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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Apesar do boicote: ato em Brasília pressiona a empresa e mostra acerto político

Mesmo com as manobras da burocracia sindical, o ato nacional em Brasília se confirmou como uma atividade fundamental para fazer avançar a luta da categoria em defesa de suas reivindicações


Foi realizado em Brasília na última quinta-feira, dia 29, um ato nacional da categoria de Correios com a participação de trabalhadores de Minas Gerais, São Paulo, Campinas, além do Distrito Federal e outros lugares.
Apesar de todo o boicote e das manobras da burocracia sindical do Bando dos Quatro (PT-PCdoB-PSTU-Psol) que está à frente da maioria dos sindicatos nacionalmente, e do Comando de Negociação, o ato foi um verdadeiro marco na atual greve da categoria.
O dia começou com uma ação do Sindicato dos Bancários que foi ao Ed. Sede dos Correios com seu tradicional piquete pago (em Brasília o sindicato faz piquetes nas agências bancárias com pessoal contratado, assim como o PT passou a fazer suas campanhas eleitorais nas últimas décadas). A ação seria uma iniciativa da CUT para “unificar” as greves de bancários e Correios. Finalmente foi com a movimentação dos bancários, que chegaram cedo ao prédio Central e bloqueou as portas, que teve início o piquete que se transformou na principal atividade do dia.
No entanto, era um piquete com hora para acabar. Desde o início os bancários avisaram que garantiriam o pessoal na atividade dos Correios até uma parte da manhã, no máximo 9h, quando teriam de sair para “organizar a sua própria greve”. A saída programada explica o porquê de o Sintect-DF, sem nenhuma discussão com a categoria para organizar o próprio piquete, ter chamado a concentração no Ed. Sede para às 7h da manhã com previsão de iniciar a assembléia às 8h. Assembléia de segundo a presidenta do sindicato Amanda, do PCdoB, seria “uma assembléia conjunta com os bancários”,
A intenção era que o pessoal se reunisse cedo, ouvisse as falações da tal assembléia conjunta e depois dispersasse. Afinal o piquete já teria sido desfeito e tudo voltaria ao normal, com o setor administrativo subindo para o trabalho e o setor operacional dispensado da assembléia. O golpe estava tão armado que a Amanda do PCdoB teve a pachorra de chamar para falar no ato a deputada federal privatizadora Érika Kokay. A deputada pelo PT-DF há pouco mais de um mês votou a favor da Medida Provisória (MP) 532, que privatiza os Correios. Aliás, ela e toda a bancada de parlamentares do PT e do PCdoB, sem exceção, votou a favor da entrega desse grande patrimônio nacional que é a Empresa de Correios e Telégrafos.
Mas nem tudo saiu como planejado. A grande maioria do pessoal que trabalha no Ed. Sede da empresa viu no piquete uma oportunidade de participar ao menos por um dia da paralisação. Com isso, alguns foram embora, mas muitos ficaram para acompanhar o ato e a manifestação, junto com os demais trabalhadores do setor operacional.
Além disso, e principalmente, antes que os bancários saíssem, os trabalhadores dos Correios de Minas Gerais chegaram para o ato nacional e foram tomando seus lugares no piquete e motivando a greve entre o pessoal do setor administrativo. Esses trabalhadores inclusive denunciaram a presença da deputada e o cinismo do Sintect-DF de levar uma traidora da categoria para falar no ato. À medida que os demais participantes do ato foram chegando o piquete foi sendo engrossado.
O piquete era para ser uma paralisação temporária, para marcar presença. Tanto que, na medida em que a coisa ia aumentando de proporção os membros da burocracia sindical que estavam no piquete para aparecer na foto como grandes lutadores, foram saindo de mansinho. Porque com a chegada da delegação trazida pelo Sintect-MG, dirigido pela Corrente Sindical Nacional Ecetistas em Luta, o golpe não deu certo.
