ESSE BLOG MUDOU

PARA CONTINUAR ACOMPANHANDO AS NOTÍCIAS DOS CORREIOS ACESSO AO LINK olhovivoecetista.wordpress.com
Este blog será desativado em 30 dias

domingo, 8 de julho de 2012

“A vitória do movimento de oposição dá uma nova perspectiva para o movimento sindical brasileiro”


Causa Operária entrevista o companheiro Édson Dorta Silva, atual secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios 

8 de julho de 2012
O companheiro Édson Dorta, militante do Partido da Causa Operária e membro da Coordenação Nacional da Corrente Nacional de Oposicão Ecetistas em Luta, de trabalhadores dos correios, é carteiro em Campinas (SP) desde 1994. Sua trajetória no movimento sindical começou no mesmo ano, quando foi eleito vice-presidente da Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (Cipa). Em sua gestão, realizou reuniões que contavam com a participação de mais de 50 cipeiros de toda região mobilizando os trabalhadores em torno às suas reivindicações. Em 1997, Edson participou da direção do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Campinas (1998-2001). Em 2001, o companheiro foi eleito secretário-geral da Fentect no momento em que pela primeira e única vez foi estabelecido o rodízio de diretores na direção da entidade. Em 2003, Édson Dorta foi reeleito para direção da Fentect (2003-2006). Militante da corrente Ecetistas em Luta (PCO), travando a luta por uma oposição nacional aos traidores da burocracia sindical, foi demitido por motivos políticos em 2006, sendo reintegrado em 2010, após uma intensa campanha contra sua demissão. Foi aprovado também neste congresso que a secretaria geral da Fentect será em regime de rodízio entre as organizações que fazem parte do movimento de oposição.  O companheiro, cuja trajetória impecável e de militante classista e de luta contrasta com os burocratas que dirigiram a entidade nas últimas décadas, assume o primeiro turno do rodízio na secretaria geral da federação depois da espetacular vitória do movimento de oposição no XI Congresso Nacional dos Trabalhadores dos Correios, impulsionada a partir das bases sindicais, que derrotou os traidores da Articulação Sindical/PT e do PCdoB. Fala em favor do companheiro, também, o merecido ódio e a ampla campanha de calúnias que os inimigos dos trabalhadores realizam contra ele, assim como outros dirigentes da corrente Ecetistas em Luta
Causa Operária: Qual a importância do movimento sindical dos correios e da Fentect no quadro geral do movimento sindical brasileiro?
Édson Dorta: O movimento sindical dos Correios representa hoje um exemplo para várias categorias de trabalhadores brasileiros, pois nos últimos anos este movimento foi protagonista das maiores lutas no Brasil contra a política de arrocho salarial e corte de direitos dos trabalhadores ditadas pelo capitalismo mundial, que aqui no Brasil foi impulsionada pelos governos Sarney, Color, FHC, Lula e que o governo Dilma Rousseff está dando continuidade. Para se ter uma ideia, os trabalhadores dos Correios fizeram no ano passado uma greve de 28 dias, e o Governo Dilma do PT só conseguiu derrotar este movimento através da intervenção ditatorial do TST – Tribunal Superior do Trabalho, que decidiu politicamente pelo fim da greve, ameaçando os trabalhadores, que já haviam passado por cima de suas direções sindicais pelegas. A combatividade dos trabalhadores dos Correios se transforma em uma ação real e forte contra o  seu patrão, que no caso é governo federal, pois esta categoria de mais de 110 mil trabalhadores está organizada de forma unitária na Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios). Que mesmo sendo dirigida nos últimos anos por sindicalistas do PT e PCdoB, que são representantes do partido do governo, não impediu que os trabalhadores passassem por cima destas direções, realizassem uma das maiores greves de sua história e ainda no último Congresso da Categoria, derrotassem o Bloco patronal, elegendo para seu Comando o Bloco de Oposição.  Podemos dizer, com segurança, que entre os trabalhadores dos Correios de todo o país se dá a mais avançada experiência de organização, de luta e de desenvolvimento da consciência dos trabalhadores. Nesse sentido, acreditamos que a vitória da oposição no XI Congresso não apenas não é um acidente, como também não é mais que o primeiro capítulo de uma importante transformação que está para ocorrer no movimento sindical e no movimento operário em geral em seu conjunto.
Causa Operária: Há décadas não se tinha notícia de uma mudança tão significativa em uma organização operária no movimento sindical brasileiro. Como foi travada a luta que permitiu essa vitória do movimento de oposição?
Édson Dorta: A luta se travou nos locais de trabalho contra a burocracia sindical da Fentect, que nos últimos anos se organizou em torno do Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU e PSol) para manter o controle da Federação a serviço dos interesses da ECT, aprovando os acordos salariais rebaixados e retirando direitos dos trabalhadores em troca de cargos e privilégios para estes sindicalistas.
A burocracia sindical da Fentect atuava contra a categoria com funções definidas, de um lado o PT e PCdoB defendiam abertamente a política da direção da ECT, e de outro o PSTU combatia as iniciativas de luta contra a burocracia da Fentect, vindo do movimento de oposição, como ocorreu no interior do Bloco dos 17 sindicatos contra o Acordo Bianual, onde o PSTU propunha que os 17 sindicatos de oposição abandonassem a luta contra o PT e PCdoB na Fentect e formasse uma nova Federação. Essa iniciativa levou à liquidação dessa primeira tentativa de formação de um bloco oposicionista e ao retardamento da derrota da burocracia.
A vitória do movimento de oposição foi possível devido à politica persistente de denuncia das traições do PT e PCdoB, aliada à denuncia do papel nocivo da política divisionista do PSTU na Fentect que atuou todo o tempo como o braço esquerdo do peleguismo. 

