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sábado, 23 de junho de 2012

A vitória da oposição nos Correios: Aquilo que precisava ser demonstrado




Todas as teses da política do PSTU/Conlutas usadas como pretextos para destruir a Fentect foram demonstradas falsas. O mito derrotista da invencibilidade da burocracia foi derrubado e ridicularizado 

O resultado do XI Congresso Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Contect), com vitória espetacular do bloco de oposição contra o bloco traidor, composto pela Articulação Sindical do PT e o PCdoB, demonstrou falsas todas as teses sobre a burocracia sindical e sobre os sindicatos que o PSTU/Conlutas vinha tentando impor aos trabalhadores. Mais ainda, os acontecimentos do congresso revelaram a completa falência da política do PSTU/Conlutas para o movimento sindical.
Vejamos parte a parte, na demonstração dessa falência.

Para lutar, é preciso rachar?

A política do PSTU, no momento em que criou a Conlutas e agora na tentativa de criar a FNTC, conhecida como Federação Anã, é a da ruptura com as organizações operárias. Foi assim com a CUT e seria assim com a Fentect.
A tese fundamental para sustentar essa política divisionista – que para qualquer militante ou trabalhador minimamente esclarecido só poderia ser identificada como um crime contra o movimento – é a burocratização do aparelho da organização em questão.
No caso dos Correios, por exemplo, o PSTU/Conlutas procura dizer que a Fentect é irremediavelmente burocrática, assim como se a federação fosse um ente que tivesse vida própria independente da luta de classes, da luta entre trabalhadores e patrões. Dessa maneira, procuram esconder o fator fundamental da burocratização que é a presença majoritária da burocracia sindical na direção da organização e a incompreensão dos trabalhadores sobre esta política oportunista.
Quando o problema da burocracia sindical é colocado às claras, fica óbvio que para retomar o movimento para a luta da categoria é necessário lutar contra a burocracia, ou seja, fazer evoluir a consciência dos trabalhadores sobre o verdadeiro papel da burocracia nas organizações sindicais. A divisão, como quer o PSTU, não é lutar, mas se esconder e deixar a burocracia livre para continuar enganando os trabalhadores.
A vitória da oposição no XI Contect provou que a luta não só é possível, mas também a única maneira de combater e vencer a burocracia. Provou ainda a extraordinária capacidade de evolução da classe trabalhadora que, nos correios, repudia em massa tanto a política como os líderes da burocracia petista.

Não há democracia na Fentect?

Os anos de domínio da burocracia sindical na Fentect, por meio do bloco Articulação/PT-PCdoB só foram garantidos por meio de uma ditadura contra os trabalhadores. A burocracia sindical utiliza todo o tipo de expediente para manter o seu domínio e não poderia ser diferente, já que não possui apoio na base.
Por outro lado, a necessidade de golpes e manobras contra os trabalhadores é cada vez maior à medida que seu apoio e prestígio na base vai diminuindo. A ditadura já é em si um sinal de fraqueza da burocracia.
Portanto, a falta de democracia na federação não é um problema inerente, mas um problema exterior, ou seja, é o resultado da política da própria burocracia ou, mais precisamente, da crise desta política.
Na medida que essa política foi perdendo o apoio das amplas camadas dos trabalhadores, a ditadura também se acentuou, se tornou mais óbvia e entrou em crise. A força da oposição estava justamente no fato de que essa crise possibilitou que os princípios fundamentais da democracia operária fossem recolocados.
Exemplos disso não faltam. Foi aprovada a ampliação da diretoria da Fentect de 13 para 21 cargos, foi aprovada também a ampliação do comando de negociação que de sete, passará a contar com seis representantes mais um por sindicato – mais de 40 pessoas – o que é uma vitória incontestável dos trabalhadores. Outras medidas, como a necessidade de que 2/3 dos sindicatos aprovem um acordo, antes era metade. Além disso, a própria presença do bloco de oposição na secretaria geral será um passo importante, já que ficou estabelecido o rodízio entre as forças políticas do bloco.