Do mesmo modo que a tentativa de colocar os trabalhadores do Distrito Federal contra as delegações de outros estados não deu certo e a manobra ainda se voltou contra a diretoria de Brasília. O piquete não apenas foi mantido, como se tornou a atividade central do ato nacional convocado há mais de uma semana por Ecetistas em Luta paralisando por toda a parte da manhã completamente o principal prédio da administração dos correios, onde fica a direção da empresa, impedindo totalmente o seu funcionamento. É preciso registrar toda a atividade só foi possível pelo grande apoio e adesão dos trabalhadores do Distrito Federal juntamente com as delegações que vieram de S. Paulo, Minas Gerais, Campinas etc. que cerraram fileiras e garantiram a firmeza da ação.
O verdadeiro encantamento dos trabalhadores de base do Distrito Federal com a mobilização desta quinta-feira promovida isoladamente pela corrente Ecetistas em Luta, assim como aconteceu com os atos de terça, dia 19, e quarta-feira, dia 20 da semana anterior, é explicado pela completa ausência de qualquer ação mais organizada da greve pela diretoria e pela oposição amiga (PSTU-Conlutas) do Sintect-DF. Antes desses atos nacionais, nenhuma única atividade ampla de greve havia sido realizada pelo sindicato que está na capital do país e por isso mesmo tem importância singular. A fala de um OTT (Operador de Triagem e Transbordo) de um importante complexo operacional de Brasília resume todo o problema: “em dez anos trabalhando nos Correios em Brasília eu nunca tinha visto um piquete, e muito menos uma mobilização como esta”.
Com a manutenção do piquete diversos trabalhadores do setor administrativo que até agora não tinham participado do movimento aderiram à paralisação. O movimento era grande e representou a unidade não apenas de trabalhadores ecetistas de diferentes estados, como também de diferentes setores da empresa, unificando inclusive trabalhadores do setor operacional e administrativo.
Ainda assim a importância do ato está apenas no fato de ter elevado o moral dos trabalhadores para continuar uma greve que já dura mais de duas semanas. Ela teve resultados concretos. Primeiro porque o piquete impediu que trabalhadores de setores chaves executassem tarefas cotidianas que garantem o funcionamento de diversos sistemas fundamentais para a empresa. Por exemplo, durante todo o período da manhã o Banco Postal esteve simplesmente fora do ar. E não apenas esse, mas outros sistemas também deixaram de funcionar. Ou seja, mesmo naqueles lugares onde o gerente abriu a agência para atender um cliente do Banco do Brasil que procurou um Correio aberto porque os Bancários também estão em greve, não pôde realizar o atendimento, porque o sistema estava fora do ar. A manutenção dessa situação, aliada à paralisação ampla dos setores operacionais, colocaria a empresa contra a parede. Muito mais eficiente que qualquer debate, ou rebaixamento de pauta como tentou fazer o Comando. Seria um golpe de força muito grande dos trabalhadores em seu movimento de luta.
Esse fato mostrou a importância da realização do ato em Brasíia: colocar pressão direta sobre a direção da empresa e o governo. Este fato se deu apesar da luta do PCdoB e PT contra o ato e do restante do Bando dos Quatro (PSTU) seguir completamente a reboque desta política.
Mas, como não poderia deixar de ser, toda essa disposição de luta, e possibilidade de ganhar terreno na negociação com a empresa e o governo em favor de todos os 110 mil trabalhadores não foi muito bem recebida pela burocracia sindical do Bando dos Quatro.