Causa Operária: Há muitos anos as organizações operárias estão sob o controle do PT, do PCdoB e outros partidos que estão no governo, você considera que essa vitória da oposição nos Correios representa uma tendência geral de luta no movimento operário brasileiro? Qual o significado desta vitória para o movimento sindical de conjunto e para a CUT?
Édson Dorta: Com certeza esta vitória do movimento de oposição dos Correios está sendo analisada por diversos grupos oposicionistas à politica da burocracia sindical dirigida pelo PT e PCdoB em outras organizações operárias e serve como um importante fator de esclarecimento dos limites dessa política direitista. O movimento operário brasileiro está amarrado em uma camisa de força, lutando para se libertar do controle desta burocracia. Por isso, a vitória do movimento de oposição dá uma nova perspectiva na luta sindical brasileira, mostrando, ao contrário do que diz o PSTU/Conlutas, que a burocracia sindical do PT e PCdoB é, pelo menos do  ponto de vista dos seus fundamentos sindicais de base, extremamente débil, fraca e está aí para ser derrubada. Diante disso, acho que devemos colocar a questão com mais intensidade no interior da CUT, e formar uma oposição classista à  burocracia sindical da Articulação que dirige esta Central. Eu creio que esta vitória oposicionista nos Correios marca um linha divisória de etapas no movimento sindical, mais especificamente, e, de um modo geral, na classe operária em seu conjunto, inclusive com implicações importantes para a luta fundamental pela construção de um partido operário verdadeiro, ou seja, socialista e revolucionário, levando à conclusão a experiência que os trabalhadores estão realizando com o PT e demais partidos que são, oficial ou oficiosamente, da frente popular de colaboração de classes, como o PCdoB, PSTU e Psol.

Causa Operária: Quais as conclusões que o movimento sindical deve tirar da vitória da Oposição à burocracia sindical nos Correios?
Édson Dorta: Acho que o movimento sindical está percebendo a insatisfação dos trabalhadores com as direções sindicais de suas organizações, e que se não houver uma mudança de política, se libertando da política patronal do PT, PCdoB, e da politica entreguista do PSTU, os trabalhadores irão atropelar estas direções como esta acontecendo nos Correios. Na greve de 28 dias de 2011 nos Correios, os trabalhadores passaram por cima destas direções e se mantiveram em greve contra o acordo realizado por estes grupos na primeira audiência do TST.
Há, portanto, um enorme potencial de desenvolvimento.
Por outro lado, seria um erro subestimar as dificuldades e desafios que temos pela frente. É preciso um intenso trabalho para ir, gradualmente, dando maior coesão à grande heterogeneidade das forças que compõem a oposição, e que, apesar disso, estão unidos por questões fundamentais para a grande massa dos trabalhadores dos Correios. Creio que esta superação deverá se dar no próximo período através da experiência comum na luta contra os inimigos dos trabalhadores. Há muito o que fazer para fortalecer a organização dos trabalhadores e dos sindicatos pela base. Em resumo, há uma grande conquista e muito trabalho a ser feito. Não devemos abaixar a guarda, mas intensificar a luta.