A derrota foi imposta à burocracia

Outra tese do PSTU para convencer de que é melhor rachar os sindicatos do que lutar contra a burocracia é a de que, ainda que tudo desse certo para a oposição, o bloco da Articulação/PT-PCdoB não aceitaria a derrota. A burocracia sindical colocaria capangas armados para impedir a vitória da oposição e seria dado um tipo de golpe de Estado na Fentect. Não há dúvida de que este é mesmo o método da burocracia. Na eleição do Sintect-SP, para impedir a vitória de Ecetistas em Luta, tomaram o sindicato de assalto. Foram bem sucedidos apenas porque a oposição e os trabalhadores não estavam preparados. No entanto, nada havia de inevitável neste golpe. Com o crescimento da consciência e da organização dos trabalhadores tais golpes tornam-se cada vez mais difíceis, até se tornarem inviáveis.
O que aconteceu nesse congresso foi exatamente isso. A pressão dos trabalhadores nas bases, a desagregacão do bloco burocrático e a luta do bloco de oposição e o vigor com que foi travada a luta, praticamente inviabilizaram qualquer possibilidade da burocracia tentar garantir a vitória por meio da violência.
Não que a burocracia sindical não tivesse o desejo de fazê-lo, mas as condições políticas não permitiam um golpe dessa natureza e que, se fosse tentado, levaria a crise da burocracia ao extremo. A força da oposição e a fraqueza da burocracia não estavam somente no congresso, mas eram a expressão da vontade das bases da categoria. Ao contrário do que vinham pregando os sectários dogmáticos do PSTU, não há manobra, golpe ou violência que seja capaz de conter a força dos trabalhadores quando ela efetivamente amadureceu. Se não fosse assim, nenhuma revolução seria possível. Este dogma oportunista nada mais é que um abandono de qualquer ideia de revolução.
A burocracia não só foi derrotada, como foi obrigada a aceitar a derrota e, em certa medida, a fazer dezenas de compromissos com o bloco de oposição para poder sobreviver dentro do próprio congresso, uma vez que a sua bancada estava visivelmente em decomposição.

A Fentect é um escritório do governo? Não é mais

Outra ladainha repetida pelo PSTU/Conlutas foi o famoso “governismo”. À parte da falta de sentido do termo do ponto de vista da luta de classe, sem nenhum conteúdo marxista, o que o PSTU quer dizer é que a entidade Fentect defende o governo. Conforme já foi dito em algumas ocasiões até mesmo pelo “governista” PCdoB:que a Fentect é um “escritório do governo federal”.
Todo mundo sabe que a presença da Articulação/PT na direção majoritária dos sindicatos é um fator de contenção das lutas dos trabalhadores, principalmente, contra o governo e de atrelamento de qualquer entidade sindical a este. Na realidade, podemos inclusive expandir este raciocínio para todo o tipo de burocracia sindical. É da natureza da burocracia ser dependente do Estado capitalista, como já indicaram os marxistas em todas as situações. Todo mundo sabe também que a Articulação – e isso foi a principal causa de sua crise – vem fazendo dentro da Fentect a política da direção dos Correios.
Portanto, o problema que o PSTU mais uma vez quer colocar como sendo uma transformação essencial da federação, na realidade é um resultado da política da ala majoritária do PT, ou seja, um problema transitório da luta de classes.
Mesmo assim, as experiências, como a greve do ano passado, mostraram que é uma idiotice a ideia de que a Fentect é um mero escritório do governo. Além e acima da dominação da burocracia sindical, quem faz parte da Fentect são os 110 mil trabalhadores dos Correios, que com ou sem o PT, partiram para uma greve de 28 dias, contra a vontade da burocracia. O escritório foi colocado de lado pelos trabalhadores.
Mas, digamos que fosse verdadeira a ideia de escritório do governo. O que dizer agora? Com a vitória da oposição, o argumento se desfaz como fumaça. O governo perdeu um escritório para o PCO, MRL, Intersindical e os trabalhadores mobilizados.

