota da burocracia sindical que, ao pequeno-burguês isolado, sem partido ou organizado em pequenos grupos que não são mais que a projeção da individualidade, parece extremamente poderosa e impossível de ser derrotada.
Esses pequeno-burgueses também não entendem a magnitude da tarefa de unificar a classe operária como classe e, portanto, podem considerar a Conlutas como uma organização capaz de realizar esta tarefa.
Não compreendem que a organização de uma oposição classista e revolucionária dentro da CUT é uma tarefa mil vezes mais importante para a luta real da classe operária que a criação de organizações artificiais e sectárias como a Conlutas.

Um serviço prestado à burocracia

A defesa da destruição dos sindicatos e criação de novas organizações “puras e imaculadas” está muito longe de ser combativa. É uma política covarde e que procura deseducar o trabalhador sobre a necessidade de lutar contra a burocracia sindical e derrotá-la como parte da luta para derrotar a burguesia. Mais ainda, o exemplo dos Correios provou por A mais B que a política divisionista defendida pelo PSTU é um serviço prestado à burocracia.
O PSTU rompeu com a CUT em 2004 e formou a Conlutas. Naquele momento, com a recém entrada de Lula no governo federal, os trabalhadores brasileiros iniciaram uma importante experiência com a política do PT, que só poderia, em maior ou menor velocidade, levar a uma crise da política de Frente Popular e do próprio Partido dos Trabalhadores.
Essa crise também atingiu a burocracia sindical petista e seus apêndices. A exposição do PT levaria inevitavelmente os trabalhadores a se chocar com a política de contenção levada adiante pela burocracia. Nesse momento essa experiência já está bem avançada, principalmente nos Correios.
Portanto, a subida do PT ao governo marcou ao mesmo tempo sua crise desse partido, que vem se aprofundando à medida que mais e mais trabalhadores se chocam com a política burguesa desse partido.
O PSTU decide romper com a CUT exatamente quando tem início esse processo mais profundo de crise e de evolução da classe operária. Ou seja, em vez de colocar em prática um política séria de luta contra a burocracia, agrupando os setores oposicionistas para derrubar o domínio da Articulação/PT e retomar a CUT para os trabalhadores.
Não foi isso o que aconteceu. O PSTU que sempre esteve junto com a Articulação/PT na direção da CUT rompeu com a central. Ainda que tenha levado consigo um setor ultraminoritário do movimento, a política do PSTU causou confusão e serviu para dividir e desmobilizar a própria oposição na CUT e dificultar esta oposição sem qualquer ganho adicional para a luta operária.
Fica claro que essa política é um apoio à Articulação Sindical, corrente da burocracia sindical do PT. Se desde aquele momento, houvesse um agrupamento unitário da oposição com o objetivo claro de derrubar a burocracia, a Articulação Sindical do PT estaria possivelmente mais fraca hoje.
Mas, por sorte, os marxistas nos ensinaram que a história não é feita da vontade dos indivíduos. Ao invés de serem levados ao caminho errado pela Conlutas, os trabalhadores simplesmente deixaram a Conlutas ao lado do caminho da sua luta. O exemplo do que está acontecendo na Fentect é um sinal claro da tendência de luta dos trabalhadores contra a burocracia. O bloco de oposição e os trabalhadores dos Correios mostraram o caminho.

A unidade na ação

A formação e a vitória do bloco de oposição desmascarou a política divisionista do PSTU/Conlutas. Em primeiro lugar, porque mostrou que fugir da burocracia não é o caminho para lutar contra ela. Em segundo lugar, o bloco de oposição mostrou como deve ser feita a luta, melhor dizendo, como deve ser feita a unidade.
O bloco nada mais é do que uma frente única, uma unidade de ação, sobre a base de um programa imediato, fundamentado nas necessidades essenciais, reais e práticas da luta dos trabalhadores, com o claro objetivo de derrubar a burocracia sindical, no que tem sido vitorioso até agora. Essa frente única está fundamentada na unidade de ação de vários grupos políticos diversos, dos mais diferentes matizes ideológicos, que por motivos diversos defendem a derrubada da Articulação Sindical do PT.
Antes de continuar é preciso deixar claro. Todo o bloco, do mais radical ao mais moderado, tem por trás a ação dos trabalhadores. Não é um acerto entre cúpulas de pequenos grupos à margem da luta real dos trabalhadores. A unidade entre PCO, MRL, Intersindical e outros é a expressão nas cúpulas sindicais e entre os ativistas da unidade da massa de trabalhadores que exigem a queda da Articulação Sindical do PT.
Portanto, a unidade do bloco está fundamentada em um único princípio: a luta contra a burocracia sindical petista. Nenhuma organização foi obrigada ou mesmo sugerida a abandonar ou adotar qualquer princípio político que não seja o seu. O PCO não precisou defender o governo porque existem petistas no bloco, o MRL não foi obrigado a se tornar um partido trotskista porque o PCO está no bloco e a intersindical não foi obrigada a voltar para a CUT porque faz parte do bloco de maioria cutista. As ações foram determinadas por um acordo político e não por imposição de um setor sobre o outro, sem votações artificiais para impedir a livre expressão de cada grupo ou obrigá-los a aceitar uma política com a qual não concordam.
A vitória do bloco ensinou que a unidade da esquerda não deve ser uma frente oportunista na qual um programa político é imposto à força pela maior corrente. A frente única é a unidade em torno de um objetivo claro e determinado – no caso, derrotar a burocracia, um objetivo que parte da realidade da luta de classes e das necessidades das massas operárias, como ocorre nos correios.
Nesse sentido o bloco de oposição não foi vitorioso apenas porque derrotou eleitoralmente a burocracia sindical. A vitória eleitoral, embora faça parte desse objetivo comum, foi apenas a expressão final e mais aparente da luta travada no congresso e, principalmente, fora do Congresso, nas bases. Mais importante para derrotar a burocracia foram as propostas aprovadas no sentido de retomar a democracia operária, que a Articulação havia acabado. O comando de negociação se transformou em comando de mobilização, colocando-o sob maior controle das bases, o mesmo aconteceu com a própria diretoria da Fentect e muitas outras conquistas.