Causa Operária: Nesse congresso, a burocracia sindical foi derrotada e a oposição conseguiu aprovar uma série de mudanças no estatuto da Federação, permitindo um controle maior dos trabalhadores sobre a entidade. Quais são essas mudanças e o que permitiu que elas fossem aprovadas?
Édson Dorta: Aprovamos o aumento de diretores na Fentect, de 13 para 21, com a secretaria geral em forma de rodizio, também aprovamos um Comando de Negociação mais amplo e democrático. Antes tínhamos um Comando de 7 pessoas e hoje temos um Comando  de 41 membros, sendo haverá um representante por base sindical, ampliando extraordinariamente a participação das bases sindicais em um âmbito que havia se tornado um privilégio de poucos. E este comando só poderá assinar o acordo se 23 sindicatos aprovarem a proposta em suas bases sindicais. Antes era  preciso apenas 18 assembleias. Estas mudanças foram possíveis diante da insatisfação dos trabalhadores com a forma anterior, onde o comando pequeno ficava sob o controle da burocracia sindical, que sempre, em sua maioria, se vendia para direção da ECT. Este foi um dos pontos significativos da luta dentro do Congresso e creio que, nesse ponto, agimos como a voz e o braço do trabalhador da base.

Causa Operária: Em que medida essas mudanças serão determinantes para a próxima campanha salarial? 
Édson Dorta: Estas mudanças colocam novamente o controle da campanha salarial na mão dos trabalhadores, além de fortalecer a democracia no interior da Fentect. Claro que as formas estatutárias são apenas uma forma cujo conteúdo só pode ser dado pela luta, tanto dos trabalhadores como da sua direção que é o Movimento Nacional de Oposição. Isso quer dizer que ainda temos que tornar o que aprovamos no Congresso uma realidade com a mobilização massiva dos trabalhadores, ensinando aos trabalhadores com controlar os seus representantes. Na nossa opinião, isso é, da minha corrente e do Partido da Causa Operária, uma das alavancas fundamentais deste processo está na informação e na formação da opinião unitária dos trabalhadores. Nas campanha salariais, a Fentect atuou como um escritório, agora temos que agir como centro organizador da luta de 100 mil trabalhadores. Acredito que os nossos aliados na Oposição compartilham desta ideia fundamental e a nossa unidade será essencial para colocá-la em prática.

Causa Operária: Qual foi a repercussão dessas transformações da federação entre os trabalhadores, a burocracia sindical e a empresa?
Édson Dorta: Os trabalhadores aplaudiram e estão esperando o momento em que o Movimento de Oposição irá chamá-los a fazer a mobilização pela campanha salarial deste ano. Já a burocracia sindical e a empresa estão desesperados, pois não sabem como vão controlar a categoria. A burocracia sabe que se não controlar a categoria vai ser jogada de lado pela empresa e não terá mais cargos e privilégios, e a direção da ECT sabe que os trabalhadores dos Correios representam uma força poderosa que poderá modificar completamente os planos de privatização da ECT que estão sendo colocados em prática por ordem dos bancos e capitalistas do mercado postal mundial. Este é, podemos dizer assim, o panorama geral da luta que se inicia agora. O jogo está feito, agora é colocar em movimento.

Causa Operária: Como você avalia que será a mobilização para a campanha salarial desse ano?
Édson Dorta: Avalio que este ano a campanha salarial será uma campanha histórica, pois vários trabalhadores já estão sinalizando que a vitória do movimento de oposição vai levar a categoria à greve e com muito mais força do que nos anos anteriores. Creio que será uma mobilização extremamente combativa e massiva. Contribui para isso, além da vitória no Congresso, a formação do Movimento de Oposição que tem plena capacidade de alavancar esta mobilização e é o nosso maior trunfo. Daí que todos os ataques até o momento são dirigidos a tentar quebrar o bloco de oposição, sem nenhum sucesso, é importante sublinhar. Nossa tarefa é fazer uma campanha para valer, nas bases, com ampla participação do trabalhador, dando voz plena, ampla participação e poder de decisão ao carteiro, ao OTT, ao atendente, aos diretores e militantes dos sindicatos de base etc. que são, na nossa visão, os verdadeiros donos da Fentect. Contamos, para o êxito da mobilização, com a criatividade dessa massa de trabalhadores que acreditaram que a vitória da Oposição começou a libertar os trabalhadores dos Correios da ditadura burocrática atrelada à direção da empresa.

