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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Duas semanas de greve: quais os problemas e as tarefas centrais da greve nesse momento

Apesar de se tratar de um movimento massivo, com setores que nunca paralisaram suas atividades aderindo ao movimento, isso sem falar na paralisação dos Complexos Operacionais, principais setores para a triagem e distribuição de correspondência, o que se observa é uma política traiçoeira da burocracia, que quer “cozinhar a greve em banho-maria” para facilitar o fim do movimento e, principalmente, a privatização dos Correios
 

A greve dos trabalhadores dos Correios está entrando na sua terceira semana e segue tão forte quando no momento em que foi decretada, no dia 13 passado. A adesão à mobilização é imensa, tanto é assim que a empresa foi obrigada a suspender todos os serviços com hora marcada, como o Sedex 10, Sedex Hoje e Disque-Coleta.
O que também chama atenção nessa greve é que, ao contrário do que normalmente ocorre, além de contar com o apoio massivo dos carteiros, setor que tradicionalmente paralisa suas atividades, o movimento paredista também está se espalhando pelos centros operacionais e o mais significativo, pelos setores administrativos e técnicos, normalmente refratários ao movimento grevista. Em nota oficial, a Adcap (Associação dos Profissionais dos Correios), que representa funcionários técnico-administrativos e de nível superior e alguns funcionários de cargos mais altos nos Correios, não só declarou apoio à greve da categoria, como convocou seus associados a paralisarem suas atividades, numa atitude inusitada.
Nos centros operacionais a situação não é diferente. Os trabalhadores estão paralisando os Complexos Operacionais, setores mais importantes, uma vez que são os responsáveis por fazer toda a distribuição das encomendas. Ou seja, se os Complexos param a greve se transforma, inevitavelmente, em uma completa paralisação de todo o funcionamento postal. Nos casos de São Paulo e Minas Gerais, essa paralisação foi bastante significativa. No Jaguaré, por exemplo, um dos maiores Complexos do País, a participação dos trabalhadores, inclusive entre os OTTs (Operadores de Triagem e Transbordo) é imensa. Em Minas Gerais o Complexo é paralisado por meio de piquetes que contam com a participação de 300 pessoas diariamente.
Todos esses dados, unindo-se ao fato de que a empresa foi obrigada a declarar que até o dia 16/9, em virtude da greve, mais de 45 milhões de objetos em todo o país deixaram de ser entregues por dia, o que corresponde a 40% do total previsto para esse período, mostra que se trata de uma greve extremamente forte, com uma altíssima adesão dos trabalhadores, a maior das últimas décadas. Os correios contam com 110 mil trabalhadores em quase todos os mais de 5 mil municípios do País, de forma que a atual paralisação superou uma série de obstáculos naturais como a dispersão de parte da categoria por todo o território nacional. Não só isso, a própria empresa já anunciou que a estimativa é que mais de 60 milhões de correspondências deixem de ser entregues por dia nas próximas semanas.

Burocracia sindical cozinha greve em banho-maria para tentar desmobilizar trabalhadores

Apesar de se tratar da maior greve do último período, possivelmente a maior greve da história do Correio em extensão, a mesma enfrenta um problema crônico, que é a política da burocracia sindical que dirige a maior parte dos sindicatos.
O Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol), uma frente informal que tem dirigido o movimento dos correios por cerca de três décadas, está cozinhando a maior greve nacional da categoria a banho-maria. A manobra consiste em manter fria a mobilização dos trabalhadores para ver se a greve desaparece por conta própria ou diminui seu ímpeto para permitir uma negociação ao gosto da direção nacional da Empresa de Correitos e Telégrafos, a ECT.
Não há na maioria dos sindicatos, uma exceção notória sendo o sindicato de Minas Gerais dirigido pela Corrente Ecetistas em Luta, cujos militantes são ligados ao Partido da Causa Operária, ações que de fato organizem os trabalhadores e os mobilize para a greve. Os piquetes, por exemplo, estão sendo abertamente boicotados pela burocracia. Simplesmente não existem piquetes nas portas dos setores. Outro exemplo é o da Paraíba, sindicato que é controlado por um ventrículo do PSTU, onde os piquetes foram suspensos por ordem da diretoria do sindicato a pretexto de que os mesmos haviam sido proibidos pela Justiça. Ou seja, ao invés de fazer pressão e esperar que a própria Justiça, por meio de oficiais, impusesse o fim dos piquetes, os sindicalistas do PSTU simplesmente abaixaram a cabeça e cumpriram eles mesmos o papel de cassar os piquetes da greve.
Em São Paulo essas manobras são ainda mais grotescas. A diretoria do Sintect-SP, controlada pelo PCdoB, está promovendo assembleias às escondidas, em lugar fechado e de difícil acesso para justamente impedir a participação da categoria. Aqui vale destacar que boa parte das assembleias de greves realizadas nos estados ocorre na rua.
O objetivo da manobra do PCdoB é o de desmobilizar a categoria. A greve e a mobilização da categoria tem que ser feita na rua. Em São Paulo, as assembleias não só são confinadas, como os trabalhadores são inclusive proibidos de falar. Não há nenhuma avaliação, muito menos balanço da greve nacional, isso sem falar que o sindicato não organizou nenhuma única ação de greve. Não tem piquetes, ato, boletim, carro-de-som, absolutamente nada.