Quem destruiu o bloco dos 17?

Ao contrário do que diz o marxismo sobre a unidade de ação, para o PSTU/Conlutas não seria possível fazer unidade com quem não defende a ruptura com a Fentect ou com a CUT, embora essa premissa tenha sido desmentida em muitas ocasiões, para o bem ou para o mal.
O exemplo do bloco de oposição revela com todo o vigor o que exatamente ocorreu no bloco dos 17 sindicatos, formado em 2009 para lutar contra o acordo bianual.
O bloco foi uma experiência inicial do que veio a ser o bloco de oposição atual. Naquele momento, o PSTU/Conlutas fazia parte do bloco e quis transformar o bloco em um embrião da divisão da Fentect e a criação de uma nova federação. Ou seja, ao invés da ação unitária contra o acordo bianual, o PSTU procurou impor ao restante do bloco sua política divisionista, isolando todos aqueles que se opunham a ela, ou seja, a esmagadora maioria dos 17 sindicatos e manipulando uma parte dos sindicatos que aceitaram ingressar na Federação Anã.
Essa tentativa de usar o bloco dos 17 para impor um interesse estranho ao bloco e à luta dos trabalhadores dos correios foi o que destruiu a unidade e impediu a continuidade da luta.
Ocorre que, a todo momento, o próprio PSTU desmentiu a sua suposta vontade de derrotar o bloco da burocracia PT-PCdoB, como ocorreu no Conselho de Representantes onde toda a bancada do PCO foi expulsa e o PSTU colaborou com esta arbitrariedade. O tiro de misericórdia foi a chapa entre o PSTU e o “governista e cutista” “Talibã”- então secretário-geral da Fentect e pai do acordo bianual – nas eleições de São Paulo. Não só o PSTU/Conlutas procurava usar o bloco para impor seu interesse particular, como provava que não se opunha ao acordo bianual.
As contradições na política do PSTU e a oposição da categoria à política divisionista levou a Federação Anã e o próprio PSTU a uma crise terminal.

A tendência de reorganização das lutas

O que aconteceu no congresso da Fentect revelou a tendência de luta dos trabalhadores. A vitória da oposição vai abrir caminho para que o mesmo se repita em outras categorias.
O mais importante é que, da mesma maneira que os trabalhadores dos Correios fizeram sua greve em torno da Fentect, também se organizaram dentro da Fentect para derrubar a burocracia sindical. Essa é a tendência de todo o movimento operário brasileiro no próximo período.
A reorganização das lutas dos trabalhadores vai se dar ali onde eles se encontram. É necessário e inevitável que as lutas ocorram por dentro dos sindicatos, em primeiro lugar, e depois dentro da própria CUT, mas também dentro das demais “centrais sindicais” com muito menor base operária real. O movimento revolucionário dos trabalhadores criou sua central sindical nos anos 80. Os anos de refluxo favoreceram o domínio de uma casta parasitária em seu interior, mas a retomada das lutas, assim como está ocorrendo na Fentect, vai colocar em xeque esse domínio.
O PSTU pode falar à vontade, porém o movimento dos trabalhadores não dará ouvidos. Os trabalhadores vão se agrupar na CUT simplesmente porque é ali onde estão organizados. Não há aparelho, não há burocracia poderosa o suficiente para impedir a luta da classe trabalhadora. É isso o que a Conlutas despreza.
Como aconteceu no congresso da Fentect, o PSTU e a Conlutas, no próximo período, serão obrigados a se agrupar em torno da CUT – ou seja, em torno da massa de trabalhadores – para não desaparecer completamente, particularmente diante do surgimento de uma oposição classista no seu interior.

Fazer evoluir a consciência da classe

A tarefa dos militantes comprometidos com o movimento operária é fazer evoluir a consciência dos trabalhadores em torno da necessidade da luta contra a burocracia e contra a burguesia.
A burocracia sindical apenas se mantém na medida em que os trabalhadores não compreendem seu papel nas organizações sindicais ou não conseguem fazer avançar o seu movimento de luta.
Portanto, o que está colocado aos trabalhadores é a derrubada da burocracia sindical. A política de ruptura do PSTU é fazer retroceder a consciência dos trabalhadores, é deseducar sobre a necessidade da organização e da luta como única saída para os explorados.
Ao contrário, a vitória da oposição na Fentect mostrou aos trabalhadores de todo o País que é possível derrotar a burocracia, que é possível lutar contra os patrões e derrotá-los e que, para isso, é necessário opor a política oportunista e conciliadora da burocracia sindical a uma política de classe, independente dos trabalhadores.

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