Os trabalhadores venceram uma batalha importante

Mais importante do que a vitória da chapa formada pelo bloco de oposição, por dois votos de diferença, foram as mudanças estatutárias que esse mesmo bloco conseguiu impor no congresso.
Conforme foi citado acima, essas mudanças são um passo decisivo para retomar a federação para a luta dos trabalhadores. Diferente do que tentou pregar o PSTU, a luta contra a burocracia para retomar as entidades sindicais é o único caminho para a vitória dos trabalhadores.
A mudança mais importante deve ter sido no comando de negociação, que passou a se chamar Comando Nacional de Mobilização da Campanha Salarial. Os trabalhadores dos Correios consideram o antigo comando como algo maldito que traiu todas as últimas greves e era um balcão de negócios de sindicalistas.
A proposta aprovada no congresso ampliou o comando para mais de 40 membros (seis mais um por sindicato). Além disso, as propostas feitas durante as negociações serão tornadas públicas com 24 horas de antecedência para que a categoria possa debater sobre qual é a melhor proposta para ela.
Outra mudança importante foi o quórum de 2/3 dos sindicatos para que o acordo seja aprovado. Antes era 50%, o que facilitava a fraude em assembleias, como ocorreu no acordo bianual em 2009.

A falência do PSTU e da Federação Anã

Como ficou demonstrado, a realidade se impôs à política sectária e dogmática do PSTU. Toda a pregação divisionista, que já não tinha lógica na teoria, perdeu completamente o sentido na prática.
O PSTU foi obrigado a recuar na defesa da ruptura já no congresso e foi obrigado a votar no bloco de oposição tamanha era a pressão dos bases. Mais uma demonstração de que é um erro gravíssimo desprezar a importância decisiva dos próprios trabalhadores no processo sindical.
A Federação Anã perdeu dois sindicatos inteiros – Sintect PI e Sintect-AM – sendo que o sindicato da Paraíba está praticamente fora, já que a maioria dos seus diretores não defende a divisão e essa política é completamente rejeitada na base. Restou metade dos sindicatos, ou seja, três. No entanto, é clara a tendência de recuo desses três sindicatos. A insistência da direção do PSTU nessa política vai levar à sua liquidação dentro do movimento. Mais um vez, o marxismo se mostra infalível: “toda organização, todo partido, toda fração que se permita ter uma posição ultimatista com respeito aos sindicatos, o que implica voltar as costas à classe operária, somente por não estar de acordo com sua organização, está destinada a acabar. E é bom frisar que merece acabar.” (Trótski, Os sindicatos na época de decadência imperialista, grifo nosso).

Um chamado aos sindicatos que ainda não romperam com a Federação Anã

Durante todo o Congresso ficou evidente a divisão interna da banda de 22 delegados da Federação Anã. Os militantes que dirigem os sindicatos de Pernambuco e do Vale do Paraíba e alguns outros militantes isolados não concordavam com a política pregada pela direção do PSTU e defendida dentro dos correios pelos dirigentes de S. Paulo, “Geraldinho” Rodrigues, e do Rio de Janeiro, Heitor Fernandes.
A bancada dividiu-se e os integrantes dos sindicatos ameaçaram votar contra a orientação da direção do PSTU/Conlutas, o que levou a uma mudança na orientação da direção do grupo. Foi um acerto destes companheiros, pois a derrota da oposição provocada por um voto contra do PSTU/Conlutas seria um verdadeiro suicídio político na base da categoria.
Somente um único integrante desta bancada, o representante do Movimento Revolucionário, do Rio Grande do Sul, ligado ao secretario geral do Sintect-RS, Vicente Guindani, absteve-se na votação mantendo-se na política sectária e dogmática do PSTU/Conlutas.
A tarefa mais imediata do bloco de Oposicão e da própria Fentect é abrir uma discussão com as diretorias dos sindicatos que permanecem na Federação Anã e propor a eles que se integrem não apenas à Fentect plenamente como ao próprio bloco de oposição em um esforço comum para levar adiante a completa renovação da federação nacional.
A política que preconizava a ruptura da Fentect está morta e enterrada. Todos os seus fundamentos foram demonstrados errados pelo Congresso. Não há demérito algum em reconhecer um erro e corrigi-lo.
É preciso que os sindicatos e militantes do bloco de oposição se unam em um esforço para que estes sindicatos permaneçam na Fentect e se unam ao esforço de derrotar tanto a direção petista como o PCdoB dos sindicatos da categoria.

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