Um expressivo avanço da luta contra a burocracia traidora e pela unidade dos trabalhadores dos Correios contra a privatização e pela conquista de suas reivindicações
Votos
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Percentual dos votos válidos
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Chapa 2 – Bloco de Oposição(Ecetistas em Luta/PCO – MRL – Intersindical – Independentes |
131
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50,4%
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Chapa 1 – Unidade na Luta(PT/Articulação – PCdoB) |
129
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49,6%
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Abstenção |
2
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0,76%
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TOTAL |
262
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100%
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O XI Congresso Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Contect) encerrou-se na madrugada deste domingo (17/06) com a eleição da nova diretoria da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios).
Foram apurados 131 votos para a Chapa de Oposição, Fentect unitária e pela base, integrada pelos militantes da Corrente Ecetistas em Luta (PCO), do MRL, da Intersindical, de Independentes (a maioria dos quais oriundos da ruptura com a FNTC, a chamada “federação anã”, que o PSTU/Conlutas está propondo criar). Para a chapa da situação, do bloco PT/Articulação-PCdoB, foram dados 129 votos.
O resultado que, com pequenas variações, se repetiu ao longo do Congresso expressou o desmoronamento da burocracia sindical e uma importante vitória dos setores classistas que se agruparam no bloco de oposição e de toda a categoria, uma vez que estes e outros resultados do Congresso terão enorme influência nos rumos das próximas lutas da categoria, em uma etapa de avanço da crise capitalista e das tentativas dos patrões e dos seus governos de atacarem os trabalhadores para defenderem seus lucros.
Abre-se uma nova etapa na luta da categoria dos trabalhadores dos Correios, uma das mais combativas e organizadas do País, que deu no Contect um passo decisivo para se livrar dos grilhões que a burocracia sindical procura atar às pernas dos trabalhadores.
Derrota antes do Congresso
A derrocada da burocracia no Congresso é a expressão, limitada pelas condições burocráticas do evento e pelas fraudes impostas pela burocracia, do bloco dirigente que traiu todas as lutas da categoria nos últimos anos e que chegou a o seu nível mais elevado com a aceitação por esses sindicalistas do acordo imposto pela direção da ECT e pelo TST, após 28 dias de greve da categoria, mesmo com a proposta patronal tendo sido rejeitada em todas as 35 assembleias da categoria em todo o País.
A traição à greve marcou um esgotamento da experiência política da maioria da categoria com estas direções tradicionais vinculadas ao governo do PT e à sua política de expropriação dos trabalhadores em favor dos bancos e grandes monopólios e que, nos últimos anos, foram “compradas” pela direção da ECT com centenas de cargos e vantagens para entregarem as lutas dos trabalhadores dos Correios.
Nestas condições, a burocracia do bloco Articulação/PT-PCdoB chegou ao Congresso derrotada e em meio a uma crise que a levou a várias rupturas no seu interior. A mais importante delas, justamente de uma de suas alas mais direitistas, levou a que o setor majoritário do PCdoB/CTB cometesse um dos maiores crimes da sua intensa lista de golpes contra a categoria: propusesse a divisão da combativa organização nacional dos trabalhadores dos Correios, a Fentect, para ajudar a direção da ECT, os patrões e o seu governo servil, a atacar os trabalhadores, inclusive com a privatização dos Correios.
Para levar adiante este golpe, estes agentes da burguesia no movimento operário, que foram colocados por meio de fraudes à frente de importantes sindicatos da categoria, como os de São Paulo e Rio de Janeiro, impuseram – sem qualquer consulta à base da categoria – a desfiliação desses sindicatos da federação nacional, principal entidade de luta dos ecetistas que centraliza sua luta em todo o País.
Além da divisão do PCdoB, a outra ala do bloco traidor, também foi levada à divisão pela enorme revolta dos trabalhadores contra sua política. Ante o repúdio dos ecetistas contra os sindicalistas que assinaram o famigerado acordo bianual e que traíram a greve de 28 dias da categoria, um setor do PT resolveu organizar diretamente os chefes e dirigentes da empresa para tomar de assalto os sindicatos e o congresso da categoria, criando uma cisão petista. Esta, no entanto, não obteve nenhum êxito expressivo e foi escorraçada pelos trabalhadores em alguns lugares como Campinas.