O golpe para acabar com o piquete, e com o ato

Diante da gigantesca proporção do ato, a presidenta do Sintect-DF, Amanda do PCdoB, ao lado do presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores da ECT (Fentect), o José Rivaldo, vulgo Talebã do PT, tratou de arrumar logo uma manobra para garantir que a ação enfraquecesse e os trabalhadores do setor administrativo voltassem a trabalhar. Esse era o acordo, como ela assumiu posteriormente.
Com o acirramento dos ânimos quando dirigentes da empresa chegaram e não conseguiram entrar a polícia militar foi acionada e o golpe foi sendo costurado. O curioso é que até o momento em que as demais delegações de Minas, São Paulo capital, Campinas chegassem ao ato, nenhum único policial foi visto nas redondezas. Provavelmente porque até então tudo estava sob controle.... da burocracia sindical.
Amanda tentou entrar para negociar a portas fechadas  com a polícia e a empresa e foi impedida pelos trabalhadores do próprio sindicato do qual é dirigente. Dizendo que era preciso ser “responsável, pois a polícia podia agredir trabalhadores”. Nesse momento intervenções começaram a ser feitas no carro de som. Mais uma vez tentando indispor os trabalhadores de Brasília contra as outras delegações, principalmente contra os companheiros da corrente Ecetistas em Luta, que tiveram de garantir um carro de som próprio para ter direito de fala no ato e tentar impedir o golpe contra a ação direta da categoria.
Os trabalhadores no piquete disseram que apenas entraria no prédio o Comando para negociar uma proposta de verdade da empresa e não a mesma proposta miserável e a velha negociação dos dias parados, como se a greve fosse para impedir as retaliações da empresa e não a defesa de reajuste salarial e contra a privatização.
No entanto, a diretoria do Sintect-DF já tinha feito um acordo com a presidência da empresa e fez toda uma operação para pôr fim ao piquete, trair o movimento e garantir a volta ao trabalhadores dos técnicos e trabalhadores de nível superior que ficam no Ed. Sede.
Os trabalhadores de Brasília não são bobos e entenderam que foi uma traição do sindicato. Uma manobra para enfraquecer o movimento, e tentar criar um clima de medo e terror na categoria.
Por isso, diversos ecetistas tanto do Ed. Sede quanto carteiros, OTTs, atendentes etc. concordaram com a proposta defendida pela Corrente Ecetistas em Luta através do sindicato de Minas Gerais e apoiaram que o piquete deveria continuar.
Diante desse fato, Amanda de maneira autoritária e ditatorial disse que o acordo estava feito e as portas seriam abertas. Nesse momento, que já passava das 13h, o resto da direção do sindicato começou a distribuir as marmitas para o pessoal que estava até aquele momento sem refeição. A ação foi coordenada para trair o movimento. Enquanto ela falava no microfone os policiais se posicionaram, os diretores da empresa se dirigiram às portas e na direção contrária as marmitas eram distribuídas. Por questão de minutos a polícia militar empurrou os trabalhadores que se mantiveram no piquete, e era possível ver entrar no prédio a diretoria da empresa.
Com o fim do piquete o movimento foi se dispersando e pouco tempo depois ela colocou em votação a continuidade da greve, encerrou a atividade e chamou nova assembléia para sexta-feira, dia 30, 9h da manhã, ou seja, para depois do horário de entrada dos funcionários.
A manobra consiste em desarticular os trabalhadores, após toda agitação e animação da quinta-feira. Não só isso. Amanda do PCdoB chamou os trabalhadores para virem para o Ed. Sede depois do horário de entrada dos funcionários que começam a entrar 7h da manhã. Justamente para impedir que outro piquete aconteça, tamanho o medo da burocracia sindical e da direção da empresa com a mobilização da categoria.
Os acontecimentos desta quinta-feira, dia 29, inclusive o apoio dos trabalhadores do DF ao movimento e os elogios rasgados à vinda de delegações para pressionar o governo demonstram o acerto da política de se reunir nacionalmente em Brasília, onde está reunido o poder de comando da empresa e do governo. Tanto que até a empresa teve de chamar o Comando de Negociação para uma reunião, tamanha importância da mobilização.
O sucesso da atividade forçou o Bando dos Quatro a chamar um ato nacional para a próxima terça-feira, dia 4 de outubro. Mas ninguém sabe o golpe que pode estar sendo tramado até lá. A corrente Ecetistas em Luta convoca a todos para este ato como forma de aumentar a pressão sobre a direção da ECT. Vamos cobrar o compromisso do Bando dos Quatro que já anunciou a realização do ato.
Para garantir uma vitória final, com a conquista das reivindicações da categoria, é preciso ampliar essa luta e fazer atos ainda maiores. É preciso ainda superar as direções traidoras que fazem acordo com a empresa nas costas dos trabalhadores.
A tarefa do momento é ampliar a mobilização e garantir ao menos um grande ato em Brasília, com piquetes de greve fechando a empresa num ato unificado de toda a categoria que aumente a pressão dos trabalhadores sobre a empresa.

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