Jogando nos dois times ao mesmo tempo

O problema tem uma origem clara. A maioria da Federação Nacional e das direções dos sindicatos pertencem aos dois partidos do governo, PT e PCdoB. Desta forma, os sindicalistas jogam nos dois times. A tal ponto vai esta situação que inúmeros dirigentes sindicais receberam cargos de direção da empresa após greves derrotadas, o que caracteriza uma conduta de improbidade de ambos os lados, como que na bancada de negociadores e de estrategistas da greve estão pessoas destes dois partidos que, até ontem, estavam dirigindo sindicatos de trabalhadores.
Esta situação tem gerado uma enorme crise nos sindicatos. Esta crise tem sido sustentada pelos sindicalistas do governo através da política levada adiante pela esquerda do bloco, o PSTU. Vários sindicalistas do PSTU assumiram cargos, mas tomaram o cuidado de se desvincular formalmente do partido, embora seja claro que não haja ruptura política alguma. Outros são tradicionais burocratas que dirigiram sindicatos em conjunto com PT e PCdoB. Este partido formalmente não é parte do governo e até ostenta uma política antigovernista muito superficial e de caráter eleitoral. Aparecendo como uma esquerda e contra o governo, os sindicalistas do PSTU têm sido capazes até agora de dar sustentação à burocracia em crise. Neste momento, lançaram a ideia de criar uma federação própria, com seis sindicatos, reunindo menos de 10% da categoria, uma proposta que ilude os menos inexperientes dando a idéia de ruptura, mas que na realidade, nada mais é que uma divisão que somente pode facilitar a política da direção oficial.

Bando dos Quatro desmobiliza a greve para blindar o governo dos trabalhadores

É inegável que os trabalhadores pararam massivamente, trata-se de uma greve unanime. O que, no entanto, chama bastante atenção é que mesmo com toda essa adesão, a greve é um movimento parado, não por conta da disposição de luta dos trabalhadores, mas em virtude da paralisia completa da burocracia sindical.
Os sindicatos dirigidos pelo Bando dos Quatro estão numa campanha aberta para evitar que os trabalhadores se organizem e endureçam a greve – medida que é a única alternativa para que os trabalhadores possam sair vitoriosos da greve. Um exemplo significativo foi o boicote do Bando dos Quatro ao ato convocado pela Corrente Ecetistas em Lula.
A atividade foi organizada em frente ao Edifício Sede em Brasília como medida direta de pressão dos trabalhadores para protestar contra a privatização da ECT. Todo o Bando dos Quatro boicotou a atividade e não mandou nenhum único representante, o completo oposto do que esses mesmos sindicalistas fizeram quando se tratou de ir a Brasília fazer lobby com os parlamentares da direita. Ou seja, quando se trata de ir, abraçar e beijar a mão dos parlamentares direitistas, o entusiasmo é completo, no entanto, quando se trata de organizar uma luta real da categoria contra o governo e o presidente da empresa, a paralisia é total.
Fica evidente que a política do Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol) com todo esse boicote é blindar o governo do PT, da presidenta Dilma Rousseff, da mobilização da categoria. A luta é contra o governo, que está tentando privatizar os Correios, e contra o presidente da empresa que quer manter os quase 110 mil funcionários da ECT recebendo salários miseráveis e retirando todos os benefícios, a pauta de reivindicação da categoria é nacional, ou seja, é em Brasília onde estão concentrados os patrões dos trabalhadores. Apesar de ser uma coisa obvia, o Bando dos Quatro apresenta como se fosse um absurdo ir a Brasília fazer pressão contra os patrões, uma capitulação vergonhosa diante do governo, isso quando todo mundo sabe que a ida de milhares de trabalhadores à Brasília é uma forma indispensável de fazer pressão no governo.
Nesse sentido o papel que o PSTU cumpre é o de ajudar o PT e PCdoB, os agentes diretos da privatização dentro do movimento operário, a blindar o governo da greve dos trabalhadores. 