Também fracassou vergonhosamente a tentativa da ala “esquerdista” da burocracia, o PSTU/Conlutas, de evitar a derrota da burocracia da Fentect e dar um verniz esquerdista do PCdoB de rachar a federação, construindo uma “federação anã”, com menos de 5% dos trabalhadores da categoria. Essa empreitada, que começou contando com o apoio parcial de integrantes de diretorias sindicais de cinco sindicatos, adotando como eixo a disseminação da ideia absurda e reacionária de que não é possível lutar e derrotar a burocracia que se mostrou totalmente sem pé nem cabeça no Contect, como de resto em toda a história da luta dos trabalhadores.
Um passo decisivo: o bloco de oposição
Em meio a toda esta crise da burocracia, o ativismo classista da categoria soube tirar proveito, se unificando em torno da defesa da luta contra a burocracia e levantando um programa de defesa da unidade da categoria e de das reivindicações dos trabalhadores.
Esse bloco integrado por dirigentes e militantes de base da Corrente Nacional de Oposição Ecetistas em Luta (PCO), do Movimento Resistência e Luta (MRL), da Intersindical e diversos segmentos independentes, como as diretorias sindicais dos Sindicatos do Amazonas e do Piauí, juntamente com diretores do Sintect–PB, colocou como eixos de sua estruturação e da intensa luta política levada adiante no Contect, a mobilização por derrotar a burocracia não apenas no terreno eleitoral, mas também em torno de questões fundamentais para a categoria como a reorganização da Fentect, com a sua democratização, pondo fim à ditadura da burocracia sobre os trabalhadores e aprovação de uma campanha salarial de luta, controlada pelos trabalhadores com as reivindicações mais sentidas da categoria diante da expropriação dos salários, da terceirização e da política de privatização da ECT do governo, apoiada pelos sindicalistas traidores.
Este bloco desmascarou o papel reacionário da política divisionista da direita e da “esquerda” da burocracia, forçando a unificação no Congresso de todos os setores de oposição, inclusive dos poucos delegados da Conlutas que, em sua maioria, desde os primeiros momentos do Contect demonstrava uma enorme contrariedade com a política que a direção do PSTU procurava impor de rachar a federação, dividir a oposição e dar uma sobrevida à burocracia traidora.
Avanços importantes
Além de derrotar eleitoralmente a burocracia traidora, conquistando a maioria dos cargos da diretoria, que por proposta da oposição foi ampliada e passou a contar com a proporcionalidade direta e qualificada, o bloco de oposição aprovou no Congresso uma série de medidas de democratização da entidade: como
A criação do Comando Nacional de Mobilização da Campanha Salarial, a ser formado por representantes de todas as bases sindicais dos 35 Sindicatos da categoria, tirando de uma máfia que todos os anos se vendia para a empresa, a tarefa de decidir sobre os interesses de mais de 120 mil trabalhadores.
Sob a iniciativa do bloco de oposição o Congresso derrotou a tentativa da burocracia moribunda de tentar impor como pauta base da campanha salarial a famigerada sentença adotada pelo TST, como apoio da direção da ECT e da burocracia sindical, contra a combativa greve de 28 dias de 2011. Em seu lugar foi aprovada uma pauta ampla contemplando o conjunto das reivindicações da categoria, começando pela defesa dos salários com a luta pela reposição integral das perdas salariais e de um aumento salarial de 43,7%, mais reajuste linear de R$ 200.
O bloco de oposição cuja chapa foi encabeçada pelo companheiro José Rodrigues, do Sintect-PB, decidiu estabelecer o rodízio na secretaria-geral da Fentect como uma de muitas de suas medidas visando por fim à ditadura da burocracia na entidade.
A vitória do bloco de oposição na entidade nacional da categoria ecetistas, presente em todas as cidades do País e que desenvolveu as maiores lutas da classe operária brasileira, é um decisivo passo na construção de um novo sindicalismo que, por certo, terá repercussões enormes não apenas na luta da categoria, mas em todo o movimento operário.
Como em outros momentos, o desenvolvimento da luta dos ecetistas sinaliza as tendências gerais, ainda que menos evoluídas, por hora, do conjunto da classe operária que para enfrentar os planos de “austeridade” da burguesia e do seu governo diante do colapso capitalista precisa retomar para as lutas seus sindicatos e todas as suas organizações e colocar de pé um novo moimento sindical, classista e revolucionário, controlado pelos trabalhadores que vão se levantar.
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