Causa Operária: Nessa campanha salarial, a direção dos dois maiores sindicatos da categoria, de SP e RJ, dirigidos pelo PCdoB, decidiu romper com a federação e tentar negociações separadas com a empresa. Qual a razão desta ruptura? Como você avalia a política dessas diretorias e como o Movimento de Oposição vai agir em relação a isso?
Édson Dorta: A ruptura do PCdoB nos grandes sindicatos do RJ e SP está se dando por uma política defensiva destas organizações diante da insatisfação da categoria com o bloco PT- PCdoB que dirigia a Fentect e a crescente impossibilidade de levar adiante a sua política de capachos dos diretores da ECT. Tentaram dar o golpe de que as traições das campanhas salariais passadas são da responsabilidade única e exclusiva dos sindicalistas do PT, no entanto, os trabalhadores sabem que o PCdoB foi parte decisiva nestas traições e tem pelo menos 50% do crédito, senão até mais. Esta política é um tiro no pé destas direções, que serão varridas do nosso movimento, pois os trabalhadores estão cada vez mais convencidos de que só a unidade em uma única Federação pode levar o trabalhador à vitória, isto foi comprovado com a derrota da politica divisionista do PSTU no Contect, e também será comprovada na luta contra os traidores e divisionistas do PCdoB em SP e no RJ. O Movimento de Oposição vai lutar energicamente contra estes traidores que estão tentando enganar os trabalhadores e não vamos permitir em hipótese nenhuma que eles participem de qualquer negociação em nome dos trabalhadores. Vamos fazer oposição nestas bases sindicais e inserir os trabalhadores de São Paulo e Rio de janeiro na campanha salarial da Fentect com o apoio, espero, de todos os sindicatos filiados e de todos os trabalhadores do Brasil inteiro.

Causa Operária:
 Outra ala da burocracia sindical, comandada pelo PSTU, também anunciou a intenção de dividir a federação. A que se devem essas tentativas de ruptura? Elas terão sucesso mesmo depois da vitória da oposição?
Édson Dorta: A ruptura proposta pelo PSTU/Conlutas, por ser sócio menor da burocracia sindical foi a primeira a ser derrotada, e também a que tinha o menor objetivo, ou seja, apenas formar uma federação anã, com menos de 6% da categoria, uma inutilidade, uma ficção sindical criada apenas para garantir cargos e privilégios para os sindicalistas do PSTU, como o Jacaré, o Geraldinho e o Heitor. Esta ruptura foi duramente derrotada no Contect, e não há a menor condição de ser colocada novamente, pois dos seis sindicatos que estavam arrastando para este gueto politico, apenas o sindicato do Vale do Paraíba ainda não se pronunciou contra a desfiliação da Fentect, no entanto, ainda estamos procurando este sindicato para exigir deles um posicionamento, pois caso contrário teremos que formar uma oposição lá, como estamos fazendo em SP e no RJ onde está o PCdoB fazendo este papel sujo. Uma questão chave para nós e para todo o movimento de Oposição é a luta para impedir a desagregação da Fentect da qual somos, de fato, os únicos defensores.

Causa Operária: Qual o significado destes fatos em relação à política de construção de uma central sindical alternativa como a Conlutas, que envolve uma parcela do ativismo da esquerda no movimento sindical e, em geral, para este tipo de proposta?
Édson Dorta: O papel da Conlutas, projeto de central sindical do PSTU, é o de dispersar as forças de oposição à política da burocracia sindical dirigida pelo PT e PCdoB com o intuito de criar uma base eleitoral para o PSTU e privilégios para os seus dirigentes sindicais. Foi o que eles fizeram na CUT. Quando a Articulação Sindical do PT enfrentou a sua pior crise, com a questão da reforma sindical proposta pelo governo Lula, o PSTU/Conlutas se retirou de dentro da CUT, do movimento de oposição, alegando que a CUT não era democrática, e que era um escritório do governo. Mesmo sem a oposição no interior da CUT, a Articulação não conseguiu aprovar a reforma sindical do governo. Mas conseguiu se manter em um controle verdadeiramente ditatorial da maior e única central de trabalhadores com a ajuda inestimável da Conlutas. Eles queriam fazer o mesmo na Fentect, o movimento de oposição nos Correios não caiu nesta politica sectária. 
A derrota desta política na Fentect não foi uma manobra de aparelho, mas veio das bases, tem relação com a greve de 28 dias. Ela foi rejeitada por milhares e milhares de trabalhadores. Nesse sentido, é preciso não se confundir sobre o fato de que esta derrota coloca em xeque, podemos dizer até mesmo, em xeque-mate, toda a política fictícia, sectária e oportunista ao mesmo tempo, de construção da Conlutas. Não há como sobreviver uma política que foi derrotada em uma arena de classe tão ampla. Creio que está na pauta, na ordem do dia, a discussão sobre a oposição classista dentro da CUT e pretendemos fazer esta discussão com os nossos aliados e com os trabalhadores dentro do movimento dos Correios.
Nós temos, também, uma outra proposta, que se opõe a este divisionismo que é a da criação de um sindicato único nacional dos trabalhadores dos Correios, discussão que pretendemos fazer no movimento com muita calma, mas que acredito ser possível para obter um consenso geral e superar a crise atual aberta pelos pelegos do PCdoB e apoiada pelo PSTU.

