Texto do Boletim Ecetistas em Luta
Leia aqui um resumo do balanço publicado
após o término da campanha salarial dos trabalhadores dos Correios na semana
passada
Enfraquecido, mas não completamente derrotado, o bloco pelego fez de
tudo para impedir o desenvolvimento da luta dos trabalhadores dos Correios e
impor uma derrota à categoria, a qual somente não foi pior devido a que a
oposição conseguiu realizar a greve e impediu a tentativa de entregar
importantes conquistas dos trabalhadores
A campanha contra a
pauta
Desde o primeiro momento, a direção da ECT começou uma campanha dizendo
que a pauta era exagerada e fora da realidade. O que eles queriam dizer é que
não estavam dispostos a dar nada aos trabalhadores. Os sindicalistas do PT, sob
o comando da direção da ECT começaram uma campanha dizendo que a pauta era um
exagero com o intuito de desmoralizar a campanha salarial e preparar o espírito
dos trabalhadores para aceitar o que a direção da ECT tinha a oferecer, ou seja,
nada.
A ideia de que os trabalhadores estão pedindo “demais” é uma típica
ideia patronal. Para os patrões, os trabalhadores devem regular suas
reivindicações pelas necessidades da empresa e não pelas suas próprias necessidades e a pauta deve ser elaborada de
tal forma para que seja aceitável para os patrões.
Todo movimento sindical combativo e classista sabe que os interesses dos
trabalhadores e dos patrões são opostos e impossíveis de conciliar e que somente
por meio da luta os trabalhadores podem conseguir o que precisam. Os patrões não
entendem outra linguagem a não ser a força.
As
negociações
No dia 26 foram iniciadas as negociações. Durante todo o tempo, a
empresa mostrou que não estava disposta a negociar seriamente. No início, o
Comando de Negociação dos trabalhadores teve que exigir que a empresa discutisse
ponto por ponto as cláusulas da Pauta.
No dia 2 de agosto, ignorando as reivindicações da categoria, a empresa
apresentou um reajuste que foi considerado uma provocação:
3%.
Diante da indignação do trabalhador, no dia 5 de setembro a empresa
apresentou mais um proposta que foi igualmente considerada como uma provocação:
5,2% de reajuste e mais nada.
PCdoB fica fora das
negociações
Conforme foram se desenvolvendo os acontecimentos, ficou claro que a
saída do PCdoB da Fentect foi uma política incentivada diretamente pela direção
da ECT, mais especificamente pelo líder da Comissão de Negociação da empresa, o
ex-sindicalista que virou chefe, Luiz Eduardo do Ceará.
O objetivo da empresa e da burocracia era retirar da campanha salarial
os dois maiores sindicatos da categoria, o Sintect-SP e o Sintect-RJ. Em parte,
essa manobra patronal foi bem sucedida na medida em que gerou uma enorme
confusão na categoria.
A empresa utilizou os quatro sindicatos divisionistas (São Paulo, Rio de
Janeiro, Bauru e Tocantins) para tentar chantagear a Fentect nas negociações.
Enquanto a federação era caluniada, os divisionistas eram elogiados. A empresa
convidava os quatro sindicatos para reuniões com o único objetivo de confundir o
trabalhador, ao mesmo tempo em que reconhecia em diversos documentos oficiais
que a única que seria capaz de negociar e assinar o acordo coletivo era a
Fentect.
O comando de
mobilização
O comando foi transformado em um Comando amplo de mobilização e
negociação com seis membros da diretoria da Fentect mais um representante de
cada sindicato, ou seja, 41 membros.
Esse novo comando garantiu o maior controle dos trabalhadores nas
decisões da campanha salarial.
O mais importante de tudo: foi o fim do balcão de negócios na campanha
salarial, em que a empresa comprava sindicalistas para aprovar acordos
prejudiciais aos trabalhadores.
O Comando, como era de se esperar, atuou de maneira contraditória,
refletindo a pressão da ala revolucionária da categoria e da ala oportunista,
mas mostrou que é o melhor caminho para a evolução da categoria apesar dos dois
grandes erros cometidos, sob influência do peleguismo, que foram o de não
cumprir o calendário de mobilização, decisão tomada pelos sindicatos sem
discussão no comando e o rebaixamento da pauta.
O PCdoB adia a data da
greve
Depois da fracassada tentativa da Articulação/PT de adiar a greve, foi a
vez dos do PCdoB/CTB tentar a mesma manobra patronal. Os sindicatos
divisionistas adiaram a greve para o dia 18.