Uma manobra frustrada para esfriar a greve, esquenta a mobilização nacional

O último lance da semana, na quinta-feira (21), foi a tentativa de rebaixar a pauta de reivindicações para agradar à direção da ECT e o governo para que estes saíssem da sua intransigência e negociassem.
Esta proposta caracteriza bem estes sindicalistas que se apoiam não na força e no número dos trabalhadores, mas na conciliação com os patrões. Tratava-se nada mais nada menos do que uma ilusão burocrática.
Os sindicalistas não compreenderam qual é a verdadeira situação da greve que, para eles, é mais uma greve burocrática. Na realidade, está em questão a privatização e toda a política do governo, de um lado e, de outro, a mobilização massiva dos trabalhadores. Não há margem para a política medíocre e traidora de consenso entre patrões e empregados. O governo entendeu isso e está jogando pesado contra a greve cortando o ponto.
De uma maneira completamente antidemocrática, os burocratas do PT, PCdoB, PSTU e Psol enfiaram goela abaixo das assembleias, onde os trabalhadores foram pegos de surpresa, ouviram explicações mentirosas e sequer viram o documento que estavam aprovando.
Os afoitos sindicalistas burocráticos correram para o governo com o seu presente, mas o governo sequer esperou que eles chegassem lá e declarou que não vai negociar, que quer o fim da greve para negociar.

E agora, José?

Os burocratas do Bando dos Quatro ficaram completamente sem ação.
Não têm nenhuma bala na agulha e a única alternativa será mudar de política. É preciso sair da paralisia e enfrentar o governo. Caso optem por não fazê-lo terão que enfrentar os próprios trabalhadores que dizem dirigir. Esta situação mostrou-se claramente na sexta-feira, quando foram realizadas passeatas em todo o país. Estas passeatas foram chamadas para disfarçar o fato de que o Bando dos Quatro não quer ir a Brasília encurralar o governo. Os sindicalistas do PT e PCdoB morrem de medo do enfrentamento dos trabalhadores com o governo do PT, que claramente teria consequências desastrosas e obrigaria o governo a recuar. Queriam manifestações sem qualquer vibração e relativamente esvaziadas, mas o tiro saiu pela culatra. Em São Paulo, apesar da paralisia do sindicato, foram quase cinco mil trabalhadores. Em Belo Horizonte quase mil trabalhadores ganharam as ruas. Foram dezenas de milhares em todo o país.
Isso quer dizer que os próprios trabalhadores estão buscando conduzir a luta passando por cima dos aparelhos burocráticos dos sindicatos. Está colocada na ordem do dia e pelos próprios trabalhadores a realização de um grande ato em Brasília na próxima semana. A bola está com o Bando dos Quatro: fazer ou não fazer, eis a questão.

Um chamado aos trabalhadores para que rompam com a paralisia do Bando dos Quatro

O problema da greve, como se vê, é um problema qualitativo e não quantitativo, ou seja, a greve é unanime, os trabalhadores estão paralisando massivamente, mas faltam ações permanentes por parte das direções dos sindicatos no sentido de impulsionar a luta. O que ocorre em Minas Gerais, por exemplo, que deveria ser a regra, já que o sindicato organiza piquetes com centenas de trabalhadores, faz ato, passeatas, distribui boletins diários, coloca carro de som etc., é uma exceção.
O que prevalece é a completa paralisia, o que vale destacar, não tem nada a ver com a disposição dos trabalhadores, tanto que em Minas Gerais os piquetes são organizados com cerca de 300 trabalhadores. A categoria está disposta a lutar, o que os impede são justamente as barreiras impostas pela burocracia.
O que, no entanto, precisa ficar claro é que essas barreiras podem ser facilmente removidas à medida que os trabalhadores entendam e rejeitem a política direitista e reacionário do Bando dos Quatro. Não existe direção que suporte a força e a pressão dos trabalhadores.
Nesse sentido, o que se coloca para os trabalhadores como tarefa central do movimento é ampliar sua mobilização. A greve, ao contrário da visível campanha do governo e imprensa, está cada vez mais forte. Os trabalhadores devem se unificar em torno de propostas que sirvam efetivamente para aumentar a mobilização da categoria.
É preciso organizar piquetes, passeatas, atos e, principalmente, organizar uma ampla mobilização em Brasília para pressionar os verdadeiros patrões dos trabalhadores, a presidenta Dilma Rousseff e o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro. Esse deve ser um ato massivo, que conte com a participação de milhares de trabalhadores. Por isso, a corrente Ecetistas em luta está convocando uma nova atividade em Brasília para o dia 28. É preciso aumentar o comando de luta, onde sentam-se sete pessoas que não sabem o que estão fazendo e pior, fora de sintonia com os trabalhadores. É preciso fazer da grande greve dos correios uma greve ativa, de protesto, de mobilização de rua e paralisar completamente a distribuição postal no Brasil.
Greve até a vitória!

Um comentário:

  1. Companheiros diante de todos fatos apresentados,e das ameaças ditadoras vidas do partido que era para defender os trabalhadores,e tambem diante da demostração de força desta maravilhosa categoria,o que me resta dizer: "DILMA A CULPA É TUA,SE O CARTEIRO,OTT,ETENDENTE COMERCIAL ESTÃO NA RUA,VEM LOGO NEGOCIAR SE NÃO NÓS NÃO VAMOS VOLTAR.

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