O presidente dos Correios, Wagner Pinheiro
de Oliveira (PT), publicou um artigo no jornal O Globo, intitulado “O Dilema dos
Correios”
Em seu
artigo, publicado no último dia 5 de outubro, Wagner Pinheiro afirma que os
Correios encontram-se em um “dilema” que seriam os avanços tecnológicos da
comunicação. Depois de defender a ilusão do governo de que o Brasil é a maior
maravilha econômica do mundo, Pinheiro aponta como possíveis soluções para esse
dilema a ampliação dos serviços e dá o exemplo, segundo ele “bem sucedido”, do
Banco Postal, que somente esse ano teria aberto mais de 800 mil novas contas.
Anuncia ainda que, em breve, a ECT vai anunciar a entrada no ramo da telefonia
móvel virtual.
Para mostrar que o
Correios estão crescendo, o artigo do presidente da ECT relata ainda que no ano
passado foram entregues 9 bilhões de objetos e até o final desse ano 100% dos
município brasileiras serão atendidos por postos de atendimentos dos
Correios.
O que está por trás
de toda a ampliação e modernização da empresa?
No ano passado, o
governo do PT impôs uma Medida Provisória com a desculpa de “modernizar” a
empresa, por meio da mudança de seu estatuto. Junto com essa suposta
modernização da empresa vem duas políticas. Primeiro, a abertura da empresa para
a iniciativa privada, por meio de subsidiárias terceirizadas e participação
acionária em empresas privadas; o chamado modelo de gestão da empresa foi
estabelecido conforme a lei das Sociedades Anônimas (SA). Sem contar a velha
existência das franquias que distribui dinheiro para empresários. Segundo, um
duro ataque aos trabalhadores da empresa, por meio da terceirização e da
imposição de medidas para aumentar a exploração. O plano do governo é privatizar
os Correios brasileiros.
A “modernização” ou
“reestruturação” da empresa de correio está sendo colocada em prática em vários
países. Em todos os casos, muito parecidos com o brasileiro, está a necessidade
dos capitalistas em crise lucrarem à custa das empresa estatais. Em Portugal, os
correios estão entre as exigências feitas nos planos de austeridade e serão
privatizados.
No artigo, Wagner
Pinheiro cita o caso dos correios norte-americanos que estão com uma dívida
bilionária e foram obrigados a fechar 200 mil postos de trabalho. Segundo ele, o
problema seria a falta de “diversificação” da empresa. Na realidade, o problema
é muito mais complexo. Os correios norte-americanos são uma vítima da crise
capitalista e deve ser mais um que será privatizado. As demissões e as dívidas
são apenas um prenúncio para espoliar a população. Isso sem contar que nos
Estados Unidos as empresa privadas de entregas são muito mais presentes, ou
seja, tudo caminhou para o desmonte da empresa pública em benefício dos
capitalistas.
No Brasil, não dá
para acreditar que a tal “modernização tecnológica” pretendida por Pinheiro seja
diferente do resto do mundo. O exemplo que a empresa vem dando na prática
corrobora exatamente o contrário do que diz o presidente da ECT.
Até agora, não
houve grandes demissões na empresa – sem contar os recentes PDVs – mas a cada
dia o número de funcionários terceirizados aumenta. Em contrapartida, não
aumenta na mesma proporção o número de funcionários contratados e a falta de
mão-de-obra e excesso de serviço já é quase um problema crônico na
empresa.
Nas últimas
campanha salariais, a empresa tem se mostrado completamente intransigente com os
trabalhadores. Tem-se colocado em prática uma verdadeira ditadura, inclusive com
intervenção nos sindicatos, por meio da corrupção explícita de dirigentes
sindicais. Há pelo menos quatro anos, a partir do acordo bianual em 2009, a
empresa não negocia verdadeiramente com os trabalhadores. Tem usado fraudes nos
sindicatos e a Justiça para estabelecer um arrocho salarial para a
categoria.
Na campanha
salarial desse ano, a ECT revelou mais um ataque. Quer destruir o plano de saúde
da categoria pois, segundo ela, este daria “muitos gastos”.
Vale dizer ainda
que o Banco Postal tem sido um dos principais motivos de doenças aos atendentes
que estão cumprindo dupla função nas agências. Sem contar que os valores
positivos em relação ao Banco Postal, bem como todas as maravilhas citadas por
Wagner Pinheiro, não são repassadas aos trabalhadores.
Por fim, no último
período, a empresa vem aplicando formas de superexploração dos trabalhadores,
como é o caso do SAP (Sistema de Avaliação de Produtividade) que prevê inclusive
demissão por justa causa para o funcionário que não cumprir as metas
estabelecidas pela empresa.
Tudo o que está
dito por Wagner Pinheiro é muito bonito. Mas o que está acontecendo na realidade
é que tudo está sendo feito contra os trabalhadores e passando por cima dos seus
interesses. Os únicos beneficiados até agora têm sido os capitalistas
estrangeiros e nacionais. O dilema real dos Correios não é seguir ou não as
necessidades tecnológicas mundiais, mas sim colocar a empresa de fato sob o
controle dos trabalhadores e de acordo com os interesses dos trabalhadores e do
povo brasileiro.
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