A jogada teve efeito no restante da burocracia, acompanhada por uma ala
vacilante do bloco de oposição: a FNTC, representada pelo Sintect-PE, e o MRL
representado pelo Sintect-GO e PR. O recuo dos demais sindicatos deixou os
trabalhadores de Minas Gerais e do Pará isolados na greve.
O adiamento da greve foi o primeiro golpe sofrido pela mobilização, já
que deixou o movimento nacional a reboque dos traidores do
PCdoB.
PCdoB rebaixa a sua
proposta
Antes do adiamento da greve, o PCdoB já havia preparado mais um golpe na
mobilização. Um dia antes de a empresa apresentar a proposta de reajuste de
5,2%, os divisionistas apresentaram uma proposta ainda mais rebaixada e muito
parecida com a proposta da empresa.
A inciativa do PCdoB de rebaixar a pauta foi elogiada pela empresa, que
mesmo assim não aceitou a proposta.
Mais uma vez o PCdoB mostrava tomava a frente na política
patronal.
A importância da greve em Minas Gerais e
Pará
Apesar de todo o boicote, os trabalhadores de Minas Gerais e do Pará
iniciaram a greve no dia 11 de setembro, de acordo com o calendário da
federação.
A diretoria do Sintect-MG, da corrente Ecetistas em Luta (PCO), defendeu
e mobilizou os trabalhadores para a greve. Já no Pará, os trabalhadores da base
passaram por cima da diretoria do Sindicato, da Articulação Sindical/PT, e
aprovaram a greve.
A mobilização dos companheiros do Pará e de Minas Gerais teve
importância fundamental como arma contra a desmobilização que a empresa, junto
com os traidores, queriam gerar com o adiamento da greve. Se esses dois estados
não tivessem entrado em greve, o adiamento da greve teria sido fatal para a
desmobilização geral dos trabalhadores. Provavelmente sequer teria havido greve
e os trabalhadores teriam sido obrigados a engolir, sem nenhuma luta, os
miseráveis 5,2% da empresa.
A greve do dia
18
Finalmente, no dia 18, a burocracia sindical, pressionada pela greve no
Pará e em Minas Gerais, foi obrigada a aprovar a greve nos principais estados.
Os companheiros do bloco de oposição que haviam vacilado com a data da greve,
aprovaram a paralisação e o movimento nacional começou aos trancos e
barrancos.
Em São Paulo, onde a diretoria da máfia sindical do PCdoB havia ido à
assembleia com a ideia de não aprovar a greve, os trabalhadores, mesmo com todo
o controle da assembleia, obrigaram os pelegos a aprovarem a
greve.
O PT pressiona pelo rebaixamento da
pauta
Ficou claro nesta campanha salarial que o rebaixamento da pauta é uma
jogada casada com a empresa para desmoralizar a perspectiva de luta real dos
trabalhadores.
O rebaixamento não levou a campanha adiante, mas enfraqueceu a greve e
concentrou toda a atenção dos sindicatos na possibilidade totalmente ilusória de
uma negociação com a empresa que nunca aconteceu.
O rebaixamento da pauta serve também para confundir os trabalhadores a
longo prazo que começam a acreditar que as campanhas salariais só podem
conseguir migalhas, desmoralizando cada vez mais a perspectiva de
luta.
No final, a política de rebaixamento, defendida pela ala direita do MRL,
Federação Anã e os pelegos do PT levou a luta a um beco sem saída e ao
enfraquecimento da mobilização.
Rebaixar a pauta não surtiu nenhum efeito. A empresa continuou recusando
as propostas rebaixadas feitas pelo próprio TST e a campanha foi para
julgamento.
A conclusão dessa campanha: luta x
rebaixamento da pauta
A greve desse ano mostra mais claramente do que o ano passado que a
única arma dos trabalhadores é sua luta e mobilização. A luta é para arrancar da
empresa o máximo possível enquanto a empresa tenta diminuir ao máximo os ganhos
do trabalhador.
Não adianta abaixar a guarda para os patrões. O que poderá garantir a
vitória da categoria é sua medida de força com os patrões. A greve é a maior
arma dos trabalhadores contra as inciativas dos patrões e dos tribunais de
atacar os direitos da categoria.
O movimento dos correios enfrenta a seguinte situação: ou se organiza e
prepara os trabalhadores para enfrentar a ditadura do TST e da empresa ou ficará
anos sem qualquer conquista efetiva na campanha salarial.
Olá pessoal da Fentect!
ResponderExcluirEu gostaria de saber se foi acordado que o Vale-peru será pago no dia 01/12/12 ou no dia 15/12?
Obrigado.
Bruno Motta