Causa Operária: Qual é o balanço do PSTU como partido de esquerda com base na sua atuação no movimento dos correios?
Édson Dorta: Com o combate que o movimento de oposição deu às posições ao mesmo tempo sectárias e oportunistas do PSTU nos Correios, a política do PSTU se mostrou em vários momentos, uma das mais reacionárias, defendendo o PCdoB, deixando claro que o PSTU vem abandonando até o discurso de esquerda, a ponto de defender intervenções em sindicatos, abonos em vez de salários etc. Uma coisa que muito não sabem é que o PSTU foi o eixo de organização da burocracia nos Correios e o principal responsável pelas maiores traições à categoria e que estas traições levaram à sua crise, agora crise terminal, e à sua perda de autoridade no interior da própria burocracia que ficou dominada por PT e PCdoB a partir de 2003. A situação de virtual dissolução do PSTU no movimento dos Correios é a conclusão lógica de uma longa trajetória baseada em uma política antioperária a qual, infelizmente, não temos condições de fazer aqui, mas que colocamos por escrito no processo do XI Congresso e a qual aconselharia a todos os companheiros que têm interesse em conhecer o movimento dos Correios que lessem.

Causa Operária: É possível concluir, a partir dessa vitoria do Movimento de Oposição, que a política de dividir as organizações sindicais, como alternativa ao domínio da burocracia sindical, se revelou fracassada?
Édson Dorta: Sem dúvida nenhuma, a politica de dividir só favorece quem tem mais controle dos aparelhos, e fortalece a direção da ECT que poderá escolher o grupo que ela vai negociar. No caso do PSTU/Conlutas dos Correios, a politica de dividir foi derrotada na prática e vai servir para outras categorias não cairem neste sectarismo de covardes.

Causa Operária :Do ponto de vista do desenvolvimento geral do movimento sindical dos correios, qual é o significado da etapa atual?
Édson Dorta: Inicialmente de colocar o movimento de oposição para dirigir os trabalhadores dos Correios na campanha salarial e nas lutas gerais da categoria, como a questão da privatização da ECT, para isso precisamos aumentar as base de oposição nos sindicatos controlados pela burocracia sindical. Em perspectiva, a ampliação da luta da categoria aponta para uma completa renovação, tanto sindical como política da categoria conforme afirmei anteriormente. Esta é uma discussão fundamental a ser feita no próximo período.

Causa Operária: Qual o papel da corrente Ecetistas em Luta, liderada pelos militantes do PCO, neste desenvolvimento?
Édson Dorta: O Partido da Causa operária esteve desde o inicio da construção do movimento dos trabalhadores dos  Correios, com a participação expressiva do companheiro Pedro Paulo de Abreu Pinheiro, atual presidente do Sintect-MG e que foi o primeiro presidente da Associação nacional dos trabalhadores dos Correios que se transformou futuramente na Fentect, só por isso já nos capacita para defender  a expulsão destes sindicalistas vendidos que tomaram conta da Fentect a mando da ECT. Num certo sentido temos aqui uma retomada de uma grande tradição de luta. Também atuamos com militantes experientes na luta contra a burocracia sindical em sindicatos importantes, como a companheira Anaí Caproni, que em São Paulo combateu energicamente as posições da burocracia sindical deste sindicato, dirigido pelo trio PSTU-PCdoB-PT.
Neste sentido a Corrente Ecetistas em Luta desenvolveu uma intensa atividade de combate à burocracia sindical, denunciando as traições e ao lado dos trabalhadores apontando a luta.
Lutamos pela unidade da Oposição, que consideramos necessária para este processo, que não pode ser levado adiante nesse momento por nenhuma força isolada e nos sentimos recompensados pela política assumida por diversos sindicatos, correntes e militantes aos quais estamos associados neste empreendimento.

Causa Operária: Você gostaria de fazer alguma consideração final?
Édson Dorta: Gostaria de agradecer a oportunidade e dizer que esta vitória, apesar de ser histórica e espetacular é apenas um passo para o controle dos trabalhadores sobre a Fentect, suas organizações e a própria direção da ECT. Temos muito o que fazer e a luta vai se dar nas bases, esclarecendo e organizando os trabalhadores. Vamos precisar de toda a determinação de todos os companheiros para levarmos esta luta à vitória. Uma andorinha só não faz verão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário