4 de setembro de 2012
A direção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) deu mais
uma demonstração de que não leva os trabalhadores a sério.
Além de ignorar as mais de 80 reivindicações contidas na pauta
apresentada pela categoria em julho, a direção da ECT insultou a categoria ao
apresentar, no mês passado, uma proposta de “reajuste” de 3%. O valor, ínfimo,
não é suficiente sequer para cobrir as perdas com a inflação no último
ano.
Economizando à custa dos trabalhadores, a ECT procura ainda transferir
suas responsabilidades para os trabalhadores. Em um artigo publicado no úlitmo
dia 28 em seu “blog” na Internet, a empresa procura dar a entender que a greve
da categoria - marcada para zero hora do dia 11 de setembro - não teria porquê
acontecer.
O “argumento” escolhido pela representação patronal é o de que a pauta
de reivindicações econômicas apresentada pelos trabalhadores representa um
acréscimo de R$ 25 bilhões na folha de pagamento da empresa e que esse valor
seria insustentável. A empresa, no entanto, não afirmou até agora qual seria o
valor “cabível”.
O “reajuste” de 3% oferecido por ela não pode ser levado a sério. Nem
mesmo o mais conservador dos juízes do trabalho aceitaria que, em um eventual
dissídio, o reajuste pudesse ser menor que a inflação.
A “resposta” da ECT: negociar depois de
negociar
Para a direção da Empresa, a “solução” ideal seria que os trabalhadores
aceitassem os 3% e se conformassem com isso. Para tanto, a Empresa prometeu
realizar “mesas de discussão”, uma vez fechado o acordo coletivo, para discutir
as reivindicações apresentadas pelos trabalhadores.
Querem que a categoria aceite calada o reajuste que não reajusta e se
conforme com as negociações que não negociam...
De quem, então, é a responsabilidade por
apresentar uma “contraproposta”?
A ECT não quer negociar com os trabalhadores.
A empresa afirmou, no dia 31 em seu “blog”, que “pela ordem, cabe,
agora, os sindicatos apresentarem nova proposição para as negociações
avançarem”.
Mas, desde que a Fentect apresentou a pauta de reivindicações da
categoria em 26 de julho, a direção da empresa não apresentou qualquer resposta
concreta aos mais de 80 pontos contidos na pauta. Nenhuma sequer!
Nas reuniões de negociação, apenas 15 dos 80 pontos foram apresentados
oralmente pelos representantes dos trabalhadores. A bancada patronal suspendeu
as negociações sem se incomodar em ouvir o restante das
reivindicações.
Fazem isso porque já não esperavam, desde o começo, que a negociação
fosse levada a sério.
O mais próximo que a ECT chegou de uma resposta às reivindicações dos
trabalhadores foi afirmar que boa parte delas não poderia ser
negociada.
Assim, as horas extras, as convocações aos finais de semana, a
contratação de mais empregados, o fim da terceirização e a privatização da
empresa não seriam discutidos com vistas a inclusão de uma resposta formal da
empresa no Acordo Coletivo.
A empresa não apresentou uma verdadeira resposta às reivindicações dos
trabalhadores. Os 3% oferecidos por ela são um insulto à categoria.
Se fosse um diálogo, a negociação da campanha salarial poderia ser
resumida da seguinte maneira:
Trabalhadores: “queremos 43,7%”
Empresa: “não ofereço nada. Qual a sua contraproposta?”
A Empresa, cinicamente, quer forçar os trabalhadores a rebaixarem sua
reivindicação salarial e a abrir mão das demais reivindicações da sua
pauta.
A direção da ECT deixou claro que não pretende, nem nunca pretendeu,
negociar seriamente com os trabalhadores.
A questão central, no entanto, é que não se trata agora de apresentar
uma “contraproposta”. Caberia à direção da ECT mudar de conduta e levar a sério
as reivindicações da categoria, caso deseje realmente evitar o inevitável: que
os trabalhadores cruzem os braços e saiam à luta em busca do que lhes pertence.
Greve nos Correios
Com base nas campanhas salariais anteriores e em defesa dos interesses
da categoria, a Fentect e o comando nacional de negociação da campanha salarial
(composto por um representante de cada sindicato regional e de seis
representantes da Federação) já havia marcado, antecipada e corretamente, um
indicativo de greve para a zero hora do próximo dia 11.
Diante da intransigência da ECT, a decisão provou ser a mais acertada. A
categoria ecetista deve se mobilizar e organizar a greve para o próximo dia 11
porque já ficou claro que a empresa não quer levar a sério os trabalhadores.
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