Onde estão os trabalhadores que foram aprovados no concurso público?

Os Atendentes Comerciais estão em número insignificantes para atender as gigantescas filas que se estendem nas agências da Grande BH e do interior de Minas. Ao mesmo tempo em que são forçados a executar um volume excessivo de trabalho, os ecetistas são vítimas de um número cada vez maior de assaltos e de situações humilhantes que precisam ter um basta imediato

 

Os Atendentes Comerciais são os responsáveis direto por, basicamente, toda a movimentação financeira da ECT em todos os municípios do País, excetuando-se os contratos de grandes clientes e segmentos dos poderes executivo, legislativo e judiciário que têm procedimentos específicos. São os responsáveis pelo pagamento mensal de ampla parte dos aposentados brasileiros e acumulam função similar aos trabalhadores bancários, sobretudo nos últimos dez anos com a implantação do banco postal nos correios. Cada dia que passa, a ECT assina um número maior de contratos de prestação de serviços, com os mais diversos segmentos organizados da sociedade, obrigando os mesmos e quase sempre Atendentes Comerciais a uma jornada sempre maior e mais estafante.

Não bastasse o salário miserável que vem perdendo o poder de compra ano após ano, os Atendentes Comerciais estão trabalhando em ambientes insalubres e em número insignificante. As filas estão cada vez maiores e os assaltos são constantes. Somente no mês de outubro mais de cinco agências foram assaltadas em Minas (como ocorreu em Lagoa Santa, onde os trabalhadores foram destratados e humilhados), mas até agora os mecanismos de segurança preventiva simplesmente não existem e nenhum trabalhador recebe seguro de vida por parte da ECT. Na AC São Benedito tem apenas três trabalhadores e, na última terça-feira (01/11/2011) só havia um Atendente Comercial atendendo uma fila de mais de 70 (setenta) clientes. Esta é a realidade em toda a periferia das grandes metrópoles. Nos grandes centros a situação é ainda pior. O ritmo é alucinante e quem não entra no “esquema” opressivo da ECT acaba tendo um GCR (gerenciamento de competência e resultados) rebaixado, sendo discriminado pelas chefias e classificado como mal empregado e com “perfil” incompatível para trabalhar na ECT.

Toda essa situação faz parte da política de desmonte da ECT. Por um lado ela obriga o trabalhador a um serviço semiescravo e em segundo lugar ela não contrata, apostando na terceirização, que é uma ponte para a privatização integral dos correios.

Há mais de dez anos que os patrões vêm se organizando com os governos (Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula) como ocorre agora no governo Dilma Rousseff. Mais de dez mil trabalhadores foram demitidos apenas entre 2008 e 2009. E, desde 2008, a ECT vem deixando de efetuar o concurso público nos correios. No início de maio ela realizou um concurso público que foi uma verdadeira fraude. Os concursados daquele concurso até agora não foram efetivados, pois a ECT foi orientada pelo governo a jogar peso na terceirização/privatização. Mesmo que fossem efetivados os concursados, eles não resolveriam o problema do excesso de serviço na ECT, pois o número de concursados a serem efetivados é insuficiente, precisando de pelo menos 35 mil novos trabalhadores para dar conta da demanda cada dia maior. O fato dos trabalhadores concursados não serem nunca efetivados deve ser motivo de preocupação de todos os Atendentes Comerciais, que cada dia fica em maior número de adoentados e oprimidos nos seus locais de trabalho.

Somente a mobilização dos atendentes Comerciais, se organizando contra o excesso de serviço e exigindo a imediata contratação de novos companheiros para desafogar o serviço excessivo, dará um basta a esta situação humilhante e debochada da direção da ECT.

Com a proximidade do fim de ano (formaturas, natal e ano novo), este é o momento propício para todos os Atendentes, através dos próprios métodos de luta da classe operária, darem um basta à política de desmonte e de privatização dos correios, exigindo o atendimento às suas reivindicações a começar pelo fim do excesso de serviço e da efetivação de todos os concursados pela ECT.